Edithe Rosa

Edithe Rosa – Foto José Ailson (Um Zé)

“Não deixe que ninguém tire seus motivos, e roube seus sonhos”, com a frase dita pela da atriz Edithe Rosa abrimos esse texto. Sim, Edithe sonhou, mas acima de tudo, realizou. Sempre muito decidida e disciplinada, trilhou um caminho árduo até chegar ao estrelato. Saiu de um povoado no interior do Estado do Piauí, trabalhou como doméstica e costureira, e enfrentou muitas dificuldades até finalmente conquistar os palcos dos teatros e o reconhecimento de crítica e público. São mais de 20 anos de ofício. No currículo da atriz já constam mais de uma dezena de espetáculos teatrais, entre os quais destacam-se “Ulisses entre o amor e a morte” e “República dos desvalidos”, trabalhos pelos quais ganhou prêmios de melhor atriz coadjuvante. E ainda o icônico “Apareceu a margarida”, que a levou a realizar algo inédito, foi a primeira teresinense a ganhar o troféu de melhor atriz do Concurso Nacional de Monólogos Ana Maria Rêgo, na edição de 2013. Já realizou também alguns trabalhos de destaque no cinema, como “Mocambinho: o filme”, “Todo mundo mora no Dirceu” e “Flor de Abril”. Incansável, Edithe não planeja parar. “Como atriz eu quero fazer cada vez melhor. Eu quero chegar o mais longe que eu puder”, declara.

“Como atriz eu quero fazer cada vez melhor. Eu quero chegar o mais longe que eu puder.” Edithe Rosa

Nome Completo: Edithe Rosa

Descrição: Atriz

Data de Nascimento: 02/03

Local de Nascimento: Piauí

O sonho de ser atriz

Filha de Chico Rosa e Francisca Maria, ambos lavradores, Edithe soube desde cedo o que era responsabilidade. Começou a ir para as matas quebrar coco aos 7 anos de idade, junto com a mãe e suas irmãs. Essa poderia ter sido só mais uma história de uma menina sonhadora do interior, mas em um certo dia tudo isso mudou, quando um casal de manipuladores de fantoches se hospedou em sua casa. Edithe logo tratou de fazer amizade com o casal, pois ficou encantada com a forma como eles davam vida aos bonecos. A menina havia descoberto algo novo. Percebeu que o mundo não se limitava ao pequeno povoado onde morava, e por isso aceitou fugir com o casal de manipuladores de bonecos, fuga que não foi bem sucedida. Depois disso, a menina não parou mais de sonhar, e nem de tentar fugir. Tentou por mais duas vezes. Em uma dessas vezes, tentou fugir com o circo, plano falho. Na outra, tentou fugir de ônibus para a capital piauiense, falhou novamente. Cada uma dessas buscas por liberdade eram, segundo Edithe, o chamado para ser atriz. A cada vez que a menina folheava uma revista com atrizes famosas, alimentava ainda mais seu sonho. Afirmava para si mesma que um dia seria como as mulheres das revistas, seria uma atriz.

Um sonho adormecido

Foi aos 12 anos de idade, após passar um pequeno período em Teresina, que a atriz Edithe Rosa concluiu definitivamente que o ambiente interiorano não lhe satisfazia. A atriz se encantou com a cidade e todos os seus atrativos, sentia um chamado por aquele lugar. Ainda quebrando coco nas matas, com um baixo grau de escolaridade, e com uma vontade latente de ter liberdade para realizar seus sonhos, Edithe precisou convencer os pais de que ali não era seu lugar. Contando com a ajuda de sua mãe, dona Francisca Maria, a menina conseguiu autorização do pai para morar em Teresina. Aos 13 anos de idade a menina chegou a capital piauiense. Trabalhou como empregada doméstica durante um bom tempo, casou-se aos 14 anos de idade, e teve três filhos dessa união. Separou-se aos 21 anos. Começou a trabalhar numa fábrica de roupas, até que conseguiu juntar dinheiro para abrir seu ateliê, que mantém até hoje. Nesse meio tempo teve outro companheiro com quem viveu durante 11 anos de sua vida. Nessas tantas idas e vindas da vida, o sonho de Edithe estava adormecido, mas não morto. A atriz não sabia por onde começar a correr atrás daquilo que queria, até que um dia um anúncio na televisão mudou tudo isso.

Um sonho concretizado

Em um dia de trabalho qualquer no seu ateliê, envolvida entre panos, tesouras e sua máquina de costura a atriz Edithe Rosa viu o anúncio que mudaria sua vida para sempre. Na tela da tv estava a atriz Carmen Lúcia anunciando uma oficina de teatro para pessoas da terceira idade, e mesmo não se encaixando no perfil procurado, Edithe largou tudo o que estava fazendo e correu para se inscrever na oficina. O ano era 1997, e na oficina ministrada por Carmem Lúcia, Edithe se destacou, e logo foi indicada para realizar oficinas com a diretora Lorena Campelo. Atriz iniciante fez diversas oficinas com Lorena, e não demorou muito para ser convidada a interpretar um dos personagens principais na peça “O auto do corisco”, do Grupo Raízes de Teatro. Edithe tem muito orgulho desse primeiro trabalho realizado quando tinha 30 anos de idade. Na peça, ela interpretava uma índia, e como tal precisou ficar seminua, mas disse não se importar. “Era o que eu queria. Já era do sangue.”, afirma. A partir daí não importava se o papel era grande ou pequeno, Edithe queria mesmo era o prazeroso desafio de contar histórias, e é assim até hoje.

“Se você realmente quer fazer porque gosta, tem mais é que ir em frente, não desistir jamais. Lutar pelos seus sonhos, seus ideais.” Edithe Rosa

O prazer em atuar

Nesses mais de 20 anos exercendo a profissão de atriz, Edithe Rosa já fez um pouco de tudo. No teatro interpretou diversos papéis marcantes. Com “Ulisses entre o amor e a morte” (2007) Edithe ganhou o troféu de melhor atriz coadjuvante no Festival de Teatro de Teresina. Em 2013, viveu a tirana Dona Margarida em “Apareceu a margarida”, sob direção de Avelar Amorim. Com um trabalho bem executado, esse espetáculo foi a responsável por garantir a Edithe um feito histórico. Em Toda a história do Concurso Nacional de Monólogos Ana Maria Rêgo, foi a primeira piauiense a ser premiada com o título de melhor atriz. “República dos desvalidos” (2015) também rendeu a Edithe o prêmio de melhor atriz coadjuvante no 4º Festival Nacional de Teatro de Floriano. No cinema Edithe fez alguns trabalhos como bastante conhecidos como “Corpúsculo”, 2010, “Mocambinho: o filme” (2011), “Flor de Abril” e “Todo mundo mora no Dirceu” (2015). A atriz ainda está disposta a encarar muitos desafios, e tem como prioridade o desejo de atuar em novelas ou em séries de tv.

Os obstáculos enfrentados

Edithe é muito questionada por ser atriz. Mas se hoje ainda é difícil fazer com que as pessoas entendam sua profissão, antigamente era bem pior, segundo ela. Eram muitas críticas dos vizinhos que não entendiam o porquê de Edithe trabalhar com artes cênicas. A atriz nunca ligou para as críticas. E olha que não foi nada fácil a tripla jornada da mulher que precisava costurar dia e noite em seu ateliê, cuidar dos filhos, pagar as contas sozinha durante um bom tempo, e ainda ter pique para ensaiar as noites junto com o grupo de teatro. Ainda assim, Edithe encontrou forças e conseguiu vencer todas as dificuldades e levar adiante o seu sonho. Para Edithe, a principal barreira para o desenvolvimento do trabalho de atriz no Piauí é a falta de investimento na cultura de um modo geral, pois isso dificulta o envolvimento integral do artista com o trabalho de preparação de um espetáculo, por exemplo. Mesmo com esses entraves, Edithe dá um conselho a quem quer seguir essa profissão. “Se você realmente quer fazer porque gosta, tem mais é que ir em frente, não desistir jamais. Lutar pelos seus sonhos, seus ideais.”

Persistir sempre

A história de vida da atriz Edithe Rosa daria um filme, e dos bons. É exemplo para uma geração de novos atores. Ela persiste no seu ofício, acreditando firmemente na sua função maior de fazer rir ou chorar, passar sua mensagem, e fazer bem cada trabalho a que se propõe. “Nós somos contadores de histórias. Histórias alegres, dramáticas. E tem que fazer bem feito. Seja lá o que for fazer, tem que fazer bem feito”, declara. Suas maiores referências são Fernanda Montenegro, Regina Duarte e Aracy Balabanian, e localmente admira, entre outras, o trabalho de Lari Salles, Silmara Silva e Lorena Campelo. Fazendo, e fazendo bem feito, a atriz retorna aos palcos brevemente com o espetáculo “República dos desvalidos” do Grupo de Teatro Pesquisa (Grutepe) e estreará “Gaiola Vermelha”, trabalho do Grupo Mosay de Teatro. Para o ano que vem está prevista sua participação em um novo projeto cinematográfico. É com essa garra por fazer mais que Edithe deixa sua última lição. “Não deixar que ninguém tire seus motivos, e roube seus sonhos”, declara.

Contatos

http://facebook.com/edithe.rosa.98

Fotos

Espetáculos

“Ulisses entre o amor e a morte” (2007);

“Apareceu a margarida” (2013);

“República dos desvalidos” (2015).

Filmes

 “Corpúsculo” (2010);

“Mocambinho: o filme” (2011);

“Flor de Abril” (2015);

“Todo mundo mora no Dirceu” (2015).

Outras fontes

http://piauiestudio.blogspot.com.br/2012/08/relacoes-intimas-com-o-teatro.html

http://manekonascimento.blogspot.com.br/2013/08/a-flor-rompeu-de-assalto.html

Última atualização: 26/03/2017

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

 

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