Relembrando “Exercício Sobre Medéia”, de Silmara Silva

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“‘Ninguém vai sambar na minha caveira/ Não sou das que gozam co’a submissão’.  Esses versos da peça Gota d’Água de Chico Buarque e Paulo Pontes dão início ao solo da atriz Silmara Silva com o título “Exercício Sobre Medéia”,  novo espetáculo do Coletivo “Piauhy Estúdio das Artes”, com direção de Adriano Abreu livremente inspirado na   tragédia grega “Medeia” de Eurípides, datada de 431 a.C.  O solo desenvolve-se durante trinta minutos em seis fragmentos, onde, através de processo de bricolangem de vários textos(Cecília Meireles, Chico Buarque e Paulo Pontes, Ritual de Invocação de Hécate e Silmara Silva)  e ações cênicas que trabalham verdadeiros escritos visuais, os artistas criaram uma narrativa única, que vai de encontro a perspectiva de um teatro mitopoético, com enorme qualidade estética, técnica, conceitual que notabiliza os trabalhos do coletivo.
“Exercício Sobre Medéia” reconta a história da mulher- mãe-feiticeira, traída pelo marido Jasão, que num ato premeditado de vingança contra a infidelidade do marido, humilhação do Rei (pai da noiva de Jasão) e de toda a sociedade de Corinto, assassina sua rival e os próprios filhos. O espetáculo consumiu um ano de ensaios e pesquisas para ser montado, toda concepção cênica e estética é de Adriano Abreu e Silmara Silva, com reforço da iluminação de Pablo Gomes, fotos de Ana Cândida Carvalho, vídeo de Francisvaldo Sousa, apoio artístico e técnico de David Santos e demais membros do Piauhy Estúdio das Artes.”
Trecho do monólogo:

“Por que o amor foi na minha vida, uma guerra inteira? Eu lhes respondo, que amor devastador foi esse. Não! não estou contra as ondas do mar, mas assumo, estou aqui para testar meus limites. Acusem-me do que quiserem, feiticeira, bárbara, passional, que elevou sua paixão as últimas consequências, passou por cima da sua existência, amordaçou a sua prole. Quando confessei a face oposta para esse amor, para esses tiranos, mostrei a todos um ser divino vingativo, expositor de uma ira sem freios. Fui selvagem, dissimulei, humilhada pela postura do meu marido. Jasão destruidor, causador da minha implosão, vomitada violentamente para o mundo, em forma de fogo, ciúmes, rejeição, morte.  Ao povo de Corinto, jorrei rios de ódio, gritei toda força e verdade de mulher, ameacei todos com meu jogo. Minha grande dor foram esses abutres, os causadores, terror, repulsa e vingança. Jasão, arrependa-se de todos os males causado a mim e aos nossos filhos!  Foste o maior protagonista sanguinário dessa história. Covardemente conduziu-me, pediu e implorou esse mar de fúria.  Ninguém enxerga, de todas as criaturas viventes, que ama, sofre, mata, nós mulheres, somos as mais sofredoras. E eu, Medéia, só executei o alívio do meu sofrimento.

Os Deuses me protejam.”

Medéia – Corinto

Por  Silmara Silva

 

Ficha Técnica
Atuante: Silmara Silva
Direção: Adriano Abreu
Iluminação: Pablo Gomes
Foto: Ana Cândida Carvalho
Vídeo e Produção de VT: Francisvaldo Sousa
OFF: Christhian Sousa
Make UP: Dackson Mikael

Textos: Chico Buarque / Paulo Pontes / Cecília Meirelles / Silmara Silva

Fonte: http://exerciciosobremedeia.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-11-16T17:31:00-08:00&max-results=7

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