Anathema, de Da Costa e Silva

ANATHEMA

Persigam-te as prisões fortes do meu ciúme

—Invisíveis grilhões de desejo e de zelo:

Prendam-te as mãos, os pés, as ondas do cabello,

O olhar, o hálito, a voz e o que em ti se resume.

Vibre o som desse andar, vague o doce perfume

Dessa carne pagã, causa do meu desvelo,

Mando que te acompanhe o eterno pesadelo

Deste amor que ainda mais temo em dor se avolume.

Ronda-te o meu olhar, como o olhar de um morcego

Varando o brumo véo de uma noite de crime,

Prescrutando, a seguir-te —onde chegas eu chego.

Foges? Em vão fugir —o ciúme priva a fuga…

E esse amor que te busca e te cerca e te opprime,

É o mesmo que me afflige, acobarda e subjuga.

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