O olhar do cineasta Alan Sampaio

Alan Sampaio nasceu em Brasília e mudou-se para Teresina com três anos de idade. Ele era cineasta e começou a produzir filmes em VHS, em 1998, com os amigos do bairro. A paixão pelo cinema, nutrida desde a infância, só cresceu à medida que o cineasta se aprofundava no assunto. Posteriormente, aos dezoito anos de idade, foi aprimorando os estudos e começou a produzir curtas mais complexos. Foi nesse período que ele participou dos festivais e das mostras de cinema em Teresina. Em 2004, ganhou o prêmio de melhor documentário na mostra nacional de imagem e som, no Oitavo Congresso Folkcomunicação, realizado em Teresina. Alan Sampaio era sócio-fundador da ABD-PI (Associação Brasileira de Documentaristas do Piauí) e já contava com 12 filmes realizados no Piauí, sendo 3 documentários, 8 filmes de ficção, tais como: “Alguns são Assim”, “Cine Rex e Nós”, “Um Homem sem uma Câmera” e um longa-metragem experimental sobre a cidade de Teresina, intitulado “Cinestesia em Teresina”, lançado em 2006, no Teatro João Paulo II. Além disso, foi coordenador da oficina “A formação do olhar cinematográfico”, com aulas gratuitas para jovens e adultos no Teatro do Boi e foi um dos coordenadores do Festival de Filmes de 60 Segundos, que teve a primeira edição em 2007. Alan faleceu no dia 26 de dezembro de 2007.

Completo: Alan de Carvalho Sampaio

Descrição: Cineasta

Data de Nascimento: 30/10/1984

Local de Nascimento: Brasília

Data de Falecimento: 26/12/2007

Local de Falecimento: Camocim-CE

Perfil escrito pela Geleia Total
Escrito por:
 Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

Paixão pelo cinema

Alan Sampaio teve uma paixão precoce pelo cinema, e essa atração pela sétima arte começou aos dez anos de idade. Segundo a produtora executiva e amiga do cineasta, Fátima Guimarães, Alan Sampaio sempre contou que o Cine Rex teve uma forte influência na formação de muita gente, pois lá era um local não só de encontro para os cinéfilos, mas um lugar onde muitos jovens socializavam e passavam a tarde assistindo a filmes de várias sessões diferentes. Posteriormente, Alan Sampaio ganhou uma câmera filmadora e pôde aliar a paixão que já tinha pelo cinema às experimentações com a câmera. E esse fascínio e curiosidade começou a ganhar corpo na adolescência, quando o jovem começou a materializar as ideias produzindo vídeos em VHS com os amigos do bairro. A busca pelo audiovisual levou Alan Sampaio a ingressar no curso de Jornalismo, no Centro de Ensino Unificado de Teresina (CEUT), buscando uma trajetória que pudesse dar o suporte necessário para se aprimorar na área de interesse.

Um agregador de forças

Alan Sampaio foi sócio-fundador da ABD-PI (Associação Brasileira de Documentaristas do Piauí) e estava à frente do movimento Kitupira, que foi idealizado pelo cineasta, mas devido à sua morte não foi concretizado. Nutrido pelo desejo de mudar o cenário do audiovisual e unir os interessados por essa área, Alan Sampaio coordenou a oficina “A formação do olhar cinematográfico”. A oficina consistia em aulas gratuitas para jovens e adultos, ministradas no Teatro do Boi, e tinha como objetivo a formação de espectadores mais críticos, ou seja, que pudessem compreender tecnicamente o cinema, possibilitando o surgimento de interessados na área. A partir dessa experiência, surgiram viagens aos municípios piauienses com a produção de curtas-metragens, feitos juntos dos participantes do projeto. Além disso, Alan Sampaio foi coordenador do Festival de Filmes de 60 Segundos, que teve a primeira edição em 2007 e tentou não só unir os artistas, mas movimentar o cenário do audiovisual no Piauí.

 Algumas obras

Entre as obras criadas pelo cineasta Alan Sampaio, é importante destacar o filme de 19min “Alguns são Assim” (2005), uma ficção que tem a direção e o roteiro assinado pelo cineasta e trata de pequenas situações vividas por dois amigos que se conhecem desde a infância e pertencem a níveis sociais diferentes. Uma diferença que não aparta, mas problematiza esses conflitos de cultura e tradição. Além desse trabalho, Alan Sampaio dirigiu o documentário “Os pagadores de promessa”, que tem dezessete minutos e faz um panorama da religiosidade popular na cidade de Teresina, segundo a perspectiva de três pesquisadores que estudam o ato de pagar promessas. Com o filme Alan Sampaio conquistou o prêmio de melhor documentário na mostra nacional de imagem e som, no 8º Congresso de Folkcomunicação realizado em Teresina. Esses são alguns dos filmes que demonstram um pouco do olhar inquieto e sensível do cineasta.

O Cine Rex

O curta “Cine Rex e Nós” (2005), de doze minutos, com roteiro e direção de Alan Sampaio, aborda a relação do cineasta com o espaço responsável pelo entretenimento de muita gente durante várias décadas. Inaugurado em 1939, o espaço foi um lugar importante para a cena cultural da cidade e ajudou a inspirar muitos artistas nos sessenta e cinco anos de funcionamento. Depois de decretada a falência, em 2005, o espaço foi transformado em casa de shows, mas não durou muito tempo. O curta de Alan Sampaio demonstra essa paixão nostálgica e saudosista pela sala de cinema de Teresina e, segundo a ABD-PI, é uma produção independente feita pelas produtoras Jef Fimes e Darma Filmes nos moldes do cinema-novo brasileiro, da nouvelle vague francesa e do cinema em Super-8 do Piauí da década de setenta. O lançamento do curta aconteceu em frente ao Cine Rex e foi dedicado ao pai, Ivan Sampaio, que, segundo o cineasta, foi a pessoa que abriu seus olhos para a sétima arte no Cine Rex.

Um homem sem uma câmera

O curta “Um homem sem uma câmera”, dirigido por Alan Sampaio, mostra a história de um homem nutrido pela paixão do cinema tentando construir o seu primeiro filme e que sempre encontra uma barreira no caminho para a concretização desse sonho. A trajetória entre a filmagem e o esforço para filmar com o mínimo de recursos, com a câmera emprestada, mostram os percalços enfrentados pelo cineasta. Além disso, é uma forma de expor algumas das suas próprias angústias e reflexões. O filme se passa em Teresina e discute o processo de criação cinematográfica de um diretor de cinema, assim como demonstra a potência que há no mundo por trás da câmera e como é possível reinventar a realidade através da lente do cinema. O curta de 2007 foi resultado do seu trabalho de conclusão de curso e demonstrou essa preocupação com o cinema e a criatividade de um cineasta inquieto e, como diz Fátima Guimarães, Alan Sampaio foi um agregador de forças e de conhecimento.

A contribuição para o audiovisual

Alan Sampaio marcou o cenário do audiovisual no Piauí e deu uma importante contribuição, dentre outras, para a ABD-PI (Associação Brasileira de Documentaristas do Piauí) como sócio-fundador. Seu desejo pela mudança, pelo enriquecimento da cultura piauiense e pelo fortalecimento do audiovisual conquistou a todos. Seus filmes demonstraram bem essa maturidade e a sede pela criação. Alan Sampaio teve grande participação na implantação das políticas dos pontos de cultura dos municípios do Piauí, atuando com as oficinas de audiovisual ao lado de profissionais como Fred Maia, Roberto Sabóia, Monteiro Júnior, Zé Piau, entre outros. O cineasta inquieto e que vivenciou a sua arte inteiramente se tornou uma das referências do audiovisual no Piauí. “O Alan só se aquietava quando ele juntava todo mundo, ele ia atrás das pessoas, ele fazia questão de provocar e lhe tirar da sua zona de conforto”, afirma Fátima Guimarães.

Fotos

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Vídeo

 

Filmografia

“Alguns são Assim”;

“Cine Rex e Nós”;

“ Um Homem sem uma Câmera”.

Outras fontes

http://abdpiaui.blogspot.com/

http://krudu.blogspot.com/2010/06/cinema-no-piaui-bases-origem-e.html

https://pioi.wordpress.com/category/franklin-pires/

https://www.portalodia.com/noticias/geral/teatro-faz-homenagem-a-cineasta-piauiense-alan-sampaio-34296.html

http://www.ccom.pi.gov.br/materia.php?id=16422

http://www.portalentretextos.com.br/noticias/alan-sampaio-ou-o-fetichismo-da-camera,164.html

https://www.gp1.com.br/noticias/teatro-faz-homenagem-a-cineasta-do-piaui-21694.html

http://www.leg.ufpi.br/jornalismo/materias/index/mostrar/id/10347

https://www.humanasaude.com.br/noticias/cine-rex-critica-social-e-memorias-do-piaui-na-sala-de-video-do-salipi-2007,2381

http://abdpiaui.blogspot.com/2008/01/cinema-experimental-e-amador-do-piau.html

https://180graus.com/cultura/1-cine-cacos-apresenta-quotvida-e-obra-de-alan-sampaioquot-na-ufpi-307429

http://www.meionorte.com/noticias/mistura-de-musica-e-cinema-no-espaco-cultural-trilhos-32991

https://medium.com/@josribasdmnetto/eu-tenho-tristeza-mas-n%C3%A3o-uma-c%C3%A2mera-14f78b75f864

http://jornalismoufpi.blogspot.com/2016/11/o-dia-da-cultura-tem-programacao.html

 

Última atualização: 10/09/2018

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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2 comentários
  1. ????
    Perfeito. Ele merece!!
    Meu filho foi feliz ao lado de todos vocês, que amam o cinema brasileiro e o Piaui.
    Geleiatotal, parabéns por respeitar a memória de meu filho e dos demais que fazem o cinema Piauiense acontecer.

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