In tenebris, de Da Costa e Silva

Cego, tacteio em vão, num caminho indeciso…

Que é feito desse amor que tanto me entristece,

Que nasceu de um olhar, germinou num sorriso,

Que viveu num segredo e morreu numa prece?!

É um mysterio talvez; desvendal-o preciso.

A alma sincera e justa—odeia, não esquece…

Si essa a quem tanto quiz hoje me não conhece,

Morra a ventura vã que debalde idéaliso.

Ai! desse amor nasceu a dor que me subjuga:

A dor me fez verter a lagrima primeira,

E a lagrima, a brilhar, cava a primeira ruga…

Atra desillusão crava-me a garra adunca.

Cego de amor, em vão tacteio a vida inteira,

Buscando o amor feliz e esse amor não vem nunca.

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