Historiadora Hosana Tavares é empossada na Academia de História dos Municípios oriundos de Campo Maior-PI

Foto de Hosana Tavares. Ela está usando um chapéu branco, óculos escuros e uma camisa na cor roxa.

 

“(…) eu amo ser pesquisadora, amo pesquisar história da minha terra, o tema que mais uso na minha pesquisa é meu pedacinho de chão, pois amo o meu espaço, onde vivo (…)”, Hosana Tavares

Natural do Município de Miguel Alves a 113 km de Teresina, a historiadora Hosana Tavares (@htavares0905) será empossada na Academia de História dos Municípios oriundos de Campo Maior-PI neste sábado (23) durante tradicional solenidade na Câmara Municipal do Município de Miguel Alves. A historiadora é uma importante entusiasta educacional piauiense na sua região.

📍 Câmara Municipal, Av. Des. Simplício Mendes, 102, Miguel Alves – PI

🗓️ 23 de setembro de 2023

🕒 Às 9:30

Academia de História dos Municípios Oriundos de Campo Maior, é um projeto de lei nº65 no qual entrou em vigor em abril de 2022 com sede e foro na cidade de Campo Maior/PI, com o principal objetivo de estudar a história da região, tendo como abrangência os seguintes municípios: Alto Longá, Altos, Barras, Boa Hora, Boqueirão, Cabeceiras do Piauí, Campo Maior, Coivaras, Jatobá do Piauí, José de Freitas, Lagoa Alegre, Miguel Alves, Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora dos Remédios, Novo Santo Antônio, Pau d´arco, Porto, Sigefredo Pacheco, Teresina e União.

“Eu acredito nas historiadoras de hoje como também historiador, independente do sexo, porque a história do Brasil precisa ser recontada. Temos até hoje grandes lacunas deixadas pelos pesquisadores que nos antecederam, porque eles deixaram de escrever a história das pessoas que viviam a margem da sociedade. Como por exemplo, as pessoas escravizadas, então, o que temos sobre a história da escravidão do Brasil foi algo escrito, pelos seus opressores, nós não temos nada ou pouca coisa escrita sobre o viés de quem viveu ou de quem descende desse povo, e essas histórias precisam ser contadas, a história dos povos indígenas, das lutas, elas precisam ser contadas, sob uma nova perspectiva, sobre um novo olhar.

“Então, as pesquisadoras que estão adentrando esses espaços de pesquisa, elas tem que ser e ter um olhar sensível, sobre essas questões sociais, que foram esquecidas na historiografia do Brasil no Estados e Municípios em que habitamos, enfim é muito importante que as historiadoras que trabalham sobre esse viés, da nova história, tenha esse olhar sensível a essas histórias, que precisam ser contadas, recontadas, sob essa perspectiva de quem viveu, de quem tem vivências e pode relatar o que seus ancestrais, viveram”, disse.

Essa é mais uma conquista alcançada por uma mulher piauiense, que entrará para a lista junto de importantes imortais, Hosana Tavares acredita na continuidade da pesquisa como ferramenta da construção do conhecimento. Segundo a historiadora, o olhar feminino é primordial para a conquista de espaços muitas vezes disputados entre homens.

“Esses espaços que as mulheres estão conquistando, na área da pesquisa histórica, é de grande relevância, pois iremos juntas falar sobre essas questões sociais que ficaram sobre as nuvens, as entrelinhas da historiografia brasileira e a gente precisa adentrar esses espaços para dar uma nova visão e contar uma história de uma forma diferente sobre a vida social dessas pessoas, das mulheres que foram oprimidas sobre o julgo dos seus pais, depois de seus esposos, dos direitos que elas não tinham, então, falar sobre a vida da mulher oitocentista, falar sobre a vida da mulher no século XX, sobre os povos escravizados, os povos nativos.

“Precisamos fazer e nos juntar, não só mulheres como eu disse anteriormente mas também os homens que têm esse olhar, que gostam dessa história e que queiram contribuir para recontar a história, desses povos marginalizados no Brasil. E eu penso que, a importância da história nessas conquistas que a gente vem tendo é justamente para ter essa visão de recontar sobre o viés feminino com a sua sensibilidade com seu olhar de mulher, de mãe.

“Mesmo que muitas vezes a gente se frustre por algum momento, mas é importante a gente manter a nossa visão, a maneira de pensar, e recontar as histórias que foram contadas de cima para baixo como costumo dizer, nós temos que contar de acordo com a vida social e o recorte temporal que essas pessoas viveram e vivenciaram na história”, afirma Hosana.

Hosana Tavares ressalta sua felicidade em poder integrar a Academia de História dos Municípios, e fala de suas projeções sobre adentrar essa grande instituição que é a Academia de História:

“Primeiramente é uma honra muito grande fazer parte dessa Academia e segundo ocupar a cadeira 23, cadeira essa que pertence ao Patrono Padre Sampaio que foi um aguerrido na luta pela abolição da escravatura, isso já é uma grande responsabilidade. Entendo que como a acadêmica dessa cadeira eu tenho como missão difundir, a história do meu município, porque é um dos objetivos da Academia que seus municípios, façam, escrevam, produzam a história local, história da sua gente, história da política, do início, da fundação do município.

“E eu sempre tive em mente que nós temos essa obrigação para os nossos filhos, netos, e sou suspeita pra falar porque, eu amo ser pesquisadora, amo pesquisar história da minha terra, o tema que mais uso na minha pesquisa é meu pedacinho de chão, pois amo o meu espaço, onde vivo, essa minha intenção de escrever a história da minha cidade a partir da sua criação”, afirma.

Trazer a historicidade e as vivências originárias da cidade de Miguel Alves é um dos grandes objetivos de Hosana Tavares.

“Pesquiso desde o surgimento das primeiras fazendas, os primeiros povoados, tenho essa intenção de descrever esse período da história de Miguel Alves, da minha cidade. Essa é uma das principais obrigações que eu tenho, como pesquisadora, como historiadora dessa terra, porque até hoje não tem nada escrito sobre esse período, o que temos são fragmentos, relatos, sobre a emancipação do município em 1911. Nós temos relatos em pesquisas e fazendas aqui da região, ainda no final do século XXIII.

“Então, a minha aspiração como acadêmica da Academia de História dos Municípios Oriundos de Campo Maior a principal é escrever a história, da minha terra, desde o seu pequeno povoamento até chegar à emancipação, então essa é minha principal aspiração, como acadêmica, como pesquisadora e como historiadora”, disse.

Uma mulher forte, cheia de sonhos e projetos, que por meio da história, Hosana Tavares registra seu próprio legado, visando, compartilhá-lo com a sociedade.

“Tenho outras aspirações, claro, como ativista social, tenho outros projetos, voltado para a cultura, para literatura, mais como pesquisadora, como historiadora, a minha principal aspiração é escrever e deixar escrito, contribuindo assim, com o povo da minha terra que até hoje muitos não conhecem a sua própria história, da sua terra dos seus ancestrais, e isso precisa ser contado, ser registrado, para que as pessoas tomem conhecimento do surgimento do meu pedacinho de chão, Miguel Alves precisa ser mostrado para os seus filhos”, conclui.

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