Canto da Lavadeira do Rio, Álvaro Pacheco

Bate roupa, bate sol

bata fome, bate peitos

bate carne descarnada

na pedra, no coarador.

Precisa anil para a roupa

do patrão ficar branquinha

tinindo na estearina.

Bate a vida, a vida toda

bate a morte, a juventude

fica no rio, na pedra

se esgarça na correnteza

a pureza de menina

o sonho simples (de pobre)

os meninos espiando

ela só não vendo nada,

Precisa roupas, fiapos

um fiapinho de nada

pra chegar no céu enxuta.

Teresina, maio 1965

Sair da versão mobile