Aci Campelo: a grande referência da dramaturgia piauiense

O dramaturgo e professor Aci Campelo nasceu em Lago da Pedra no Estado do Maranhão, mas é radicado no Piauí há mais de 30 anos, instalando-se e criando residência na capital do estado. Graduado em Educação Artística – Artes Cênicas e Pós Graduado e História Sociocultural pela Universidade Federal do Piauí. Foi diretor de teatro e é um dos pesquisadores de teatro de maior referência para as Artes Cênicas do teatro brasileiro de expressão piauiense. Entre as suas obras destacam-se O novo perfil do teatro piauiense de 1994”, “Dramaturgia Piauiense – Organização de 1997” e “História do Teatro Piauiense” editado em 2000. Aci Campelo é autor de mais de 20 textos teatrais, todos eles encenados e apresentando as características da cultura piauiense. Já ministrou muitas oficinas e cursos, participou de fóruns, seminários e congressos, além disso tem uma vasta experiência com trupes de teatro passando por grupos como Raízes de Teatro (atuando como diretor). O dramaturgo foi presidente da Federação de Teatro do Piauí, Presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Piauí, conselheiro do Conselho Estadual de Cultura, Diretor do Theatro 4 de Setembro e Presidente da associação dos Amigos do Museu do Piauí. Com um currículo vasto Aci Campelo é uma das maiores referências do teatro e das artes piauiense.

 

“O teatro me dá essa dimensão, esse encontro com o personagem que eu posso ver e que eu, como autor, posso modular. Eu sou o senhor do destino da personagem e esse destino é inexorável. Então, o teatro representa essas facetas do ser humano. Aci Campelo

Nome Completo: Francisco Ací Gomes Campelo

Descrição: Dramaturgo

Data de Nascimento: 05/09/1955

Local de Nascimento: Lago da Pedra-MA

Escrito por: Alisson Carvalho

A liberdade de criação

Aci Campelo nasceu em Lago da Pedra – MA, filho da dona Joana Campelo, que sempre incentivou os três filhos nas suas escolhas. Aci conta que uma das maiores lembranças foi ter crescido em um ambiente com um espírito de liberdade. A família já tinha uma rotina bem itinerante, pois viajavam constantemente, já que o pai era caminhoneiro, o que permitiu que a família conhecesse muitos lugares e acabasse morando em seis municípios diferentes antes de criar raízes em Teresina. Segundo Aci, foi graças à liberdade dada pelos pais que os irmãos puderam se desenvolver e buscar atividades nas quais se encaixavam. Além disso, a casa da família serviu como um ponto de encontro de artistas para ensaios, discussões e foi nesse ambiente que os irmãos Campelo cresceram.

 

 A paixão pela literatura

Da paixão pela leitura e pelo universo dos livros Aci Campelo enveredou pelo caminho das letras e isso o levou a se aprofundar na literatura usando a escrita como forma de expressão artística. Segundo o dramaturgo, esse início se deu por volta de 1975 quando ele participava de um grupo de poetas e contistas em Teresina composto por nomes como Afonso Lima, Domingo Bezerra e Menezes Morais, este possuía uma coluna no Jornal O Dia na qual servia como plataforma de divulgação do trabalho dos escritores. O grupo produziu muito e sempre que podiam se reuniam para debater sobre literatura piauiense. O primeiro conto publicado de Aci Campelo foi premiado em um concurso de contos em 1976 e, apesar de já ser próximo do universo das artes cênicas, devido a ligação dos irmãos (Lorena e Açaí Campelo) com o teatro, ele ainda possuía vínculos fortes com a literatura.

 

Entrando pela porta da frente do Theatro

Segundo Aci Campelo, seus irmãos Lorena Campelo e Açaí Campelo tiveram o primeiro contato que ele com as artes, pois estudaram no Centro de Pesquisas Interdisciplinares que era um celeiro de artistas. Os irmãos já estavam imersos no teatro, mas foi uma tragédia que fez com que Aci Campelo se aproximasse do grupo Raízes que tinha no elenco o ator Elzamo Sá. O grupo estava no processo de montagem de uma peça da Maria Clara Machado quando o ator Elzamo Sá foi assassinado no dia das mães e esse evento fez com que o grupo se desestruturasse, pois algumas pessoas foram presas para a investigação e outras saíram do grupo por exigência dos pais. Dessa evasão, só restaram três pessoas no grupo e uma dessas pessoas era Lorena Campelo, que convidou o irmão, Aci Campelo, para ser o diretor do grupo. Então, Aci Campelo fez a sua primeira peça de teatro que se chama Arribação, feita sob encomenda para os três atores. E o dramaturgo conta que teve a sorte de ser agraciado no Festival de Teatro do Piauí, organizado pela Federação de Teatro Amador, pois a sua peça se destacou dentre as dezesseis que foram apresentadas na mostra e foi uma das únicas que continuou a temporada. Isso foi um dos grandes motivadores para que ele continuasse escrevendo para o teatro. Arribação foi apresentada até 1979, participou de festivais e foi apresentada no Theatro 4 de Setembro.

“Eu acho que a escrita deve elevar o espírito, apontar para uma saída ou a perspectiva de saída.” Aci Campelo

 

O caderno de notas do dramaturgo

Aci Campelo escreveu peças como “Arribação” (1977), “Pau a Pau” (1978), “Chiquinha” (1979), “Os Salvados” (1908), “Elzano, Os Últimos Dias” (1986), “Soy Louco Por Ti” (1992), “A Menina e o Boizinho” (1994), entre outras. Aci Campelo vivenciou um período de intensa produção teatral que ele atribui ao contexto da época, pois eram poucas as opções de espaço no Piauí. Esse processo criativo do ator foi se transformando à medida que ele transitava da literatura para o teatro e a escrita ia ganhando novos contornos. Segundo o dramaturgo, ao montar uma peça ele procura discutir objetivos, características e detalhes da peça com os atores, pois há essa relação de sincronia com o grupo. Para o autor, é necessário conhecer minimamente a estrutura da obra, ter uma noção do começo, meio e fim. Além disso, o título das suas peças pode variar ao longo da montagem para melhor sintetizar o que a obra como um todo quer transmitir. Aci cita como exemplo a peça “Os Salvados”, na qual ele só finalizou a obra quando encontrou o título para o seu texto. O dramaturgo conta que escreve constantemente e suas criações possuem relação com as suas experiências, mesmo que de forma bem discreta.

 

A carpintaria do teatro

Para Aci Campelo a peça que ele tem um respeito e carinho grande se chama “O Auto do Corisco” de 1985, pois foi quando ele percebeu a profundidade do texto durante as viagens que fez com a montagem que circulou por vários estados brasileiros. Segundo Aci Campelo, em um festival de Minas Gerais ele observou a repercussão da peça. O texto conta uma história que tem como plano de fundo a história desde a criação do estado do Piauí. A direção foi assinada pelo diretor paraibano Everaldo Vasconcelos que residia em Teresina e que montou a comédia bem aceita em todos os lugares que percorreu. “Em O Auto do Corisco eu tive o entendimento da pesquisa e carpintaria teatral, pois tinha que atrair o público.” A outra peça que o dramaturgo destaca é “Os Salvados” que participou do Festival de Guaramiranga no Ceará e durante o debate promovido após a apresentação a peça recebeu muitos elogios. “Os Salvados” foi inspirada na vivência de Aci Campelo que quando criança viajava para Canindé e as imagens dessas lembranças ficaram na memória até que se transformaram no texto. A peça conta a história de um grupo que se dirigia à Canindé para pagar promessa, porém se envolve em um acidente restando apenas cinco pessoas (uma prostituta, um coronel, uma beata acompanhada do filho virgem e um assassino).

A angustia como combustível para a arte

Aci Campelo é o maior representante da dramaturgia piauiense, escreveu peças que marcam a história do teatro piauiense e tem atuado há muitos anos no sentido de articular e criar diálogo com grupos, atores e profissionais da área. Suas peças atravessam o tempo, falam de sentimentos universais e de particularidades que emocionam, desperta risos, prantos, inúmeros sentimentos por onde passam. Segundo o próprio dramaturgo, a angústia do homem é o tema que mais o sensibiliza e ele frisa que o texto teatral para ele deve apontar uma solução, deve mostrar uma saída, pois o público não pode sair do teatro angustiado. Aci Campelo completa dizendo que a peça só se concretiza no palco, ou seja, por mais ensaios somente quando é exposta é que a obra começa a ganhar vida e isso quer dizer que ela é uma arte que vai se aprimorando ao longo das apresentações, para ele é só no palco que é possível observar o que funciona, pois é necessário observar a perspectiva dos palcos.

Contatos

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http://acicampelo.blogspot.com/

Fotos

Vídeo

Textos teatrais

Arribação-Drama de Nossa Terra (1977);

Pau a Pau (1978);

Chiquinha (1979);

Os Salvados (1908);

Nas Pegadas de Meu Bumba (1981);

Mirida (1982);

Auto do Corisco (1983);

Elzano, Os Últimos Dias (1986);

Mamãe Não Vai Gostar;

Clube do Pipi (1990);

Tiradentes, Òpera da Liberdade (1992);

Auto da Estrela Guia

Soy Loco Por Ti

A Menina e o Boizinho (1994);

Amores Delicados;

Uma Estrela (1996);

A República da Cobra Grande (1997);

A Batalha do Jenipapo (1998);

Teresina, Rios e Mitos (2002);

Traquinagem (2005);

A Incrivel Pedra Fina (2006);

Branca de Neve e os Setecentos Anões (2008);

Livros

Nova Dramaturgia Piauiense-organização (1989);

O Novo Perfil do Teatro Piauiense (1994);

Dramaturgia Piauiense-organização (1997);

Soy Loco Por Ti (1997);

História do Teatro Piauiense (2000);

Teatro de Aci Campelo-Três Peças Didáticas (2005);

A Menina e o Boizinho (2007);

Arribação Drama de Nossa Terra;

Julio Romão da Silva, Entre o Formão e a Pena (2012);

Outras fontes

https://ojs.ufpi.br/index.php/contraponto/article/view/9533

https://cidadeverde.com/noticias/86679/aci-campelo-e-celebrado-em-festival-nacional-de-teatro

Última atualização: 14/12/2021

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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