O DJ e produtor piauiense Shivão acaba de lançar seu primeiro EP, “Ebó”, uma obra que une ancestralidade, eletrônica e resistência cultural nordestina. O projeto, fruto de uma colaboração entre artistas do Piauí, Maranhão e Pernambuco, já está disponível em todas as plataformas digitais e promete agitar a cena independente com um som que o próprio artista define como “techno macumba”.
“Minha trajetória como DJ começou lá atrás, nas primeiras raves do Piauí. Eu era frequentador, mas logo veio a vontade de me conectar com a música de outro jeito, de estar nos decks, de fazer parte da construção da cena. Em 2020, nasce o projeto Shivão, com a ideia de fomentar o cenário eletrônico local e levar o nome do Piauí adiante”, relembra o artista.
O título do EP tem origem nas práticas afro-brasileiras, carregando uma importante simbologia. “O Ebó veio desse meu contato com a ancestralidade. Por ser umbandista e candomblecista, esse trabalho é uma forma de me reconectar com quem eu sou. O ebó não é só um ritual — às vezes, é uma palavra, um gesto, um som. Esse EP é o meu próprio ebó, a minha forma de alimentar o meu eu e as pessoas ao meu redor”, explica.
Unindo percussões, batidas eletrônicas e espiritualidade, Shivão batizou seu estilo de tecno macumba.
“Se o funk tem a macumbinha, a gente trouxe isso pro techno. Meu som sempre teve muita percussão, muito batuque. É isso que me representa e que está bem presente em todo o EP.” Pontua.
“Ebó” nasceu de uma rede de artistas nordestinos que acreditam na força coletiva. O EP reúne nomes como MARCELO USB, que fortaleceu muito, Pesad1, Hayllander, Bumi.97 e Jhon Amaral, além da arte visual de @hud.me.
“O Marcelo e o Pezade são referências piauienses, cada um trazendo sua vivência e sonoridade. Já o Bumi, de Recife, soma nessa troca ancestral e tecnológica. Todos contribuíram pra mostrar o que têm de melhor para oferecer”, afirma Shivão.
O pernambucano Bumi, que também participa do projeto, reforça a ideia de que não há fronteiras entre o sagrado e o digital. “Na cultura africana, não existe separação entre magia e ciência. Os Odus já traziam criptografia antes do mundo digital. O que fazemos é dar uma nova roupagem aos nossos códigos, misturando o que é raiz com o que é tecnologia”, comenta. Shivão, afirma que “Modernizar o passado é uma forma de evoluir. A gente brinca com o antigo e o atual, resgata as referências dos nossos ancestrais e mostra que elas seguem vivas, pulsando. A resistência está na continuidade”, complementa.
Mais do que um lançamento musical, “Ebó” visa fomentar, divulgar a diversidade musical no Piauí e fora dele.
“O projeto busca mostrar que o Piauí também tem artistas potentes, capazes de representar o estado no cenário mundial. O Nordeste não se resume a um único gênero — a gente também produz techno, som underground, música de vanguarda. A ideia é expandir, quebrar bolhas e carregar essa bandeira com orgulho”, diz o DJ.
O Coletivo Pirão
Shivão também é um dos criadores do Coletivo Pirão, que une artistas do Piauí e do Maranhão.
“É um espaço pra somar, criar e fortalecer a cena local eletrônica independente. Queremos somar com a cena que está indo. Então, é isso que a gente busca”, disse.
O EP “Ebó” está disponível no Spotify, SoundCloud, Apple Music e YouTube. Para acompanhar os próximos passos da tour e novos lançamentos, basta seguir o artista no Instagram [@shivao].
