Ser e poder no cinema fala, sobretudo, de história, especificamente de um espaço em que o sujeito se torna o centro de uma ação contínua para criar, recontar e imaginar. Produzir e dirigir um filme exigem para além do estudo, tempo de preparo. Para Fafá Guimarães, o processo de se tornar produtora e diretora de cinema foi mero acaso generoso do tempo. Era o destino indo em contrapartida à realidade de uma jovem menina de comunidade nascida no Maranhão, em Codó, vindo ao Piauí já menina, e se tornando parte e corpo da tessitura deste Estado. Como a trajetória de Fafá Guimarães, o cinema também é mudança.
O percurso de Fafá é marcado por passagens pela TV Antares, TV Timon e pelo Governo do Piauí. Tem produções de filmes como Niéde, onde atuou como produtora criativa e de impacto e captadora de recursos. Além de produtora, também é radialista, atriz e foi sócio fundadora, presidente e vice-presidente da Associação Brasileira de Documentaristas do Piauí (ABD/PI) e do primeiro Ponto de Cultura de audiovisual no Brasil – ABD ANTARES.
Fafá Guimarães nos conta sobre a sua trajetória no audiovisual piauiense como produtora, desde o seu interesse pelo cinema até a criação do ABD-PI. Além disso, comenta sobre a sua jornada em um âmbito majoritariamente masculino em que: ‘‘para persistir em certos espaços, é necessário fincar o pé no chão’’.
Em 2025, sua passagem pelo Festival de Cannes foi realizada, segundo Fafá: ‘‘com o pé direito e o samba no corpo’’, Guimarães mostra a nova fase em que o cinema piauiense se encaminha, com agitação e novidades. Além disso, nesta nova fase de sua vida, ela está dirigindo o documentário ‘‘Histórias de Alice’’. Para o Geleia Total, nos relatou como foi realizado a escolha do documentário e os procedimentos que levaram a sua criação, ressaltando a necessidade de contar a história e a resistência das mulheres quebradeiras de coco babaçu, localizadas no Norte do Piauí.
No dia 15/7/2025, na praça de alimentação do CCE-CCHL (UFPI), Fafá Guimarães nos recebeu de braços abertos e sorriso no rosto. Com um álbum recheado de história, ela nos mostrou como o cinema é, em si, uma fotografia viva.

Geleia Total: Quem é Fafá Guimarães para os que não conhecem e que desejam conhecer mais?
Fafá Guimarães: É uma moça que saiu de uma comunidade com treze anos. Minha família se mudou para a cidade, minha mãe tinha uma ‘ruma’ de filhos para estudar. Em Teresina eu tive, não sei se sorte… de cair em boas mãos. A primeira foi do professor Campos (escola técnica Federal do Pi – hoje IFPI). Eu era uma moça rebelde, não gostava de assistir aula (risos). Eu estudava em uma escola técnica, esse professor pegou aquela turma de rebeldes e segundo ele: “eu vou ensinar vocês a gostar de ler”. Ele começou a colocar os clássicos brasileiros em nossas mãos, a gente sem entender nada, mas ele dizia: leiam. Não era castigo. A prova era baseada em nossa interpretação, seja ela qual for. Então, lemos muito Jorge Amado, começamos com este autor. O tempo passou, e este professor decidiu fazer um clube de redação, participamos de forma mais elaborada. E depois fizemos um grupo de teatro. Ele nos ensinou texto, roteiro, fotografia, cenário, figurino. Tudo o que você imagina. Alguns estudavam contabilidade, edificações e depois recebíamos diploma de atores e atrizes e técnicos de teatro, que não existia na escola técnica. Assim, fui caindo em boas mãos, de pessoas como Arimatéia Tito Filho que me ensinou a ir para a comunicação, sendo que não havia um curso voltado para isso no tempo. Eu ia toda tarde para a casa dele, ele me perguntava: “você quer trabalhar na comunicação? Pois você vai.”. Em 1986, eu fui estagiária da Fundação Antares/TV, passei seis meses no núcleo de produção de conteúdos. Até que a TV Timon me absolveu, já fui para a emissora como recepcionista e depois produtora.

Geleia Total: Aliás, Fafá, junto com Roberto Sabóia, Fred Maia, Alex Galvão, Alan Sampaio dentre outros, vocês foram responsáveis em construir a Associação Brasileira de Documentaristas (ABD-PI) no Piauí. Poderia nos contar um pouco da sua trajetória como produtora? Qual o papel do produtor no ramo cinematográfico?
Fafá Guimarães: Assim, o produtor é aquela pessoa que recebe o roteiro ou a missão do dia e executa. Tão tal que na ABD/PI, o primeiro presidente foi o Alex Galvão e fomos levando os projetos com muitas demandas. ‘‘Ah, vamos mudar a diretoria’’, daí a Fafá foi cotada para tesoureira. Então eu disse que nós iríamos fazer a gestão do fazer acontecer, “como assim?”. Foi quando eu entrei que já iniciamos as negociações com o Ministério da Cultura, também com outros ministérios, órgãos públicos para os cursos de audiovisual. O Roberto Sabóia em uma das reuniões chegou e disse: “houve o advento dos pontos de cultura e nós queremos um ponto de cultura de cinema/audiovisual”, disseram para ele: “não, não tem como”, “pois mostre”. E nós fizemos. Era uma turma que se reunia na casa do professor Fábio Nóbrega, perto da UFPI, ele era professor da instituição. Foi um processo de faz, rasga papel e escreve projeto. Quando chegou no Ministério, recebemos uma mensagem dizendo: “mas vocês não podem ditar e dizer que equipamento’’, porque vinha um kit multimídia, uma câmera pequena, um computador com o kit multimídia, “não, mas isso não faz cinema”, mas o Roberto incentivou a todos dizendo que iríamos conseguir, e foi assim que fizemos o primeiro projeto de cultura audiovisual do Brasil, que foi no Piauí: ponto de cultura (ABD-Antares). Quando nós enviamos, o Ministério procurou uma forma de adequar, fez uma negociação com uma empresa, a Sigma, e nós recebemos equipamento compatível. Logo depois as ABD’s se reuniram e fizemos um projeto junto com a presidente da época para ter um Núcleo de Produção Digital, que poderia ser gerenciado por um colegiado, onde receberia mais equipamentos para produzir conteúdos audiovisuais que vão para o cinema. Neste momento, nós já estávamos lutando pela regionalização, porque a linguagem era Rio de Janeiro, São Paulo e Sul-Sudeste. E no nordeste você via pouco, no máximo Glauber Rocha, Adhemar Gonzaga, o pessoal do Cinema Novo. Então quando foi aprovado alguns projetos, inclusive o do Piauí, foi com muita luta. Recebíamos comentários como “o Piauí não tem nada’’, ‘‘esse lugar não tem cinema’’. Eu sempre briguei por este espaço, pois somos bebês do cinema, até hoje ainda digo que fomos um dos últimos. Mas quando a gente entrou foi com embalo. A próxima tarefa era como nós iríamos guardar tudo isso. Então cheguei para uma senhora, Regina Sousa, e disse que precisávamos de uma sede. Na época tínhamos negociação com o banco do Nordeste, que sempre foi parceiro, aprovando projetos”. Ela nos disse que havia uma escola em reforma, a de teatro, só que ficaríamos com um bloco. E assim se fez o primeiro Ponto de Cultura, Núcleo de Produção Digital, Cineclube e uma ABD ter uma sede própria. Foram 16 anos promovendo cursos de formação, produções de curtas, clipes, fazíamos cursos e oficinas em todo Piauí. “E sendo uma produtora de impacto, trabalhamos em comunidades, a minha especialidade é documentário. Então você chega em uma comunidade que tem pouca luz, aquele acontecimento comum. Daí você chega com uma tonelada de equipamento, um monte de gente diferente e isso dá um impacto naquele local. Você pega toda aquela população e coloca dentro de um filme para ser ator, figurante e contratar todo os serviços. Quando você sai de lá, ocasiona um luto, uma lacuna, um vazio, porque você mudou a vida daquelas pessoas.”

Geleia Total: Em 2020, o audiovisual brasileiro sofreu um retrocesso com as medidas feitas pelo governo federal. Atualmente, o cinema brasileiro tem recebido bastante investimento, mas e o cinema piauiense, onde esteve e em que lugar ele se situa?
Fafá Guimarães: O cinema piauiense sempre existiu. Então, nós temos uma história desde as décadas de 40, 50 até 70 do cineclubismo. Existe uma escola de padres em Teresina (escola particular), em que vários padres faziam estes encontros cineclubistas, e que já houve até encontro internacional de cineclubismo. Lá pela década de 70, houve uma turma que foi estudar nessa escola, eles se reuniram e começou o movimento junto deste padre, da super 8, que hoje é batizado como cinema marginal, que nós conhecemos pelas figuras do Torquato Neto, Noronha, Luis Carlos e Durvalino, uma turma maravilhosa que produziu muitos filmes, a ideia do ‘‘câmera na mão e ideia na cabeça’’. Este grupo fez várias produções que a ABD/PI, na época, organizou para apresentar no cineclube, muitas dessas obras da turma ‘‘mel de abelha’’ que foram objetos de estudo nas universidades. Então, o cinema piauiense existia, mas não participava de editais nacionais. Mas, tivemos um governador, que na década de 70, resolveu patrocinar um filme. A produção cinematográfica era junto dessa turma, uma história que era para ser piauiense, mas foi filmada em São Paulo, porém houve essa vontade política de incentivar a arte. O filme saiu, nessa época era muito difícil de ser distribuído para as salas de cinema, pois os filmes variavam entre dezesseis e trinta e cinco milímetros nas latas. Era muito caro, mas em Teresina este filme rodou, ficou bem conhecido. E aí, Torquato foi para a Bahia, o resto dos atores foram para outros lados, porém nunca deixaram refazer. A partir dessa retomada, do início do começo dos anos 2000 (pós presidente Collor), houve um seminário no Piauí: ‘‘A imaginação à serviço do Piauí’’, onde se juntou todas as pessoas ligadas as artes, e discutiram: ‘‘ nós queremos arte’’. Na época de 2003, com a reabertura do Ministério da Cultura,virou uma política pública do Brasil, nascida no Piauí, que ficou: ‘‘A imaginação à serviço do Brasil’’. E outra coisa que foi exemplo para o Governo Federal, foi o advento dos pontos de cultura. Primeiro foram onze pontos de cultura, em que o nosso, o ABD-Antares, como o primeiro de audiovisual do Brasil.
Atualmente, o cinema piauiense está em Cannes!! Mas não só agora, ele já esteve neste espaço antes. Estão acontecendo tantas coisas que a minha frase é: ‘‘Qual o seu melhor filme? É sempre o próximo!’’. Tem uma molecada nova que está brilhando no cinema e lutando por aí.

Geleia Total: Além disso, sabemos que as grandes indústrias cinematográficas com roteiristas, diretores, tem, em maioria, um público masculino. Você enfrentou alguma dificuldade em afirmar a sua posição como produtora e cineasta? Poderia nos dizer sobre a importância da representatividade feminina nesse espaço do audiovisual?
Fafá Guimarães: É uma luta! Quando eu comecei na década de 80, tive boas pessoas que me conduziram a bons caminhos, mas também havia pessoas que me diziam: ‘‘Pare bem aí, quem sabe sou eu’’, por eu ser mulher. Com o tempo, trabalhei com muitos diretores de fora que chegavam aqui e diziam: ‘‘Ah, vamos fazer um filme’’, eu perguntava por onde iríamos começar… e a maioria dizia: ‘‘deixa que eu sei’’. Eu chegava a levar dez livros e dizia que para o filme acontecer eles teriam que ler. ‘‘Nossa! Aqui tem água!’’. Muitas pessoas ainda pensam que nós tiramos água de lama, com um jumento do lado. Não vou mentir, nós fizemos uma viagem internacional agora, os de fora do país conhecem mais o Piauí do que as pessoas do Brasil. Um dia, eu fui fazer uma grande produção, um diretor me perguntou se eu tinha como pedir para alugar na Bahia ou no Ceará, um helicóptero. Eu falei que no Piauí nós também tínhamos, ‘‘No Piauí tem isso?!’’. Fora a xenofobia, existe muito machismo na indústria, tem muitos homens que querem tomar a frente sem saber o que fazer, até mesmo quando eu era a diretora. Eu deixava ele fazer o estrelismo e depois afirmava que tal cena iria, sim: ‘‘Eu sou a diretora’’. Então, assim, não é arrogância, mas há momentos em que você precisa fincar o pé no chão. A respeito da representatividade feminina, eu tô puxando a brasa para a minha sardinha. Quero puxar o máximo, vendo esse movimento no Rio de Janeiro, na Bahia, em muitos lugares, de mulheres para serem protagonistas de sua própria história – diretoras, produtoras. Já consegui indicar duas meninas no som para o filme ‘‘Cruz pra quem merece’’. Elas estão no mundo produzindo, sabe? Não só como som, mas também como assistente de direção. Daí você fica com aquela sensação de ‘‘E se eu morrer hoje? Vou morrer contente’’, porque estamos ganhando o mundo. Então estamos preparando várias meninas para a produção de elenco.

Geleia Total: Este ano, você foi uma das representantes do cinema piauiense no Festival de Cinema (Cannes), poderia nos detalhar como foi este processo? O critério para a seleção de filmes? E a experiência em visitar o local?
Fafá Guimarães: Eu sou do Fórum Brasileiro de Cinema, da Rede Norte e Nordeste. Nós embarcamos em vários eventos, e desses encontros recebemos convites, por exemplo, teve um congresso brasileiro de cinema há um ano e meio em Brasília. Você, ao receber o convite, é incluso passagem e hospedagem, ou seja, tudo. Eu disse não. Não vou só, ‘‘mas Fafá, na lista do Piauí só tem você’’ – ‘‘Não vou!’’. Como a gente está com o coletivo e a Halls produções, a produtora que está fazendo filmes e o coletivo Unity, com Augusto e o Juninho. O Augusto é uma pessoa, o nosso CEO, como o chamamos. Ele é um rapaz de trinta anos, conheço-o desde que Augusto tinha 17 anos e, me orgulho de ter arrastado ele para o cinema. Ele, nessa parte de projetos, está extremamente à frente. Eu briguei com todo mundo para ir junto com o Augusto: ‘‘só vou se ele for’’. Eu e ele fomos. Chegamos lá em Brasília, dei dois passos e lá estava setenta e cinco representações do cinema brasileiro. Quando eu vi o Augusto conversando e negociando, me senti bem orgulhosa. Ao presenciar os festivais, eu fico na ação de fuçar, saber quem é quem, junto as pessoas e vambora. Lá tinha muitas pessoas, muitos diretores e oportunidades para o cinema piauiense.

Geleia Total: Fafá, teve algum filme que te fez perceber o que era o cinema (Absolute cinema) ?
Fafá Guimarães: O Homem Elefante, de David Lynch. Eu assisti esse filme quando era menina, pela janela do vizinho… até na década de 70 e 80, nós não tínhamos televisão. Esse filme me chamou muita atenção, porque o filme era em preto e branco. Quando eu assisti filmes coloridos, depois de um tempo, não entendia antes por que, ao assistir de noite, estava com sol no filme. Aquilo doía a minha cabeça ‘‘agora está de noite e por que o sol está nessa posição?’’. Eu descobri quando estava em Cannes, quase dez horas da noite e o sol ainda estava no céu. Isso me fez relembrar o filme, pois o Homem Elefante me impactou muito. Mas tem outros como ‘’Bicho de Sete Cabeças’’. Adoro cinema japonês, com o Kurosawa, e chinês, argentino com o Almodóvar.
Geleia Total: Você poderia nos contar um pouco mais sobre o seu filme Histórias de Alice? Por qual motivo você decidiu contar a história das mulheres quebradeiras de coco babaçu?
Fafá Guimarães: A primeira proposta era a história da minha bisavó, mãe Cota, pois minha lembrança de infância era a da minha bisa, uma mulher cega, quebrando um quilo de coco babaçu. Ela botava todos os meninos e meninas na frente e contava histórias. Quando eu entrei na universidade fazendo o Enem aos 55 anos, me inscrevi na Educação do Campo/Ufpi, passei, estou neste espaço depois de 40 anos fora de sala de aula. Uma professora do curso me incentivou a pensar desde cedo no TCC, conversei com ela sobre de onde eu vinha, ela gostou, fizemos um texto científico. Quando eu trabalhava na Secretaria de Agricultura, vi uma moça cantando, perguntei quem era, “é Alice. Ela é filha de uma “quebradeira de coco”. O que me interessou foi que ela foi a primeira e única mulher no nordeste que se tornou vereadora de oposição em plena ditadura. Eu falei com a professora… nós já tínhamos o artigo pronto, mas contei para ela a história e embarcamos nisso. Fui
visitar a comunidade Chapada da Sindá/São João do Arraial, procurar a Alice, onde ela era professora. Descobri que Alice após seu mandato como vereadora foi silenciada e isolada. Ela teve que passar 12 anos longe do Piauí. No começo era somente “Alice”, uma série de cinco capítulos, mas percebi que ao falar dela, vinham outras tantas mulheres. Eu e a professora enviamos o texto para um edital do Ministério da Cultura e recebemos a proposta de fazer um filme daí com a parceria com o Augusto Santiago, intitulamos como “Histórias de Alice”, porque no país das maravilhas não tem nada, mesmo porque ela não desistiu nunca. O curta e o longa-metragem foram aprovados depois de muita insistência, e eu dirigi o filme curta.

Geleia Total: Por fim, uma mensagem para o público que te conhece. Para os futuros cineastas, qual é a chave de engrenagem para a criação e resistência neste espaço?
Fafá Guimarães: Uma das coisas que gosto muito, é uma frase de uma cantora, a Dolly Parton. Tem uma música dela que diz assim: “Se você resolver ser alguma coisa, seja de verdade”. Às vezes nós dizemos que queremos algo e alguém diz: “Você não consegue”, e nós deslizamos, desistimos. Mas não, se você é de verdade, persista.
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Descrição: Produtora Criativa e de Impacto e Diretora de Cinema
Escrito por: Ana Maria
Revisado por: Paulo Narley
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A história dessa gigante do audiovisual não cabem nessa reportagem, Fafá Guimarães é muito mais, muito mais do que isso. Ela ensinou muita gente grande de hoje. Ela teve mil ideias que outras pessoas assinaram embaixo como criadoras e só copiaram. Ela entregou muitos projetos para pessoas que executaram. Ela escreveu muitos livros não publicados, da poesia À ficção. Ela tem muitos filmes engavetados, que serão dignos de CANNES, e muitas outras coisas além. Ela pinta, desenha, dança, canta, toca violão. Mas, foi bem escrita, PARABÉNS PELA ENTREVISTA.