Climério Ferreira

O letrista, poeta e professor Climério Ferreira é natural de Angical do Piauí, nasceu em 1943, viveu a infância e adolescência em Teresina e com 18 anos de idade mudou-se para Brasília. É formado em Jornalismo, depois fez mestrado e se tornou professor na UnB atuando na área por vinte anos. Climério tem dez livros publicados, o primeiro se chama “Memórias do Bar do Pedro e outras canções” (1975) e o último se chama “Poesia Mínima e Frases Amenas” (2011). Na música tem oito discos gravados, a maioria feitos com a parceria dos irmãos, e tem 118 músicas que já foram interpretadas por diversos artistas como: Dominguinhos, Ednardo, Nara Leão, Elba Ramalho, Mastruz com Leite, Fagner, Tim Maia, Amelinha, Fernanda Takai, entre outros. Ente os discos destacam-se o são ‘São Piauí” (1977) e o solo “Canção do Amor Tranquilo” (2001). As músicas de Climério Ferreira conquistaram o público, mesmo que na voz dos grandes nomes da MPB.

Nome Completo: Climério Ferreira

Descrição: Escritor, cantor e compositor

Data de Nascimento: 27/03/1943

Local de Nascimento: Angical do Piauí-PI

Clodo, Climério e Clésio: Os irmãos Ferreira

Os irmãos Clodomir, Climério e Clésio têm raízes em Angical do Piauí, município do Piauí, e fazem parte da geração de músicos que arriscaram cruzar as fronteiras do Estado, buscando novos horizontes. Radicados em Brasília desde 1960, os irmãos se destacaram no cenário musical e se tornaram elementos importantes para a Música Popular Brasileira. Os irmãos, que começaram na carreira solo, certa vez apresentaram juntos no programa “Mambembe – a vez dos novos” e foram anunciados como Clodo, Climério e Clésio, desse evento nasceu a parceria.

A trajetória do poeta

Das primeiras lembranças que Climério Ferreira tem sobre a arte ele relata o evento na infância no qual subiu pela primeira vez no palco, na ocasião ele e o irmão Clésio participaram de uma peça teatral em Teresina. Ele começou a escrever poesias quando saiu de Teresina para Brasília em 1962, e comenta que chegou a participar de uma exposição de poetas brasilienses que foi levada à Paris para a exposição que acontecia no atelier do pintor Vicente do Rego Monteiro. “Eu nem sabia que aquilo que eu escrevia podia ser chamado de poesia, até hoje eu não sei”, diz Climério. Na década de 1970 junto com um grupo de poetas, Climério participou da revista POrrETAS feita em papel-jornal, onde diz ter feito uma produção mais constante de poesias.

A inspiração

Climério Ferreira chegou em Brasília com a bagagem das suas vivências acumuladas durante a sua vida no Piauí, essa memória acumulada se manifestou por meio da arte marcando grande parte das inspirações do letrista. As lembranças, leituras, músicas e conversas foram ajudando no seu processo artístico, nas composições. Como letrista, Climério acrescenta que as parcerias são essenciais, pois falta a parte musical e uma parceria é mais que um trabalho, é uma amizade, esse diálogo nasce da admiração que tem pelo trabalho da pessoa envolvida que, necessariamente, não precisa ser da área da música. “Grande parte do que eu escrevo, tanto da música quanto do que não foi musicado, tem muito a ver com a minha memória do Piauí”, comenta o poeta.

Clodo, Climério e Clésio: Os irmãos Ferreira

As suas músicas já foram gravadas por artistas como Nara leão, Fagner, Dominguinhos, Tim Maia e Os Cariocas, Simone, MPB-4, Elba Ramalho, Ednardo, Amelinha, Zizi Possi, Fafá de Belém, Marlui Miranda, Ângela Maria, dentre outros. Um dos sucessos interpretados por Fagner, a música “Revelação”, é de autoria do Clodo e Clésio. Além disso, a única música composta por Nara Leão, em parceria com Fagner e Fausto Nilo, foi em homenagem aos irmãos, foi chamada “Cli-Clé-Clô”, gravada por Nara em seu LP “Romance Popular” de 1981.

Clodo, Climério e Clésio: Os irmãos Ferreira

Clodo, Climério e Clésio gravaram seis LPs, em vinil, por gravadoras e produções independentes. O primeiro LP foi lançado há 40 anos, intitulado “São Piauí” contendo 12 músicas que agradaram a crítica. Gravaram também os LPs: Chapada do Corisco (1979); Ferreira (1981); A Profissão do sonho (1989); Clodo, Climério, Clésio (1991); Afinidades (1993) e CD Tiro Certeiro (2001), este reunia as vozes de grandes cantores e interpretes da MPB, com, nada menos que, 150 músicas. Findada a parceria, os irmãos continuaram a carreira solo.

A poética de Climério Ferreira

Climério já publicou os livros de poesia: “Memórias do Bar do Pedro & Outras Canções” (1975); “Canto do Retiro” (1976); “A Gente e a Pantasma da Gente” (1978); “Alguns Pensames” (1981); e com o artista plástico Duarte publicou a obra “Essa Gente” (1984); “Artesanato Existencial” (1998); “Pretéritas Canções” (2006); “Memorial de Mim” (2007) e “Poesia Mínima & Frases Amenas” (2011). Participou também das revistas “Alguma Poesia” (RJ), “Porretas” (BSB), “Rio” (PI); e das antologias “Baião de Todos” e “Mais Uns/Coletivo de Poetas”. Seus poemas curtos e envolventes encantam os leitores, além disso há uma preocupação com a forma e a estrutura da poesia. Das obras escritas Climério conta, em entrevista, que na obra “Memorial de mim” (2007) foi inspirado pelas recordações da terra natal.

Contatos

http://facebook.com/climerio.ferreira.5

http://climerioferreira.wordpress.com

Fotos

Vídeos

Discografia

São Piauí – 1977 (RCA), produzido por Ednardo.
Chapada do Corisco – 1979 (CBS), produzido por Fagner.
Ferreira – 1981 (RCA), produzido por Dominguinhos.
A Profissão do sonho – 1989 (independente)
Clodo, Climério, Clésio – 1991 (Som da Terra)
Afinidades – 1993 (independente)
CD Tiro Certeiro – 2001 (reunindo faixas dos CDS anteriores)
CD Canção do Amor Tranquilo – 2001 – CD Solo de Climério.

Livros

Memórias do Bar do Pedro e outras canções (1975)
Canto do Retiro (1977)
A Gente e a Pantasma da Gente (1978)
Alguns Pensames (1979)
Essa Gente (1984)
Artesanato Existencial (1998)
Pretéritas Canções (2006)
Memorial de Mim (2007)
Da poética Candanga (2010)
Poesia Mínima & Frases Amenas (2011)
Poesia de Quinta (2017)

Algumas Poesias

Reza bruta
E se eu lançasse versos
Nos muros da cidade
E eles gritassem minha ira
Meu desalento urbano
Minha suburbana descrença
Na bonança das mansões
Nas missões dos salvadores
E se meus versos colassem
Nos muros da cidade
E cantassem minha paz
Minha utopia interior
Minha avassaladora crença
Na bondade dos animais
E na razão da poesia
Na humanização das pessoas
Na vida terna, amém

Acho que sou feliz
eu quero tudo o que tenho:
só desejo o que posso
e sou da minha idade
será isso a tal felicidade?

chorão / 79
brasília é uma cidade
sem saudade

brasília é uma cidade
cheia de saudades

brasília é uma cidade?

pois quando lembrar de mim
pensa em mim numa cidade assim
sem tradição

mano velho
dez horas por dia
ele esmurra as águas
esquecido do próprio nome
e nem treme a fala

(na beira do Parnaíba
entre surrões e cofos
suspira e tenta sonhar
um resto de homem)

nas águas sujas do ex-rio
o vaporzinho de cores berrantes
cruza a lancha moderna e veloz

mano velho, setenta anos,
vê no progresso uma língua estranha
à sua fala — e cala.

esquadrão da morte
o supermercado dispara
a televisão dispara
o político dispara
a construção civil dispara
o imposto dispara
a educação dispara
o salário dispara
o patrão dispara
a religião dispara
o transporte dispara
o povo morre
crivado de bala
na praça pública

CANTO DO RIO
Chore não
Um rio não morre à toa
Corre na terra e não voa
Rio não é avião
É só um leito assentado
eternamente pousado
entre as agruras do chão

o rio é um berço da infância
onde se banha a lembrança
do nosso corpo molhado
O rio é uma estrada d’água
onde lavamos a mágoa
de um sonho não consumado

Falo do Parnaíba
rio que já faz tempo
vai morrendo pouco a pouco
vai pouco a pouco morrendo

Falo do Parnaíba
que deságua no meu peito
cheio de peixes graúdos
e de Torquatos pequenos

Seus coloridos vapores
as beiras cheias de cores
as margens dos meus amores
e dos mergulhos serenos

Falo de um rio bonito
que existiu noutro tempo
E hoje persiste mito
pela poesia do vento

EU CULTIVO PENSAMENTOS
Eu cultivo pensamentos
Como quem cuida de flores
Vez em quando rego ideias
Como quem molha lembranças

Logo terei um jardim de assuntos
Um roçado de meditações
Ponho-me a edificar sonhos
Evitando pesadelos e sustos

Quando me perco de mim
Encontro-me perdido
Nos confins dos meus haveres
Sem nada saber de mim

Eu cultivo pensamentos
Que preenchem as horas vagas

A INVENÇÃO DO DIA
Quando eu resolvi
Fazer o dia nascer
Pedi ao galo que ficasse em silêncio
Para não acordar a luz
Antes do sol

Cuidei de avisar
Aos poetas vizinhos
Do meu secreto invento
Para que eles
Cuidassem das rimas

Algumas Músicas

A sede do rio a fome do pão (c/ Dominguinhos)
Aridez (c/ Dominguinhos)
Arrasta pé (c/ Dominguinhos)
As moças de angical (c/ Dominguinhos)
Canção de esquina (c/ Clodo e Clésio)
Chega morena (c/ Dominguinhos e Guadalupe)
Conflito (c/ Petrúcio Maia)
Doce princípio (c/ Dominguinhos)
Enquanto engoma a calça (c/ Ednardo)
Eu sou do mundo (c/ Dominguinhos)
Flora (c/ Ednardo e Dominguinhos)
Homenagem a Lindu (c/ Dominguinhos)
Incelença (c/ Naeno)
Lagoa de Aluá (c/ Ednardo e Vicente Lopes)
Luz de candeeiro (c/ Dominguinhos)
Mantenha distância (c/Antonio Celso Duarte)
Oito baixos (c/ Dominguinhos)
Paraíba do Sul (c/ Antonio Adolfo)
Por um triz (c/ Clodo e Clésio)
Prece a Luiz (c/ Dominguinhos)
Quando é de manhã (c/ Dominguinhos)
Riso cristalino (c/ Dominguinhos)
Te quero ouro (c/ Dominguinhos)
Telhados (c/ Clodo e Clésio)
Ter você é ter razão (c/ Dominguinhos)
Timon (c/ Clésio)
Tiro certeiro (c/ Clodo e Clésio)

Outras fontes

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2010/07/18/interna_diversao_arte,203022/climerio-ferreira-entre-a-poesia-e-a-musica.shtml

http://www.revistarevestres.com.br/entrevista/aqui-esta-meu-sangue-bebe/

http://zonasulnatal.blogspot.com.br/2003/11/entrevista-clodo-ferreira.html

http://dicionariompb.com.br/climerio

Climério Ferreira lança livro em Teresina

http://dicionariompb.com.br/clodo-ferreira

https://lupa.atavist.com/clodo-ferreira

http://rabiscosdeouvido.blogspot.com.br/2012/08/clodo-ferreira.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A9sio_de_Sousa_Ferreira

http://www.fagner.com.br/Entrevistas/paf_entrevista_clodo.html

http://repositorio.unb.br/handle/10482/2963

https://www.youtube.com/watch?v=iF44HyBTmp8

 

Última atualização: 17/01/2018

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

 

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3 comentários
  1. De repente me deparo com esse nome e na busca fico pensando: onde eu estava que até hoje não conhecia esse poeta maravilhoso. Muito tempo perdido.

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