Negro Val

Quem não tem asas voa como pode e voar não é só sonhar, é ter coragem para se jogar nas infinitas possibilidades, resistindo aos obstáculos e adversidades do caminho. Dessa forma, Valdemar Santos, mais conhecido como Negro Val, foi construindo o seu caminho artístico, profissional. Ele é bailarino, ator e coreógrafo, natural de Amarante-PI, formado em Letras pela Universidade Federal do Piauí. Fez parte do Balé Folclórico de Teresina, do Balé da Cidade de Teresina e, posteriormente, foi diretor da Cia Equilíbrio de Dança. Formou-se também em Dança de Salão, Danças Populares, Dança Clássica, Danças Folclóricas, Dança Contemporânea e Teatro. Já foi professor de dança, coordenador, diretor de Cultura da Prefeitura de Amarante, diretor artístico da ONG Ponto de Equilíbrio, dentre outros trabalhos. E integrou, em parceria com o bailarino Luiz Carlos Vale, o projeto Dança Eficiente. Negro Val fez da sua arte a sua vida e foi por meio da dança que o bailarino encontrou um meio de valorizar as suas raízes, estudando também a dança afro. A dança do Negro Val é essa soma de movimentos conscientes, resistindo, subvertendo espaços, que vai do racional ao espontâneo, é liberdade.

“A dança é o lugar onde eu realmente me encontro, onde eu consigo me expressar.” Negro Val

Nome Completo: Valdemar dos Santos Carvalho

Descrição: Bailarino, ator e coreógrafo

Data de Nascimento: 15/09/1976

Local de Nascimento: Amarante-PI

As raízes em Amarante

Negro Val descreve que nasceu em um município rico em manifestações culturais, e desde cedo aprendeu a gostar das artes, pois sempre esteve cercado pelas danças folclóricas e várias formas de expressões artísticas, tais como o reisado e o bumba-meu-boi. O amor pelo movimento rítmico aconteceu já no jardim de infância, quando o bailarino começou a apresentar nas festas da escola e a brincadeira foi tomando mais espaço na vida do Negro Val gradualmente. Já na adolescência o bailarino começou a criar grupos de dança e participar de companhias de danças folclóricas que existia na cidade. E a partir disso ele conta que passou a explorar as outras artes, aos quinze anos Negro Val monta o grupo “Cor e Suor” que começou a se apresentar nas ruas e em eventos da cidade, era um grupo formado pelos colegas do dançarino. O grupo também ajudou a divulgar a comunidade quilombola Mimbó apresentando o “Pagode do Mimbó”, dança de origem africana. Posteriormente ele conheceu a lambada e arriscou-se participando dos festivais de dança. Com isso, experimentando o clima dos festivais, viu que queria seguir a carreira de bailarino, fazer da paixão a sua profissão e foi em busca desse objetivo.

O corpo que se expande

Chega uma hora que é artista já não cabe dentro de si e tenta soltar toda a represa de sentimentos armazenada, todos os sentimentos não ditos. E foi querendo ampliar as técnicas para transmitir esses sentimentos que o Negro Val saiu da sua terra natal, com dezoito anos de idade, e foi buscar outros conhecimentos em Teresina. Nesse período Val entrou para o grupo da Luzia Amélia e, paralelamente, para o grupo do Sidh Ribeiro. Então, a Luzia Amélia criou o grupo Balé Folclórico (1999) e Val entrou para o grupo, participando da montagem do aclamado espetáculo “Dança do calango”. Foi em Teresina que o bailarino subiu pela primeira vez no palco do teatro e ele só confirmou aquilo que sempre suspeitava, que nasceu para os palcos, para ser bailarino. Posteriormente, junto com os dançarinos Beth Bataly e Luís Carlos Vale, Val cria a Cia Equilíbrio de Dança (2001) e a partir daí inicia um novo ciclo na sua carreira, participando não só da dança como bailarino, mas também da parte administrativa do grupo, da direção de projetos na área das artes e da cultura.

Tentando se equilibrar

Negro Val apesar de intenso, sempre buscou o equilíbrio. E visando ampliar o campo de atuação do coletivo de artistas que formavam a Cia Equilíbrio surgiu a ideia de formar uma ONG que se chamaria OPEQ. Assim nasceu a Organização Ponto de Equilíbrio que tem como objetivo promover ações culturais que fomentem a dança, a cultura popular e a produção cultural local. E desde então o espaço vem mantendo a proposta de não se limitar apenas à dança, mas incluir outras formas de expressões artísticas. Dos prêmios que a OPEQ conquistou, destaca-se o prêmio Klauss Vianna de Dança – FUNARTE. E das apresentações destaca-se o musical “Palmares” mostrando a história da cultura do povo negro. Segundo Negro Val, a OPEQ foi um projeto especial na sua vida, veio no momento oportuno e fértil para a cultura brasileira. “Na minha infância eu sofria mais com o preconceito que tinham das pessoas do Mimbó. Eu fazia parte da comunidade, meus pais eram de lá, então eu também tenho esse pé no Mimbó. As danças aprendi lá, principalmente o pagode do Mimbó.”

“É por causa da arte que eu acordo todo dia e vejo a beleza da vida.” Negro Val

Um artista eclético

Aprender é sair da zona de conforto e buscar no desconhecido novas experiências, descobrir, experimentar as novidades e perceber como o corpo reage diante do novo conhecimento. Por isso, Negro Val diz gostar tanto de experimentar, não se limitando a um único estilo ou arte. Definir Val é como tentar limitar a diversidade, pois o bailarino acumulou tantas técnicas ao longo dos anos que prefere transitar por todos os estilos, inclusive de vez em quando visitando as artes cênicas ou arriscar expor a voz nas aulas de canto. O importante para Val é sempre buscar novos aprendizados, pois sempre há o que aprender. E o artista precisa ter um repertório amplo para ter muitas opções para se comunicar com o seu público. Segundo o bailarino, a sua curiosidade foi o principal elemento para querer conhecer tantas artes e estilos de dança. “Meu processo criativo é algo muito natural. Eu acho que vem de uma inquietação, geralmente de um questionamento pessoal, de uma necessidade ou então vem de uma inspiração. A inspiração é algo que está no ar, é preciso estar aberto para sentir, é bem intuitivo”, diz Negro Val. E de todas essas criações, Negro Val conta que tem um carinho muito grande pela dança “Estudo sobre o corpo”, pois é um projeto autobiográfico, no qual o bailarino faz um trabalho de introspeção e da sua relação com a dança piauiense.

Dialogando com a dança

A dança foi para Negro Val um mecanismo de comunicação, de transmissão de ideias e que permitiu fazer grandes parcerias. Dentre as experiências no teatro, Negro Val já participou do mesmo grupo de teatro que Franklin Pires, Luciano Brandão e Bid Lima. Chegou a participar das peças “Bela entorpecida” e “Negra das neves”, além do filme “Mocambinho”. A preocupação com a mistura e o diálogo entre diferentes estilos levou o bailarino, junto da bailarina Ellizabeth Batalli, a montar a performance “Resistência”. Atualmente Negro Val retoma uma ideia antiga sua que é descentralizar as apresentações, levar a dança para lugares inusitados, para perto das pessoas, circulando pela cidade. Por querer romper algumas limitações e barreiras da dança, Negro Val experimentou dos estilos clássicos aos mais contemporâneos, dialogando com diversos artistas e encontrando no seu fazer artístico um lugar, o seu próprio equilíbrio. Permitiu-se abandonar a rigidez da dança, mas mantendo a disciplina. “Eu acho que a dança precisa libertar a gente cada vez mais. E acho que consegui essa liberdade, consegui fazer um projeto que eu não me preocupo muito com o que vão pensar ou que vão achar, liberdade é um pouco isso, você fazer o que tem vontade”, diz Negro Val.

Um lugar de encontros

Apesar da resistência da família, sociedade e amigos o menino Valdemar Santos lutou pelo sonho de ser um bailarino. E contra todas as expectativas venceu, abrindo mão de muita coisa para se tornar um profissional. O bailarino foi rompendo barreiras, pois sempre gostou de ser livre e a dança é a sua forma particular de alçar voo, de se libertar. Foram muitos anos dedicados à dança, seja como bailarino ou como coreógrafo. Empo que trouxe mais do que experiência, fez o bailarino acumular diversas coreografias e premiações. Sua história de vida anda lado a lado com a história de muitos grupos de dança e da própria dança piauiense. E como a dança mudou o caminho de Negro Val, é por meio da dança que ele fala, diz o que quer e tenta fortalecer a cultura em Amarante. Negro Val é um exemplo de alguém que nunca abandonou as suas raízes, uma artista que assumiu a missão de levar arte para todos os cantos, de tentar melhorar a sua própria comunidade, o seu lar.

Contatos

facebook.com/ramedlav

instagram.com/negrovaloficial

culturadeamarante.blogspot.com.br/

valdemarpiaui2014@gmail.com

Fotos

 

 

Vídeos

Espetáculos

“Amarante Nossa de Cada dia”

“Bela Entorpecida e Outras Histórias”

Danças

“Dança do Calango”

“Dança das Sete Cidades”

“Porca do Dente de ouro”

“Palmares”

“Étnico”

“Danço porque não sei voar”

“Lendário Piauiense”

“Musical Quilombo Mimbó”

“Cavalo Piancó”

“Danças Portuguesas”

“Estudo sobre o corpo n 0224”

“Resistência”

“Dueto em Branco e Preto”

“Meu corpo não é mudo”

“Quintura”

Filme

“Mocambinho”

Outras fontes

http://www.wikidanca.net/wiki/index.php/Valdemar_Santos

http://somosnoticia.com.br/cidades/amarante/valdemar-santos-recebe-homenagem-79595.html

http://ongpontodeequilibrio.blogspot.com.br

 

Última atualização: 11/03/2018

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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1 comentário
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