Ajosé Fontinelle: literatura, cinema e teatro

Antonio José Fontenele da Silva, mais conhecido como Ajosé Fontinelle é natural de Parnaíba. O escritor, ator, cineasta e professor de literatura e interpretação textual (desde 1997) é Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí. Autor das obras “Concílio dos Deuses” (premiada no Concurso Novos Autores de Teresina de 2008 na categoria Peça Teatral), “Cabeça de Cuia – o homem” (peça teatral publicada na antologia Dramaturgia piauiense, organizada por Ací Campelo, 1998) e “Caminhos por onde andei: as telecomunicações nos séculos XX e XXI” (2015). Autor dos livros inéditos “Jurupari” (premiada com o segundo lugar nos Concursos Literários do Piauí em 2006 na categoria novela, prêmio O. G. Rêgo de Carvalho), O louco e a imperatriz (poesia), Auto da divina traição (peça teatral), Complexo de Jeosá (contos) e Ulisses entre a literatura e o cinema (adaptação da dissertação de mestrado). Nas artes visuais Ajosé dirigiu o longa “O confidente” (2006), além das análises de obras literárias “Leitura obrigatória” (2010) e “CPI da literatura” (2011). Dirigiu e elaborou o roteiro dos curtas “O Assassinador” (2016) e “O Clube dos Sete” (2017). Também idealizou e coordenou o Festival de curtas-metragens “Curta CPI” (de 2008 a 2017). Ajosé também dirigiu e apresentou o programa semanal no canal Band Piauí “Então prova, professor!”.

Foto: Ícaro Uther

“Eu chegava nas estantes e lia tudo. Eu lembro que o primeiro livro que li do Graciliano Grande foi “Alexandre e outros heróis. Eu li a obra completa do Graciliano Ramos sem saber quem era Graciliano Ramos.” Ajosé Fontinelle

Nome Completo: Antonio José Fontinele da Silva

Descrição: Escritor, professor de literatura e interpretação textual, ator, diretor e cineasta.

Data de Nascimento: 03/01/1975

Local de Nascimento: Parnaíba-PI

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

Devorando livros

Filho de Edimar Pacheco da Silva, comerciante, e Maria Helena Fontinele da Silva, dona de casa, Ajosé Fontinelle relembra com carinho como os pais investiram na educação do filho mesmo sem terem concluído o ensino fundamental. Apesar de vir de uma família humilde, Ajosé relembra que os pais se sacrificaram para que ele estudasse no Colégio das Irmãs de Parnaíba onde estudou dos três anos de idade até o final do ensino fundamental. Essas experiências vivenciadas e proporcionadas pelos pais foram imprescindíveis para que Ajosé acumulasse boas referências. Além do incentivo familiar a literatura brotou como uma vocação, pois desde cedo ele foi um frequentador da Biblioteca do Sesc, local onde conheceu os clássicos da literatura. “Eu chegava nas estantes e lia tudo. Eu lembro que o primeiro livro que li do Graciliano Grande foi “Alexandre e outros heróis. Eu li a obra completa do Graciliano Ramos sem saber quem era Graciliano Ramos.” A referência de Ajosé na televisão foi o apresentador Silvio Santos, na época a emissora criou um programa de calouros que selecionava cantores mirins e aquilo despertou a atenção do espectador que desejou ser cantor mirim e se apresentar no programa.

As primeiras experiências no palco

Ajosé Fontinelle passou a infância e adolescência em Parnaíba e nesse período vivenciou a efervescência dos eventos e cursos promovidos pelo Sesc da Rua Grande. Lá era o centro de encontro para os diversos workshops com profissionais vindos de várias partes do país com destaque para as artes cênicas. Ajosé experimentou um pouco de direção, atuação, circo e confecção de máscaras de teatro. O seu tempo se dividia entre a escola e as atividades do Sesc e de tanto frequentar o lugar um dia ele foi convidado para atuar na Via Sacra quando tinha apenas treze anos de idade. Desde então ele não largou mais os palcos, aproveitou todas as oportunidades que pode de interpretar os papeis oferecidos e foi galgando um caminho no teatro. Ajosé dedicou-se aos papeis interpretados com a mesma entrega, pois, segundo o artista, não importa o status em cena e sim a entrega do intérprete já que o papel não deve determinar o esforço do ator. Graças ao incentivo do Sesc por meio do projeto Cenas no Palco, Cenas na praça,  ele e seu grupo de teatro apresentaram uma peça de sua autoria, baseada na história da Cinderela e posteriormente o mesmo projeto propõe o tema das lendas piauienses fazendo com que ele escrevesse a peça Cabeça de Cuia Homem, obra que teve grande repercussão no estado e considerada a que conseguiu ter o maior número de apresentações, foram mais de duzentas apresentações.

A docência aliada à arte

Ajosé Fontinelle morou em Parnaíba até os 21 anos de idade. E foi lá que vivenciou muitas experiências, foi socializado e aprendeu sobre as artes. Ele terminou o ensino médio aos 16 anos de idade e prestou vestibular para Ciências Contábeis, uma das poucas opções de curso disponíveis naquele período, mas não se identificou com o curso e seguiu outro caminho. Posteriormente, com dezoito anos de idade, Ajosé começou a ministrar aulas de Literatura no Colégio Delta, administrado pelo Rodolfo, que também era professor do Colégio Objetivo de Teresina. Por isso, quando tinha revisões, ele levava professores de Teresina para Parnaíba e foi quando Ajosé conheceu os professores Hélio Paiva e Romero, os donos do Colégio Sapiens. Nesse período, o professor Romero precisou se ausentar da sala de aula e convidou Ajosé para substituí-lo e, depois da experiência bem-sucedida, ele foi contratado pela escola e deixou Parnaíba para trabalhar em Teresina. Segundo Ajosé Fontinelle, ser professor tornou-se uma válvula de escape, pois é a profissão que o permite utilizar um pouco de cada dom que possui. Dessa forma, ele foi inserindo aos poucos o teatro e o cinema na sala de aula como ferramentas pedagógicas. Levar a arte para a sala de aula foi uma necessidade de Ajosé para nutrir seus próprios anseios e que ajudou os alunos a entenderem melhor o conteúdo e despertar a curiosidade para a leitura.

“Arte para mim é uma válvula de escape, é sentir-se vivo!” Ajosé Fontinelle

Experimentando o cinema

Ajosé Fontinelle começou a enveredar para o cinema depois que participou da Via Sacra, pois empolgou-se e reuniu um grupo para criar um filme, o empreendimento foi patrocinado pelo prefeito de Parnaíba da época, Mão Santa, e teve apoio da diretoria do Colégio das Irmãs. Ajosé escreveu o roteiro e conseguiu contratar um técnico para filmar o longa-metragem que tinha duração de uma hora e vinte minutos. O filme, que nasceu como um drama, tornou-se uma comédia intitulada “Uma Gangue Muito Louca” demonstrando forte influência do cinema norte-americano. Em 2019, o filme completa 30 anos, e Mão Santa se agradou tanto que pediu ao grupo que montassem a obra “Beira Rio, Beira Vida”, de Assis Brasil, proposta recusada pelo grupo. Na sala de aula, Ajosé criou o projeto “Curta CPI”, que durou nove anos (de 2008 a 2017) e que tinha como objetivo fazer com que cada sala de aula construísse um roteiro que seria filmado, então, cada sala tornava-se um microuniverso de filmagens com maquiadores, contrarregras, diretores e produtores do seu próprio roteiro cuja temática variava anualmente. O último ano do “Curta CPI” foi exibido na sala de cinema do Cinépolis de Teresina. Como ator, Ajosé chegou atuar na série “Diário de Luli”, uma série de comédia que conta a história da Luli e que irá ao ar no dia 2 de dezembro, às 17h, na TV Brasil, com a pré-estreia marcada para o mesmo dia, às 10h, Cinemas Teresina.

O processo criativo

Ajosé Fontinelle tem uma escrita bem objetiva, que, segundo ele, é muito influenciada pela síntese. Por isso, os seus poemas são curtos e ele não tem o hábito de se dedicar aos textos mais longos. A sua história mais longa foi uma novela que tinha 92 páginas. E isso deve-se ao fato do seu processo de construção ser tão rígido, ao ponto de lapidar bastante o seu texto. Atualmente, Ajosé tem um livro de poemas, uma peça teatral e um livro de contos engavetados esperando a hora de serem publicados. Segundo o autor, essas obras têm em comum a concisão; no processo de revisão, sofrem diversos cortes até ficarem mais enxutas. A sua referência artística vem da escrita de autores como Machado de Assis e Graciliano Ramos, pois eles têm a característica de dizer nas entrelinhas e esse é o tipo de leitura que mais o atrai atualmente. “Quando eu escrevo, tenho o cuidado de não tratar o meu leitor como alguém que busca apenas o entretenimento. Eu quero que meu texto seja lido, mas que ele provoque uma série de inferências e especulações no público. Na condição de escritor, eu procuro escrever aquilo que como leitor eu goste”, comenta. Ajosé tem como referência no teatro a obra “O pescador e o rio” do dramaturgo Gomes Campos e no cinema o filme Cipriano de Douglas Machado. Sua produção literária é muito criteriosa, de tal forma que ele publica poucos textos ao ano. Além disso, Ajosé costuma usar uma linguagem mais acessível sem ser coloquial.

 

Se deliciando com a literatura

Ajosé é um apaixonado pela literatura fantástica de Gabriel García Márquez e pela forma como o autor engrandece a realidade na sua criação literária. Por isso, também é importante adicionar um pouco de fantasia à realidade, pois o mundo por si só não é capaz de nutrir a alma de um artista. Nesse sentido, Ajosé infere que para sobreviver no mundo foi preciso assumir-se como artista, acrescentando às atividades corriqueiras o elemento da criação para se manter de forma lúcida e suportar a crueza da realidade. Por isso, para o artista é importante, vez por outra, criar e manter viva dentro de si essa inspiração. “Arte para mim é uma válvula de escape, é sentir-se vivo!”. Entre os eventos que marcam 2019 para Ajosé Fontinelle, está a sua participação no  Encontro Nacional da Escola da Inteligência, em São Paulo, a convite do próprio Augusto Cury, criador da Escola de Inteligência. Durante a sua trajetória, Ajosé Fontinelle foi criando gerações de leitores curiosos, artistas e marcando a vida de muitas pessoas adicionando a sua criatividade nas suas aulas, filmes e na sua escrita. É uma inspiração para muitos artistas e educadores.

Contatos

Facebook.com/ajose.fontinelle

Instagram.com/ajose1150

Ajose1150.blogspot.com/

Fotos

Vídeo

Obras

“Jurupari” (2006);

“Concílio dos Deuses” (2008);

“Caminhos por onde andei: as telecomunicações nos séculos XX e XXI” (2015).

Curtas

Outras fontes

http://poetasdobrasil.com.br/poetas/poesias/id/233/obra/368

https://colegiocpi.com/sites/medioepre/curta-cpi-2.html

Última atualização: 25/11/2019

 

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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