Sonária Vasconcelos: de um mergulho no rio pra uma inundação de arte

Foto: Gelson Catatau

A atriz, diretora, arte-educadora e circense Sonária Vasconcelos nasceu no povoado Conceição localizado em Amarante, município do Piauí e é formada em Licenciatura Plena em Letras/Inglês pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI e especializada em Arte Educação pelo INTA. Sonária Vasconcelos já apresentou espetáculos como “A casa de Bernarda Alba”, “A Paixão de Cristo”, “As Aventuras da Bruxa Onilda”, “A Hora da Estrela”, “Fêmeas”, “O Cortiço”, entre outros. Dirigiu inúmeras peças como” Sonho de Uma Noite de Verão”, “A Fantástica Viagem”, “Parada de Palhaço”, e muitas outras. Em 1999 começou a atuar em leituras dramáticas de espetáculos e posteriormente passou a dirigir algumas montagens. Sonária atua na cena parnaibana em diversos projetos, seja na sala de aula ou na rua, a atriz e diretora leva alegria e reflexão para os seus trabalhos que nunca passam despercebidos.

Foto: Gelson Catatau

“O teatro representa vida, pois ele é capaz de te fazer desenvolver uma consciência, uma visão de mundo, um repertorio corporal que você levará para a vida.” Sonária Vasconcelos

Nome Completo: Sonária Vasconcelos

Descrição: atriz, diretora, arte-educadora e circense

Ano de Nascimento: 1976

Local de Nascimento: Conceição-Amarante- Pi

Perfil escrito pela Geleia Total

Entrevista por: Frida Abraão
Escrito por:
 Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

Um mergulho no universo circense

“O quintal da minha casa era o rio Parnaíba e a gente subia no pé de manga e saltava para dentro da água. E eu considero essas brincadeiras a minha iniciação no circo. Então, eu descobri que tinha uma vontade muito grande de trabalhar com o corpo.” Ainda na infância, Sonária mudou para uma cidade maranhense localizada ao lado de Floriano, ela conta que ao lado da casa dela existia um campo de futebol que era o lugar onde os circos se hospedavam. Então, ela cresceu com essa proximidade e intimidade com o ambiente circense e com todo aquele universo. Ela e os colegas acompanhavam os treinos e ensaios e conversavam com os artistas. Além disso, ela aprendeu sobre espetáculos sendo espectadora dos circos. Sonária Vasconcelos relembra como a criançada tentava aplicar tudo que tinha aprendido depois que os circos partiam para outras cidades. “A gente vivia nesse campo treinando acrobacias. Chegávamos da escola e íamos treinar, fazer essas vivências, essas experiências. Eu devia ter sete ou oito anos”, diz Sonária.

As New Girl

Sonária Vasconcelos resgata a cena da infância na qual sua tia participava de encenações que eram chamadas de dramas. Apesar de não ser artista, ela fora convidada para apresentar e por coincidência uma das atrizes tinha faltado, assim, como Sonária tinha ido assistir à apresentação, ela foi chamada para substituir a atriz, mas não conseguiu atuar. Contudo, o que levou Sonária para os palcos mesmo foi a sua curiosidade pelo estudo do movimento, pois ela sempre ensaiava com as amigas as técnicas aprendidas no circo. Certa vez, interessou-se pela aula de Jazz oferecida pelo Sesi de Floriano. “Foi quando comecei a dançar que percebi que queria me profissionalizar naquilo e fazer aquilo com seriedade”, pontua. Nesse período da adolescência, a artista criou o grupo New Girl, junto com suas colegas. Elas chegaram a se apresentar em alguns eventos locais e no ambiente escolar. Já na estreia, o grupo foi agraciado com o prêmio de melhor coreografia.

O primeiro contato com o teatro

A primeira oficina de teatro que Sonária Vasconcelos participou foi com o ator Raimundo Dias no Teatro Maria Bonita. Ela foi convidada para participar e apesar da resistência, resolveu aceitar para acompanhar uma das suas amigas. A oficina teve duração de uma semana e gerou o espetáculo “A casa de Bernarda Alba” que circulou pela cidade. A partir disso a então dançarina entra em contato com o grupo Scalet, dirigido por Cesar Crispim, e recebe o convite para compor o elenco da trupe. O seu primeiro espetáculo na companhia foi “Os anjos de Augusto” que começou a apresentar nas cidades adjacentes e posteriormente para os festivais nacionais como em Belo Horizonte, Paraná, Recife, entre outras.

O contato com a personagem Emília, da obra do Monteiro Lobato, me modificou muito. A esperteza dela, o tanto de informações que ela conhecia. Além disso, foi o primeiro personagem que eu mesma desenhei e costurei o figurino. Sonária Vasconcelos

Foto: Gelson Catatau

O teatro como um caminho para a literatura

Segundo a atriz, o primeiro contato com a literatura ocorreu quando ela tinha treze anos de idade, o que ela considera bem tardio. Por isso, o teatro teve uma importância na sua vida, pois foi graças aos espetáculos que ela conheceu e se aprofundou na obra do Monteiro Lobato. “O contato com a personagem Emília, da obra do Monteiro Lobato, me modificou muito. A esperteza dela, o tanto de informações que ela conhecia. Além disso, foi o primeiro personagem que eu mesma desenhei e costurei o figurino.” Outro autor que marcou a atriz foi Augusto dos Anjos. Posteriormente, a atriz deixa Floriano e começa a morar em Parnaíba. Lá, ela conhece o Grupo Metáfora e se insere no elenco de uma das peças marcantes da sua carreira que foi “A hora da estrela”, baseada na obra escrita por Clarice Lispector. A peça também exigiu um processo de imersão que agregou conhecimentos e elementos que modificaram o olhar da atriz.

A maturidade germina na sala de ensaio

O processo criativo de Sonária Vasconcelos acontece primeiro graças aos seus insights que, posteriormente, transformam-se em pesquisas. A artista enfatiza a importância da literatura na sua produção, pois a maioria dos trabalhos que montou e marcaram a sua carreira vieram das suas leituras. Essa necessidade de querer transmitir uma ideia é a pedra fundamental das suas criações, que são sempre entrelaçadas nas diversas influências artísticas agregadas ao longo da vida, tais como: cinema, música, circo, entre outras.

“A direção não foi uma coisa que eu escolhi, mas chegou um momento em que eu queria criar determinadas ações, mas não tinha ninguém para me dirigir”, diz Sonária. A atriz, apaixonada pelos palcos, começou a fazer parceria com outros artistas para colocar em prática o seu olhar de diretora, mais como uma necessidade de criar do que por vontade de dirigir. A sua primeira direção foi uma adaptação da história de “João e Maria” e, desde os primeiros contatos com o teatro, Sonária conta que o mais significativo no teatro é a relação e conhecimentos apreendidos durante o processo de criação e as trocas que acontecem na sala de ensaio. Portanto, a apresentação em si é só um resultado das experiências que surgem no âmbito interno de cada grupo.

Foto: Gelson Catatau

Resistindo por paixão

“O teatro representa vida, pois ele é capaz de te fazer desenvolver uma consciência, uma visão de mundo, um repertorio corporal que você levará para a vida.” Sonária Vasconcelos cresceu escutando os discos de vinil enviados para a família pelo seu tio, Haroldo, e entendeu desde cedo a riqueza contida na arte por meio das músicas. A artista fez da paixão o seu ofício e está constantemente estudando, sempre pesquisando novas linguagens para encontrar uma nova maneira de se comunicar com o público. Mais do que apresentar, para a atriz e diretora, é importante a relação do artista com o mundo do qual ele faz parte. Apesar da carreira artística apresentar obstáculos, para Sonária, é importante resistir, principalmente se a arte for realmente a vocação da pessoa. “O que eu quero fazer até o fim é dar aulas de teatro e saber que as aulas mudaram a vida das pessoas”, frisa. A atriz e diretora, mesmo sem tantos incentivos institucionais e sem espaços apropriados para as sociabilidades artísticas, vem ocupando os espaços em Parnaíba e deixando uma geração de atores e apaixonados pela arte. Atualmente, Sonária dirige a Mais Brava Cia que vem se destacando e nutrindo a diretora de orgulho, além de ser um grande incentivo justamente pela garra e obstinação na construção dos seus projetos.

Contatos

facebook.com/sonaria.vasconcelos

Instagram.com/maisbravacia

Telefone: (86) 9425 2093

E-mail: artsonaria@gmail.com

Fotos

Vídeo

Espetáculos

A casa de Bernarda Alba ( 1995);

A Paixão de Cristo (1996);

O Circo do Seu Bolacha (1997);

Emília no País do Faz de Conta (1997);

Os Anjos de Augusto (1997);

As Aventuras da Bruxa Onilda (1998);

A Hora da Estrela (2000);

Fêmeas (2000);

João e Maria (2001);

O topetudo (2002);

Todos os Dons (2003);

Palha de Arroz (2005);

Bonequinha de Pano (2008);

Sonho de Uma Noite de Verão (2013);

A Fantástica Viagem (2015);

Baby Jane (2016);

Chance Meething (2016);

Parada de Palhaço (2017);

O Gato e a Andorinha (2018).

Projeto Literatura em cena (peças adaptadas de  obras indicadas para o vestibular – 1999 – 2010)

O Ateneu;

O Cortiço;

Memórias Póstumas de Braz Cubas ( Machado de Assis);

Amor de Perdição.

Leitura dramatizadas

 Roda Viva (1999);

Carlota Rainha (2000);

Senhor Rei, Senhora Rainha (2005);

Farça de Inês Perreira (2008);

As Mamas de Tirésias (2009).

Outras fontes

http://www.parnaibashopping.com.br/site/noticias/ver/grupo-teatral-realiza-apresenta-es-infantis-durante-f-rias-de-julho-no-parna-ba-shopping-parnaiba-shopping/int

http://www.proparnaiba.com/redacao/2018/04/uniao-caixeiral-completa-100-anos-e-tem-programacao-de-aniversario.html

http://www.escalet.com.br/open.php?open=prem-carequinha

Última atualização: 13/01/2020

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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