Akemi Morais expressando as suas raízes por meio das artes

A artista visual Akemi Morais é natural de Inhuma-PI, mas radicada em Teresina. É graduanda em Artes Visuais, na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ela desenha desde a infância. Envolveu-se com a dança na oficina/projeto “Arte/educação/cidadania” ministrada pelas bailarinas Drika Monteiro e Luzia Amélia, mas sua atuação maior está nas artes visuais. Akemi já expôs nas mostras “Faces da (IN) Visibilidade” (2017), “GIRLY”, no Tomato Gastronomia (2017), “narrativas”, na Galeria Louvre Tattoo (2019), “Voragem” (@voragem_), na Casa da Cultura de Teresina (2019) e na “Exposição Virtual Júlio Romão”, no Instagram da Casa Barro @casabarro (2020). A artista tem um trabalho variado nas artes visuais, usando técnicas mistas, mas com uma identidade bem particular indo, inclusive, para o Afrofuturismo.

“Eu comecei a me abraçar e quando eu me aceitei de vez foi que apareceu na minha arte esses sujeitos negros e eu fui me aceitando.” Akemi Morais

Nome Completo: Akemi Morais de Sousa

Descrição: Artista Visual

Data de Nascimento: 28/11/1998

Local de Nascimento: Inhuma-PI

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

Rabiscos e rascunhos

Akemi Morais desenha desde que entende por gente, ela diz que essa é uma característica que surge ali na infância e tem ligação com a sua afeição pela arte. Além disso, como uma consumidora dos desenhos animados e animes, o desenho tornou-se parte do seu cotidiano e uma forma de reproduzir os personagens. E nesse período ela chegou a fazer balé, mas nunca nutriu muita paixão pela modalidade. Esse dom foi sendo aperfeiçoado com o tempo e a artista chegou a criar quadrinhos durante a adolescência para representar os seus colegas. Já na adolescência Akami decide se aprofundar no desenho e começa a pesquisar mais técnicas para aperfeiçoar o seu desenho realista.

Um pequeno gesto que gerou um grande impacto

Akemi Morais teve uma grande referência durante o ensino médio que foi o professor Beto Cavalcante, ele ministrava aulas de História da Arte e encorajou a aluna nos dons que ela possuía. Segundo Akemi, foi o seu professor que a encorajou a fazer um curso de artes, principalmente quando ele a presenteou com uma caneta de aquarela. Esse empurrão foi essencial para que naquele período ela persistisse na paixão, pois era um momento cuja pressão do vestibular acometia todos os estudantes. Ela tinha uma certeza que era de que a sua carreira acadêmica seguiria o caminho pelas trilhas das artes e nesse sentido ela recebeu também apoio dos pais que deram o suporte para que ela pudesse cursar Artes Visuais em outra cidade. Eu tinha um caderninho que fazia vários desenhos e teve um dia que eu criei coragem e mostrei ao professor, então ele me deu uma caneta de aquarela e aquilo me motivou muito.”

Um espaço para diálogos

A convivência com os saberes acadêmicos fez com que a Akemi Morais ampliasse os seus conhecimentos e tivesse contato com materiais e técnicas diferentes, ela conta que experimentou da fotografia a modelagem. E mais que novos instrumentos de desenhos, o que a artista experimentou e experimenta na universidade são as relações multidisciplinares que permite romper com as fronteiras do próprio curso. “Eu estou em constante mudança no meu processo artístico porque o tempo todo são vivências diferentes e essas vivências transparecem na arte que eu faço.” Na universidade akemi também se reconectou com a dança por meio da oficina/projeto “Arte/educação/cidadania” ministrada pelas bailarinas Drika Monteiro e Luzia Amélia. Segundo a artista, a academia proporciona dialogar com muitos profissionais que dividem o mesmo espaço.

“É preciso criar algo que você se sinta bem, e hoje eu me sinto bem com o que produzo.” Akemi Morais

Expondo um não lar

Akemi Morais veio morar em Teresina para dar continuidade aos seus estudos e foi morando sozinha que começou a se questionar sobre o seu lugar, sobre o próprio espaço e as diversas manifestações dessa sua estadia numa cidade diferente. Na exposição “Narrativas” que aconteceu em 2019 na Galeria Louvre Tattoo a artista retratou o seu quarto como um refúgio, pois é o espaço onde ela passa maior parte do seu tempo. E, segundo Akemi, as obras produzidas traduziam toda a angustia sentida, mas nunca expressada. Duas das obras dessa exposição foram transformados em um artigo que fazia uma análise iconológica e cronológica da obra. “Eu não tinha essa conexão com o lugar onde morava… E às vezes quando você está criando laço com o lugar você é obrigada a se mudar de novo.”

“Na obra “A morte de Akemi” retrato o ápice da minha exaustão enquanto um ser existente no palco de todo o meu cansaço, solidão e tristeza, meu quarto. O gatilho para esta produção se deu quando percebi que minha vida acadêmica estava matando a arte em mim e desesperadamente anulei essa morte representando-a numa pintura. A figura “meu eu morto” aparece novamente, dessa vez, na janela observando o que acontece no quarto. A garrafa de vinho a derramar no chão representa o escape que encontrei para adormecer o sofrimento da minha mente, mas esse anestésico nunca tem efeito permanente, então, a figura que me representa aparece plena, deitada na rede, depois de tanta exaustão aquela figura encontra paz.” (RELEASE “A morte de Akemi”, 2018. Akemi Morais.)

Conhecendo o afrofuturismo

“O meu processo está totalmente interligado com as minhas vivências, então, assim que eu fui me percebendo negra, uma mulher lgbtt, quando eu fui encontrando quem eu realmente era isso foi aparecendo na minha arte.”

Segundo Akemi Morais, as discussões sobre o que é ser negra já aconteciam no ensino médio com colegas e desde então ela começou a respeitar a sua aparência, sem agredir a sua identidade e passando a se amar mais. “Toda a sociedade fazendo a gente se odiar a vida inteira e daqui que você vá percebendo essas agressões psicológicas, daqui que tente reverter o processo, ainda mais sem ter com quem conversar é bem difícil”, frisa. Quando Akemi ingressou na universidade, estava em transição capilar, pois cortou o cabelo que estava anteriormente modificado pela química. Na universidade, ela foi percebendo o quão diverso era aquele universo e, ao mesmo tempo, acolhedor. Essas mudanças foram aparecendo nas obras da artista que passa a representar pessoas negras, encontrando no Afrofuturismo um espaço para expressar toda a sua criatividade. O Afrofuturismo é um movimento estético, social e cultural focado em atribuir um olhar na perspectiva da pessoa preta utilizando elementos da história, recontando um passado ou imaginando um futuro. Durante essas mudanças, Akemi Morais foi conhecendo outros artistas e destaca esses profissionais porque eles são referências para o seu trabalho, são eles: o Narciso (@rnarcisos), a Luna Bastos (@lunabastos_) que traz a ancestralidade nos seus desenhos, Nazura (@lyanzr) com uma estética afrofruturista e a artista @harmoniarosales que recria cenas renascentistas com personagens negros.

Um futuro tingido com esperança

Para Akemi Morais, a arte é uma forma de expressar mais do que as próprias vivências, mas de enaltecer as suas raízes e todos que compõem essa história. Nesse sentido, os desenhos e pinturas da artista sempre falarão do seu próprio povo, pois ela destaca a importância de conseguir se ver, se enxergar nos espaços. Akemi Morais capta da estética afrofuturista as modificações cibernéticas no corpo humano, mas ele também implica em resistir ao processo de apagamento e genocídio da pessoa preta em todos os aspectos, físicos e simbólicos. A artista diz que as suas produções são uma forma de ter esperança, de criar um futuro melhor. E uma das formas de resistência é a união. Para isso, Akemi conta como é importante a criação de uma rede de apoio, pois muitos artistas não conseguem o reconhecimento que merecem. Akemi tinge um mundo fantástico mais colorido, repleto de possibilidades positivas, pois os seus pincéis trazem mais que imagens, eles tracejam resistência.

Contatos

Facebook.com/akemi.moraes.7

Instagram.com/akemimorais/

E-mail: akemimorais@gmail.com

Fotos

Exposições

Faces da (IN) Visibilidade – 2017 (Para a Secretaria de segurança pública do
Piauí);
GIRLY – 2017 (Tomato Gastronomia);
narrATIVAS – 2019 (Galeria Louvre Tattoo);
Voragem – 2019 (Casa da Cultura de Teresina);
Exposição Virtual Júlio Romão – 2020 (Instagram da Casa Barro).

Outras fontes

https://lucas-benatti.wixsite.com/arte/single-post/2017/05/31/NOVOS-ARTISTAS-AKEMI-MORAIS

Última atualização: 08/06/2020

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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