Entre os dias 22 e 24 de agosto, Teresina será palco da quarta edição do Berimbau de Renda – Festival Feminino de Músicas de Capoeira, evento que celebra a força da voz feminina dentro da capoeiragem. A programação reúne musicalidade, bate-papos, oficinas e, claro, as tradicionais rodas de capoeira.
O festival nasceu com o propósito de valorizar e incentivar a presença feminina na musicalidade da capoeira, espaço historicamente marcado pelo protagonismo masculino. As cantigas que embalam as rodas têm papel central na condução dos jogos e das performances, mas por muito tempo o canto esteve restrito aos mestres — em sua maioria homens.
“O Berimbau de Renda nasceu da sensibilidade de perceber a ausência de equidade entre homens e mulheres nos níveis mais altos da capoeira, o que limita alguns acessos às mulheres. Almejamos ser um espaço de visibilidade para a voz feminina, tendo em vista que, com a existência do evento, mais mulheres se viram encorajadas a compor e, principalmente, a soltarem as suas vozes”, explica Wilena Weronez, instrutora conhecida como Nirvana, que organiza o festival.
A quarta edição mantém o caráter não competitivo, valorizando a criação musical de mulheres capoeiristas. Desde a terceira edição, em vez de ranqueamento, o festival premia dez novas composições de autoria feminina, estimulando a produção sem fomentar rivalidades.
Neste ano, o tema é “Da senzala ao Patrimônio: Capoeira é História do Brasil”, trazendo discussões que vão além da musicalidade. Em 2025, a capoeira passou a ser reconhecida também como Patrimônio Cultural do Piauí, reforçando a importância de ações formativas sobre memória e identidade. A programação inclui uma mesa de conversa sobre o tema, uma oficina de educação patrimonial, além de oficinas práticas de movimentação, musicalidade e toques percussivos.

A programação da quarta edição terá a presença da contramestra Jupira (PI), uma das maiores referências da capoeira feminina no estado e entre as mulheres mais antigas em atividade no Piauí. Além dela, o festival contará com convidadas de diferentes estados, ampliando o intercâmbio cultural. Entre os nomes confirmados estão a mestranda Kallú (AL), a formada Anhuma (SP), a professora Negona (BA), a mestra Kelli (SP) e a professora Mimik (MA).
“Essa mistura de mulheres importantes promove um intercâmbio de aprendizados sobre técnica e vivências distintas, aprimorando os conhecimentos de cada participante do evento. Em 2025, o público do Berimbau de Renda vai se deparar com muita alegria, emoção e histórias”, afirma Nirvana.
Embora o festival de músicas seja destinado apenas a mulheres capoeiristas, todas as demais ações formativas são abertas a todos os gêneros e idades. Desde a primeira edição, já participaram crianças de 8, 12 e 13 anos, além de pessoas com mais de 50 anos.
As inscrições para a mostra de músicas já foram encerradas, mas ainda é possível se inscrever para as oficinas até o dia do evento, por meio de formulário virtual e mediante pagamento de taxa.