César Augusto

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          Sou o César Augusto, tenho 38 anos e perdi tudo. Eu perdi minhas irmãs. O carinho da minha mulher, o respeito das minhas filhas e eu vou dizer o por quê: foi por erro meu. Foram as drogas mesmo. Minha mulher insistiu foi muito para que eu parasse, mas eu não parei e nem consegui.
Antes eu era um cara trabalhador. Trabalhava com cerâmica. E hoje? Hoje eu tiro aqui meu dinheirinho olhando uns carros… mas não é fácil. Nunca é. Vez ou outra umas mulheres passam correndo, com medo. Como se eu fosse assalta-las, sabe? É triste. Sofro muito esse preconceito.
To na rua há 4 anos já. Moro na rua. Durmo na rua. E aqueles abrigos e reabilitações não dão pra nada não. Os cara querem levar tudo de ti! Dizem que são teus amigos e vão lá e pegam tuas coisas. Prefiro ficar na rua, né não? Os caras te roubam e podem até te matar… não é bom não.
Mas olha, eu uso droga, mas não sou desse tipo aí de ficar roubando pra usar minhas dependências não, sabe? E nem fico nos canto pensando besteira. Porque sei que acima de tudo eu tenho Deus. E ele me guia e sabe o que faz! Eu sempre converso com ele. Eu ando, ando e ando e sei que ele estará comigo.
E sei que vou sair dessa.

#Teresina #TeresinaInvisivel
(10/11/17)

O Teresina Invisível é um projeto social que surgiu em 2014 e teve inspiração do São Paulo Invisível. O projeto foi criado para dar visibilidade às pessoas da faixa de marginalização com a intenção de quebrar o preconceito existente contra elas e para dar-lhes um pouco mais de cor e resistência.

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