A música piauiense está em silêncio. A terra que a viu nascer e que a ouviu cantar em sua voz firme e sem rótulos, se despede de uma de suas maiores artistas: Lena Rios. Aos 75 anos, ela partiu, deixando um vazio nas ondas do rádio, nos palcos e nos corações.
Barradinha, como era conhecida a cantora, jornalista, produtora e radialista Maria do Socorro Siqueira Barradas, faleceu na tarde desta segunda-feira (7), aos 75 anos em decorrência de problemas pulmonares.
Lena foi mais do que cantora. Foi versatilidade. Uma mulher que não se limitava a estilos — do sertanejo ao rock, da MPB à liberdade. Detestava rótulos porque não cabia dentro de uma caixa. Gravou Torquato Neto, Raul Seixas, Nelson Cavaquinho, Jards Macalé… e fez de cada música um manifesto de alma.
Piauiense de Picos, escolheu Teresina para florescer. Desde criança, soube o que queria: a música era seu norte, sua fé e sua linguagem. Deixou marido, deixou tudo, e partiu para o Rio em busca do sonho — que alcançou. Brilhou em São Paulo, no Rio de Janeiro, nas rádios, nas redações, nos discos e na memória coletiva. Uma mulher que fez da voz a sua profissão.
Radialista desde os 13 anos, jornalista afiada desde a juventude, Lena Rios construiu uma carreira de respeito, deixando sua marca em todas as emissoras que passou e nos corações de quem a ouvia. Assinava colunas, apresentava programas, contava histórias — e cantava as suas com a mesma intensidade. O microfone, para Lena, era extensão da alma.
Ela foi muitas em uma só: menina de sonhos grandes, mulher de decisões firmes, artista inquieta, comunicadora nata. Uma inspiração para quem sonha alto e luta com paixão. Uma estrela que não se apaga. Lena é, e sempre será, sinônimo de autenticidade, talento e entrega.
A cantora eclética explorou vários estilos musicais, indo do sertanejo ao rock, afinal a Lena Rios sempre detestou os rótulos. Gravou músicas de Torquato Neto, Raul Seixas, Luiz Melodia, Jards Macalé, Sérgio Cabral, Nelson Cavaquinho, entre outros. Ela passou pelos grupos “Os Brasinhas” e “Os Leões”.
“A música é tudo na minha vida. Eu não saberia viver sem a música”, disse em 2018 numa entrevista à Geléia Total. Hoje, é a música que tenta aprender a viver sem ela. Mas sua voz, sua história e seu legado continuam vivos — ecoando pelas ruas de Teresina, pelos palcos que pisou, pelos corações que tocou.
Vá em paz, Barradinha. O céu hoje tem mais brilho, e nós ficamos com a saudade e o privilégio de termos vivido no tempo da tua voz.