Texto por Ana Candida
O dia 2 de abril comemora a conscientização do autismo, mundialmente. Abre margem para discussões há muito tempo relegadas ao ostracismo: autistas têm direito à vida… E vida em abundância, diria!
No entanto, poucos de nós contemplam as esferas sociais livremente. Geralmente aparecem aqueles autistas com necessidade de suporte mais amena, como é o meu caso. E, ainda assim, carecemos de espaço para que nossas falas pululem livremente.
Nada sobre nós, sem nós!
“Consciência sobre a existência de autistas” deveria ser engendrada por discursos perenes. Autistas estão aí: na sua casa, na sua escola, na sua rua, na sua cidade, comendo ao seu lado, conversando com você de muitas formas… E esperando um olhar cada vez mais ativo, paciente e capaz de perceber as sutilezas das nuances do seu comportamento, dirimindo barreiras sociais e construindo alicerce para melhoria da qualidade de vida.
Preocupa-me, ainda, que as vozes em voga continuem a disseminar ideias demasiadamente capacitistas, que contribuem apenas para relativizar a fala das próprias pessoas autistas ou para multiplicar os focos de exclusão.
A exclusão ganha força quando um autista é “convidado” a não frequentar mais a escola regular, ou quando “olham torto” ao contemplá-lo apresentando stims livremente, ou quando as pessoas se afastam para não ter que conviver no mesmo espaço, quando esvaziam seus discursos (sendo que há várias formas de comunicação) ou quando questionam se/quando seus direitos são exigidos, de fato.
A luta é multicolorida ou multifacetada, certamente, pois apresenta o tom da neurodiversidade. O que vale lembrar é que a humanidade é plural e merece pinceladas certeiras que contornem suas fronteiras como quem constrói pontes interligando almas.