Entre corredores de livros e histórias, a Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco (BCCB) chega aos 30 anos. Nascida em 5 de agosto de 1995, no coração do campus Ministro Petrônio Portella, ela carrega em cada prateleira um pedaço da memória da Universidade Federal do Piauí — e também do próprio Piauí.
Não é pouca coisa: são mais de 119 mil exemplares que atravessam todos os cursos da UFPI, somados a um acervo que guarda, com carinho, a produção literária de autores piauienses. Ali, literatura e ciência se encontram, dividindo espaços de leitura, consulta e convivência, sempre abertos não só à comunidade acadêmica, mas também a qualquer pessoa que deseje mergulhar no universo dos livros.

Mas a história começa antes. Em 1973, quando a Fundação Universidade Federal do Piauí foi criada, os acervos das antigas escolas de Medicina, Odontologia, Filosofia, Direito e Administração se uniram, dando origem à Biblioteca Central. Duas décadas depois, em agosto de 1995, o prédio atual foi inaugurado. Foi também nesse momento que ela ganhou o título de Biblioteca Comunitária, rompendo os muros da universidade e se abrindo para toda a cidade. O nome escolhido foi homenagem ao jornalista e escritor piauiense Carlos Castello Branco, um cronista do Brasil e de sua gente.
Hoje, a BCCB é a maior biblioteca do estado e cumpre uma missão que vai além do saber acadêmico: preserva a memória e a cultura do Piauí. Como lembra o diretor Rigoberto Veloso, é ali que repousa o maior acervo de autores piauienses, um tesouro que serve de fonte para pesquisadores, estudantes e curiosos que desejam conhecer a produção intelectual do estado.
“E a importância dela para a preservação da memória e da cultura do Piauí está no fato de que ela tem o maior acervo físico de autores piauienses. nós temos ali os vários autores do Estado. Serve de fontes de informação e pesquisa também nesse campo da produção literária e também da produção dos cursos de graduação de pós-graduação no âmbito da Universidade Federal”, afirma Rigoberto Veloso




Para Rigoberto Veloso, o futuro da biblioteca também se escreve no digital. Ele lembra que, enquanto um livro físico pode atender a apenas alguns leitores de cada vez, o acervo online rompe barreiras e se multiplica sem limites. “A grande vantagem das fontes digitais é democratizar o conhecimento”, afirma. Revistas acadêmicas, livros, normas da ABNT e bases de dados ficam disponíveis a qualquer hora, de qualquer lugar, permitindo que milhares de pessoas tenham acesso simultâneo. É o poder da tecnologia a serviço da informação, derrubando fronteiras físicas, geográficas e até financeiras.
Guardiãs da Biblioteca Carlos Castello Branco
Na BCCB, não são apenas os livros que contam histórias. São também as pessoas que os organizam, cuidam e os colocam em movimento. Joimara Santos, que há 16 anos caminha entre estantes, não vê a biblioteca apenas como local de trabalho, mas como parte de si. “Tenho muito orgulho do que fazemos aqui. Contribuímos para o desenvolvimento acadêmico, social e cultural não só da UFPI, mas de Teresina e de todo o Piauí”, afirma.

Bibliotecária de referência, Joimara é quem está no contato diário com os estudantes, mediando dúvidas, conectando alunos às fontes de informação e transformando a rotina em um ambiente dinâmico.
“Apesar de muitos pensarem que a biblioteca é parada, é o contrário: sempre há algo novo, sempre cheia de vida.”
Entre os momentos mais marcantes, ela guarda a emoção da reabertura após a pandemia, quando as portas voltaram a se abrir, e a BCCB renasceu junto com sua comunidade.
Ana Cristina Carvalho também carrega a biblioteca no coração. Há 11 anos no espaço, ela vê na BCCB um lugar de democratização da informação e de inclusão social.
“Em um mundo de excesso de informações, ter acesso a materiais revisados e de qualidade é um diferencial. A biblioteca não é só um espaço de consulta, mas de convivência, de formação crítica e de fortalecimento da cidadania”, afirma.
Ela lembra ainda que a biblioteca não é apenas um território de estudo solitário, mas também um espaço de convivência e encontro. Entre capacitações, treinamentos e eventos culturais, a BCCB promove trocas de ideias, aproxima autores de leitores e fomenta reflexões que ultrapassam as salas de aula.

“A biblioteca comunitária é também um espaço de inclusão social, que acolhe diferentes públicos e oferece igualdade de acesso à informação, inclusive para pessoas com deficiência. Ela preserva a memória intelectual e cultural do nosso estado, mas também aponta para o futuro, fortalecendo a cidadania e o crescimento pessoal e coletivo”, ressalta Ana Cristina.
Comemorando três décadas
Para marcar os 30 anos, a biblioteca abriu as portas de sua própria história. Uma exposição fotográfica conta em imagens a trajetória desse espaço que já foi sonho, virou projeto e hoje é patrimônio. E nesta sexta-feira (22), o ponto alto das comemorações: o lançamento de um documentário comemorativo e a revelação da nova logomarca, escolhida em um concurso que envolveu estudantes da UFPI.

De segunda a sexta, das 8h às 20h, a BCCB segue como sempre foi: um lugar onde o tempo passa mais devagar, entre o silêncio das páginas e o sussurro das ideias. Um espaço que, há 30 anos, transforma o Piauí em leitura, memória e futuro.