Fernando Freitas

Fernando Freitas é ator, bailarino, coreógrafo e drag queen é natural de Teresina e está constantemente produzindo. No teatro já montou peças renomadas e premiadas como: “Raimunda Pinto, Sim Senhor!” (1992); “D+ show – Coletivo” (2004); “Harém Conta o Assassinato do Anão do Caralho Grande” (2005); “Chá das Quintas” (2007); “A Casa de Bernarda Alba” (2009); “Macacos Me Mordam! – A Comédia” (2012); “Abrigo São Loucas” (2013); “Um Bico para Velhos Palhaços” (2015) e recentemente “Duplo Molière” (2018). Na dança esteve na fundação do Balé da Cidade, parceria que durou 15 anos, e do grupo de dança da Casa Zabelê, este último atuando como coreógrafo. Fernando Freitas é precursor do movimento Drag Queen no Piauí com a personagem Samantha Menina. Fernando Freitas está na história do teatro piauiense, pioneiro na maioria das atividades artísticas que escolheu, não só experimentou variadas artes como se destacou e tornou-se referência para as novas gerações.

“Arte é experiência de vida, arte me torna muito disciplinado. Ela representa sabedoria.” Fernando Freitas

Nome Completo: Fernando Jorge Freitas

Descrição: Ator, bailarino, coreógrafo e drag queen

Data de Nascimento: 09/02/1972

Local de Nascimento: Teresina-PI

A primeira experiência no palco

O contato com as artes aconteceu por meio da escola, segundo Fernando Freitas. Essas primeiras experiências com a arte, seja como disciplina extracurricular ou nos trabalhos de gincana, foram essenciais para rolar a identificação com o teatro e a dança. Desse período, Fernando relembra que certa vez o grupo do qual fazia parte ficou com a tarefa de representar um umbandista, e coincidentemente um de seus professores tinha assumido a direção do Grupo de Teatro Experimental Universitário – TEU. O então diretor do Grupo TEU convidou o ex-aluno para se unir ao grupo de teatro. Com a trupe ele subiu pela primeira vez no palco com a peça “O médico à força” (1989) que foi apresentada até no Festival Universitário de Santa Catarina. Posteriormente Fernando Freitas ganha seu primeiro prêmio como ator, um dos mais significativos por ter sido o primeiro e a confirmação de que era aquele o caminho que ele deveria seguir.

O harém teatral

Tendo começado a carreira como ator aos 16 anos e desde o início mostrando ser mais que promessa, Fernando Freitas começou a se destacar desde cedo e o talento não passou despercebido. Nesse período ele era um admirador do Grupo Harém de Teatro e assistia aos espetáculos com muito entusiasmo, principalmente pelo grupo ser a grande referência do teatro no Piauí. Fernando conta que jamais se imaginava compondo parte do elenco de “Raimunda Pinto, Sim Senhor!”, a peça foi durante mais de vinte anos o grande destaque na cena teatral e um dia o ator foi convidado para participar do grupo e lá permanece até hoje. O Grupo Harém de Teatro atua no cenário das artes desde 1985 e é um grande colaborador da formação de grande parte dos atores do Piauí, atuando não só no Piauí e no Brasil, como também no cenário internacional. É responsável, desde 2008, pelo Ponto de Cultura denominado “Nos Trilhos do Teatro” desenvolvendo cursos nas áreas técnicas das artes cênicas e no mesmo ano realiza o seu I Festival de Teatro Lusófono (FestLuso) com apresentação de espetáculos do Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. Desde então o Grupo Harém de Teatro vem produzindo o FestLuso. Além disso, o grupo é responsável não só por peças renomadas e premiadas, como pela construção desse diálogo com outras estados e países. “O grupo harém pra mim, é parte corpórea. É parte da minha história”, diz Fernando Freitas.

Dançar é se libertar

Quem vê a beleza dos movimentos dos bailarinos nem imagina o quanto é preciso ralar para conseguir transmitir leveza e graça ou quantos preconceitos e desafios um bailarino tem que enfrentar. Fernando Feitas começou as aulas de dança na Escola Técnica. Nesse período, o artista relata o quão constrangedor era sair da aula da dança e cruzar a escola sob o som de vaias e injúrias, agressões que muitas vezes deixavam de ser verbais e passavam a ser físicas. “Antigamente você tinha que ter muito peito pra poder fazer teatro, fazer dança. Homem principalmente”. Passado esse período escolar, Fernando começou a fazer oficinas de dança primeiro com o professor Costa, depois com o Sidh Ribeiro, que foi um dos fundadores do Balé da Cidade de Teresina. Posteriormente foi fundado o Balé da Cidade de Teresina, em 1993, e o então bailarino se integra ao grupo no qual dançou durante 15 anos aproximadamente. A experiência ajudou a fortalecer o trabalho e se desenvolver artisticamente. Além dos festivais e cursos, o bailarino ensaiava nos três turnos e foi por meio da dança que aprendeu a ter uma disciplina mais rigorosa. Como coreógrafo, Fernando Freitas atuou na Casa Zabelê durante 14 anos, desenvolvendo muitas coreografias que se destacaram. O trabalho de criar não para, Fernando continua guiando novas gerações de bailarinos. “É uma experiência maravilhosa criar obras. Eu sobrevivo com a dança.”

“Eu amo dançar, dançar pra mim é liberdade, eu me liberto.” Fernando Freitas

A mãe das drags no Piauí

A ideia de se travestir começou como uma brincadeira e tudo partiu da proposta do bailarino Lívio Cesar de organizar uma festa em Teresina onde teria uma drag recepcionando os convidados. Foi quando Fernando Freitas recebeu o convite para fazer uma drag e surgiu a Samantha Menina, que já tem aproximadamente vinte anos de existência. A personagem foi se consolidando no cenário e conquistando o público não só na noite Teresinense, mas também em alguns eventos da cidade. Considerada a mãe das drags do Piauí, já foi tema de estudos acadêmicos e é uma grande referência para o movimento Drag Queen. A performance e construção da personagem é motivo de orgulho para Fernando Freitas, que diz ter um grande carinho pela Samantha Menina, além de tratar com seriedade essa personagem.

Ser artista é insistir

Fernando Freitas é um admirador da dança piauiense, chegou a assistir à coreografia intitulada “Fuga”, apresentada pelo Balé Popular, mas dançou essa coreografia mesmo foi com o Balé da Cidade de Teresina. No teatro o artista diz ser apaixonado pela peça “A Casa de Bernarda Alba” (2009) desde a primeira vez que assistiu a ela, em Blumenau-SC, que tem um grande carinho pela obra e é uma das suas maiores realizações. E é claro que, para resistir às adversidades, o artista tem que ter muito jogo de cintura e saber lidar com a escassez de recursos, a falta de valorização do profissional e da obra. Para Fernando Freitas quem quer ingressar nas artes deve se dedicar bastante, são profissões desafiadoras e, apesar das dificuldades, ele conta que é muito feliz fazendo arte e não consegue se ver longe das artes.

Arte é disciplina

A arte é liberdade, mesmo quando há a disciplina. É profissão e experiência de vida, mistura-se tanto com o artista que se torna parte dele, é algo visceral, é vontade de viver e é também sabedoria, segundo Fernando Freitas. O artista tem a sua história misturada à história da arte piauiense, falar do teatro e dança é lembrar da contribuição dada por Fernando, que, mesmo com as adversidades, resiste e insiste em criar. Parar não está nos seus planos, afinal não se pode frear a criatividade. Fernando Freitas sonha um dia voltar aos palcos como dançarino e deseja montar um monólogo. Seja atuando nos bastidores ou nos palcos, sabemos que gerações de artistas tiveram esse artista como referência, foram mais de dez peças e coreografias apresentadas ou montadas nesses mais de vinte anos de carreira. A sua marca não se restringe a números, embora eles já sejam suficientes para mostrar o quanto Fernando Freitas conquistou durante a sua carreira. Um artista que brilha dentro e fora do palco e que conquistou o respeito e o carinho do Piauí.

Contatos

http://facebook.com/fernandofreitas.freitas.3

http://facebook.com/profile.php?id=100011178184669

Fotos

Coreografias

Balé da Cidade de Teresina

– Crispim, a Lenda – 1993.

Direção Coreográfica: Sidh Ribeiro

Direção Cênica e Bailarino: Fernando Freitas.

– Quase Deus – 1996

Direção Coreográfica: Marcelo Evelyn

– E Por Nós o Silêncio – 1997

Direção Coreográfica: Sidh Ribeiro

Direção Cênica e Bailarino: Fernando Freitas.

– Fantasia Nordestina – 2000

Direção Coreográfica: Sidh Ribeiro

Direção Cênica e Bailarino: Fernando Freitas.

– Caravana do Paraíba “Tributo a Roberto Carlos e Luiz Gonzaga” – 2002

Direção Coreográfica: Sidh Ribeiro

Direção Cênica e Bailarino: Fernando Freitas.

– Espaço N@velouca – 2003

Direção Coreográfica: Sidh Ribeiro

Direção Cênica e Bailarino: Fernando Freitas.

– Entre Tantos – 2003

Direção Coreográfica: Roberto Freitas

Direção Cênica e Bailarino: Fernando Freitas.

Casa de Zabelê

– AVS – 2000

Direção e Coreográfica: Fernando Freitas

– Corporeografia – 2002

Direção e Coreográfica: Fernando Freitas

– Na Barra – 2004 (releitura do espetáculo em 2008)

Direção e Coreográfica: Fernando Freitas

Oficinas e Cursos – Dança

– Dança Contemporânea

Seguida de montagem da coreografia do espetáculo “Penitências”

20h/aulas – Ministrante: Ana Cláudia Andrade – CE

Local: Casa da Cultura

Realização: Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves.

– Balé Clássico

9h/aulas – Ministrante: Valéria Matos

Local: São Paulo

Realização: IV Passo de Arte – 1996

– Jazz Moderno Intermediário

Ministrante: Mário Nascimento

Local: São Paulo

Realização: IV Passo de Arte – 1996

– Oficina de Dança e Direção de Arte

Ministrantes: Marcelo Evelin, Cristiana Cavalcante e Fabian Galama

Local: Casa da Cultura de Teresina

Realização: Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves – 1997

– Oficina de Balé Clássico Avançado

20h/aulas – Ministrante:  Luis Fabri

Local: Escola de Dança Helly Batista – 1998

– Oficina de Jazz Avançado

9h/aulas – Ministrante: Roseli Rodrigues

Local: Festival de Joinville – SC – 1998

– Oficina de Contemporâneo

10h/aulas – Ministrante: Adriana Creche

Local: Festival de Joinville – SC – 2005

Peças teatrais

1989 – O Médico à Força – Moliére (Teatro Experimental Universitário – Grupo TEU)

1991 – O Santo e a Porca – Ariano Assuassuna – Direção: Selma Bustamante e Chico Filho (Teatro Experimental Universitário – Grupo TEU)

1992 – A Bicicleta do Condenado – Fernando Arrabal – Direção: Chico Filho (Teatro Experimental Universitário – Grupo TEU)

 – As Criadas – Gean Jenet – Direção: Laurent Mattalia (Teatro Experimental Universitário – Grupo TEU)

– Raimunda Pinto, Sim Senhor! – Francisco Pereira da Silva – Direção: Arimatan Martins (Grupo Harém de Teatro)

1994 – Apesar de Romeu e Julieta – Alejandro Casanova, Oscar Wilder, Isis Baião e Eugène Ionesco – Direção: Chico Filho – recebendo o Prêmio de Melhor Ator no VIII Festival Universitário de Teatro de Blumenau – SC e no XV Festival de Teatro Amador do Nordeste, em Feira da Santana – BA (Teatro Experimental Universitário – Grupo TEU)

1996 – Chapéu de Sebo – Chico Pereira – Direção: Chico Filho

1997 – O Caso do Vestido – poemas de Carlos Drummond de Andrade – o ator assina a direção

2004 – D+ show – Coletivo

2005 – Harém Conta o Assassinato do Anão do Caralho Grande, adaptação da Obra “O Assassinato do Anão Caralho Grande” de Plínio Marcos

2007 – Chá das Quintas – Aldo Leite

2009 – A Casa de Bernarda Alba – Federico Garcia Lorca

2011 – O Pequeno Príncipe – Antoine Saint-Exupéry

2012 – Macacos Me Mordam – A Comédia – Arimatan Martins

– A Lenda do Vale da Lua – João das Neves

2013 – Abrigo São Loucas – Arimatan Martins

Atualmente exerce a função de Tesoureiro do Grupo Harém de Teatro e uma chefia no FestLuso – Festival de Teatro Lusófono.

Outras fontes

http://piauihoje.com/noticias/semana-do-teatro-encerra-com-premiacao-dos-melhores-atores-e-diretores/

 

Última atualização: 15/02/2018

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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4 comentários
  1. Conheci Fernando na escola técnica e neste tempo ele não mostrava apenas ser um execelente ator e dançarino, ele mostrava ser um ser humano incrível, de uma humanidade, humildade e carisma. Guardo em minhas lembranças momentos maravilhosos que pude presenciar. Merece toda a homenagem. Um abraço a este artista marilhoso. Keylla Souza

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