Engenho de letras, José Galas

Cansado de letras cansadas

letras de ofício

quase tão mortas

quanto o fim do dia.

É mais o que engendram

do que o engenho delas

que atrofia.

É como porfia de partilha:

uns a querem morta

outros nua.

De nada adianta copular

com a forma.

O que sobrevive

é de pura teimosia.

E pensar que o tempo passa

entre o dedal e a linha

quase num suspiro.

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