Desumanos Tempos, de Claucio Ciarlini

Quando não mais restar amor nenhum

E o mundo de ódio for estabelecido,

Os anos de escuridão nos farão relembrar

Do tempo em que os valores humanos

Ainda possuíam certa relevância.

 

Quando não mais restar amor nenhum

E o cristianismo radical for a lei,

Os castigos aos diferentes farão lamentar

Toda uma massa que hoje jaz moribunda

Por promessas nascidas da ignorância.

 

Quando não mais restar amor nenhum

E o vil metal for definitivamente adorado

O brilho intenso e cruel, nos fará enxergar

Os milhares de escravos acorrentados

Presos pelo vicio, destinados à subserviência.

 

Quando não mais restar amor nenhum

E a escolha das formas de se apaixonar for restrita

As perseguições aos hereges farão sangrar

Até mesmo aquele que hoje com os olhos condena

Pois também verá dos seus, a queimar por desobediência.

 

Quando não mais restar amor nenhum

E o ensino novamente nos tornar zumbis,

O angustiante som da palmatória fará clamar

Por dias em que o dialogo seja de novo uma opção

Prevalecendo o lúdico e o afeto, ao invés da violência.

 

Quando não mais restar amor nenhum

Que Deus então nos perdoe,

Pelo esquecimento de tudo que um dia ele pregou.

 

Claucio Ciarlini (2018)

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