Amélia Beviláqua, a primeira escritora a se candidatar à ABL

A escritora Amélia Carolina de Freitas Beviláqua é nasceu em 7 de agosto de 1860, em Jerumenha, município do Piauí, mas deixou a terra natal para morar em São Luís (MA) ainda na infância, depois muda-se para Recife e mais adiante para o Rio de Janeiro (local do seu falecimento que se deu no dia 17 de novembro de 1946). Ainda quando era estudante Amélia escreveu para o jornal do colégio contos e poesias, publicou trabalhos em jornais de Recife e na Revista do Brasil de São Paulo, foi redatora da revista Lyro (1902). Ela foi a primeira mulher a se candidatar à Academia Brasileira de Letras, em 1930, e ocupou a cadeira nº 23 da Academia Piauiense de Letras e patrona da cadeira 48 da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno-Ceará. Autora das obras Alcyone (1902), Açucena (192, Jeannete (1923), entre outras.

      

Nome Completo: Amélia Carolina de Freitas Beviláqua

Descrição: Escritora

Data de Nascimento: 7 de agosto de 1860

Data de Falecimento: 17 de novembro de 1946

Local de Nascimento: Jerumenha-PI

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley 

 

A trajetória da escritora

Filha do jurista e político Desembargador José Manuel de Freitas e da D. Teresa Carolina da Silva Freitas, Amélia Beviláqua, que nasceu na fazenda Formosa foi morar em São Luís-MA nos primeiros anos de vida, pois na nova cidade o pai trabalhava como juiz de direito e depois se tornou presidente da província. Em são Luís foi onde Amélia passou parte da infância e onde também começou os seus estudos, além de ser durante esse período que a escritora começa a enveredar pelas letras. Ela colaborou para o jornal da sua escola e chegou a publicar contos e poesias. Posteriormente, Amélia muda-se para Pernambuco onde conclui os seus estudos e lá, em 1889, ela publica alguns trabalhos em jornais de Recife e na Revista do Brasil (1902). Amélia Beviláqua foi uma das fundadoras da revista Lyrio, que era direcionado ao público feminino.

MENDES, Algemira Macedo. Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na História Da Literatura Brasileira: Representação, Imagens e Memórias nos Séculos XIX e XX.

 

Um vasto caminho pelas letras

Amélia Beviláqua casou-se em 1883 com o jurista Clóvis Beviláqua e o casal foi morar em Alcântara, pois o marido assumiu a promotoria pública na cidade. Posteriormente o casal muda-se para Recife, 1884, e nesse período Amélia desenvolve trabalhos na área da literatura. Ela também ajudou a fundar as revistas “Ciências e Letras”, “Literatura e Direito”, além disso ela colaborou, em parceria com Clovis, com o “Almanaque Brasileiro Garnier” (Periódico dirigido pelo escritor João Ribeiro), colaborou também com a Enciclopédia e Dicionário Internacional. Raimundo Menezes escreve que foi por influência do marido e do irmão, João Alfredo de Freitas, que Amélia se apaixonou pelas letras. Ela acompanhava o marido, por isso estava sempre próxima a ele que a chamava de “Miloquinha”. A escritora destacava-se não só pelas leituras como pelo contato com intelectuais da época. Ela foi uma crítica literária, cronista, ensaísta, romancista, poetisa e contista.

As características na escrita

Amélia Beviláqua tinha uma relação forte com os livros e sempre estava comentando as suas leituras, sua paixão era tão forte que ela guardou na biblioteca o primeiro livro lido quando tinha apenas oito anos de idade, “Paulo e Virgínia” do autor Saint-Pierre, além de uma coleção de livros de medicina. Amélia gostava de estudar filosofia e ir à Livraria Garnier só para escutar as falas de Machado de Assis. “Não foram os livros nem os professores, que os tive em número muito escasso, que abriram o caminho da minha intelectualidade, me deu o entendimento de tudo o que era necessário saber, foi a dor […]. Entrei para o colégio aos 7 anos […] não me conformava com o cativeiro… […]. Não tive um dia de ventura na escola […]. Desde esse tempo, nunca mais tive gosto de aprender… […] minhas travessuras eram assombrosas. Atormentava os pássaros, os criados, as flores.” (Trecho do livro “Alma universal”) Amélia Benviláqua escreveu de tudo, explorando vários formatos de escrita, segundo Algemira Macedo, mesmo não tendo publicado livros de poesia seus poemas aparecem em revistas e jornais. Além disso, a escritora deixou trabalhos que se destacam em diversos campos, por exemplo, um trabalho sobre infância intitulado “Instrução e educação da infância”.

Pioneira na luta pelos direitos das mulheres

Amélia Beviláqua foi uma mulher pioneira na luta pelos direitos das mulheres e isso só se confirma com a sua candidatura à uma cadeira na ABL que só foi rejeitada com o argumento de que só permitiam a candidatura de escritores homens. Amélia contribuiu bastante para a Literatura e não recebeu o seu devido valor, tanto que só é possível encontrar suas obras em arquivos, bibliotecas públicas e acervos particulares, segundo Herculano Morais. Na intenção de construir um discurso historiográfico a cerca da literatura os autores publicaram obras como Vultos piauienses e Apontamentos biográficos” (1903) de Clodoaldo Freitas, “História da poesia no Piauí” (1921) de Lucídio Freitas e “Literatura piauiense: Escorço histórico” (1924) de João Pinheiro. Essas obras focaram só em autores já falecidos, com exceção de Mathias Olympio que escreve o livro “Uma piauiense notável” falando sobre a vida e obra da escritora. Contudo, mesmo quando citada em algumas obras falando sobre a literatura piauiense já no século XX, ela teve informações suprimidas ou colocadas erroneamente como no caso dos livros de Monsenhor Chaves “Apontamentos biográficos e outros” (1983); de Herculano Moraes “Visão Histórica da Literatura Piauiense” (1997), de Francisco Miguel de Moura “Literatura do Piauí” e José Adrião Neto “Literatura Piauiense para estudantes” (1999). Além da carreira notável, Amélia Beviláqua é uma inspiração para muitas escritoras e escritores, sendo, inclusive, a patronesse da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB.

Amélia correspondia sempre o afeto recebido. Acompanhava-o em todos os lugares. Era costume seu esperar o esposo na Livraria Francesa, em Recife quando Clóvis ia dar aulas na faculdade. No Rio de Janeiro, repetiuse o hábito: aguardava-o na ante-sala do Ministério das Relações Exteriores, à época em que Beviláqua ocupava o cargo de Consultor Jurídico. (BRANDÃO, Noemia Paes Barreto, Clóvis na intimidade. Rio de Janeiro: Autônoma, 1989. p. 17-36.)

Amélia de Freitas Beviláqua é lembrada, ainda hoje, por pessoas já de certa idade que, com ela conviveram no Rio de Janeiro nas décadas de trinta e quarenta do século XX por apresentar atitudes ´modernistas´ de vanguarda, consideradas até um tanto ou quanto amalucadas. Lembrada como dona de casa excêntrica, onde os animais domésticos disputavam espaços nos sofás e poltronas, onde a banheira servia como ninho para galinhas em choco e onde os pombos e galos voavam por sobre as cabeças dos visitantes; ou como desalinhada e de mau aspecto sob o ponto de vista físico; lembrada ainda como de comportamento avançado sob o ponto de vista moral; muitos esquecem o valor literário que Amélia possuiu. (Miridan Britto Knox Falci)

Vesta vai pelo mesmo caminho e teor, sendo apenas mais reduzida e menos abundante nas informações sociais. O drama psicológico é, porém, mais amplo e mais fundo. O enredo é demasiado singelo, pôde-se dizer que se resume nas senas do violento ciúme que Vesta tinha do marido. Para quem através do livro, além da obra de arte e da natureza do talento do escritor, procura tomar a temperatura da atmosfera social, Vesta não é, como se poderia supor, de todo muda. (Silvio Romero)

Fotos

Livros

Alcyone (1902);

Aspectos (1906);

Instrução e Educação da Infância (1906);

Através da Vida (1906);

Silhouettes (1906);

Literatura e Direito (1907);

Vesta (1908);

Angústia (1913);

Açucena (1921);

Jeannette (1923);

Impressões (1929);

A Academia Brasileira de Letras e Amélia de Freitas Beviláqua (1930);

Flor do Orfanato (1931);

Divagações (1931);

Recordação do dia 7 de Agosto (1933);

Alma Universal (1935).

Fragmentos da obra Alcione

Trecho da revista Lyrio

Texto de Amélia para amanaque

AméliaBenviláqua – Manuscritos inéditos, conferência publicada na revista Literatura e Direito,

Outras fontes

MARIA FIRMINA DOS REIS E AMÉLIA BEVILÁQUA NA HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA: REPRESENTAÇÃO, IMAGENS E MEMÓRIAS NOS SÉCULOS XIX E XX

AMÉLIA BEVILÁQUA QUE ERA MULHER DE VERDADE: A MEMÓRIA CONSTRUÍDA DA ESPOSA DE CLÓVIS BEVILÁQUA.

https://www.conjur.com.br/2020-mar-15/embargos-culturais-amelia-bevilaqua-academia-brasileira-letras

https://cidadeverde.com/fenelonrocha/101587/conheca-a-piauiense-amelia-depois-dela-a-abl-nunca-mais-foi-a-mesma

 

Última atualização: 05/08/2020

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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