Herculano Moraes (1945-2018) era uma celebridade atuante em todo o Estado do Piauí.
Foi crítico literário, cronista, contista, romancista, jornalista, ensaísta e, além de tudo, era um ser humano de boa cepa.
Herculano Moraes nasceu em São Raimundo Nonato, em 1945. Exerceu cargos políticos, bem como vereador por Teresina.
Membro da Academia Piauiense de Letras, com as seguintes obras literárias:
MURMÚRIO AO VENTO;
VOZES SEM ECO; MEUS POEMAS, TEUS; TERRITÓRIO BENDITO; SECA, ENCHENTE, SOLIDÃO;
PREGÃO;
LEGENDAS; OFERENDAS; FRONTEIRA DE LIBERDADE;
NOVA LITERATURA PIAUIENSE;
VISÃO HISTÓRICA DA LITERATURA PIAUIENSE;
Herculano Moraes morreu hoje, 17 de maio de 2018, em Teresina.
Saudades desse amigo de muitos amigos. Gente finíssima. Realmente, lamentável.
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O Rio de Minha Terra
O rio de minha terra é um deus estranho. Ele tem braços, dentes, corpo, coração, muitas vezes homicida, foi ele quem levou o meu irmão. É muito calmo o rio de minha terra. Suas águas são feitas de argila e de mistérios. Nas solidões das noites enluaradas a maldição de Crispim desce sobre as águas encrespadas. O rio de minha terra é um deus estranho. Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole para subir as poucas rampas do seu cais. Foi conhecendo o movimento da cidade, a pobreza residente nas taperas marginais. Pois tão irado e tão potente fez-se o rio que todo um povo se juntou para enfrentá-lo. Mas ele prosseguiu indiferente, carregando no seu dorso bois e gente, até roçados de arroz e de feijão. Na sua obstinada e galopante caminhada, destruiu paredes, casas, barricadas, deixando no percurso mágoa e dor. Depois subiu os degraus da igreja santa e postou-se horas sob os pés do Criador. E desceu devagarinho, até deitar-se novamente no seu leito. Mas toda noite o seu olhar de rio fica boiando sob as luzes da cidade.
Minuta de Diego Mendes Sousa
Poema de Herculano Moraes (1945-2018)
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