Francisco Pellé: a eterna Raimunda Pinto

O ator e produtor, Francisco Antônio Vieira, mais conhecido como Francisco Pellé é natural de Teresina, é formado em Administração e tem especialização em Produção Cultural pela Universidade de Coimbra – Portugal. Começou a sua carreira no teatro em 1982 com o Professor José Campos e já participou dos grupos de teatro Raízes, Grutepe e Grumuchôa no início da sua carreira. Além disso, Pellé é um dos fundadores do Grupo Harém de Teatro em parceria com Arimatan Martins e Airton Martins. Já ganhou diversos prêmios locais e nacionais como melhor ator, por exemplo, no Festival de Teatro de Guaramiranga-CE, Festival de Teatro de São Mateus-ES, Festival de Teatro de Florianópolis e Mostras de Teatro do Piauí. Realizou trabalhos de destaque nacional como “Raimunda Pinto, Sim Senhor!” (1992), “Auto do Lampião no Além” (1996), “Quando as Maquinas Param” (2010), “Abrigo São Loucas” (2013), dentre outros. Foi Presidente do Sindicato dos Artistas, Presidente da Federação de Teatro Amador do Piauí, Diretor do Theatro 4 de Setembro e coordena o Festival de Teatro Lusófono.

Foto: Margareth Leite

“Eu acho muito difícil fazer comédia. Provocar um riso crítico, um riso que consegue despertar alguma coisa.” Francisco Pellé

Nome Completo: Francisco Antônio Vieira

Descrição: Ator e produtor

Data de Nascimento: 23/07/1964

Local de Nascimento: Teresina

Perfil escrito pela Geleia Total
Escrito por:
 Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

O contato inicial com as artes

Francisco Antônio nasceu no bairro Matinha, foi criado brincando no rio, jogando pelada e vivenciando todas as experiências comuns à população ribeirinha. O filho de lavadeira ganhou a alcunha de Pellé devido à semelhança com o jogador. Sua ligação com as artes aconteceu no âmbito escolar, no ensino fundamental, por volta dos doze anos de idade. Foi quando Pellé entrou em contato com Bob Robledes que era seu professor na Escola João Costa (atualmente, a Escola de Teatro Gomes Campos), mas só posteriormente Pellé descobriu que Bob era um dos grandes nomes do teatro, com a sua linha de teatro experimental. O professor chamou Pellé para participar de uma peça na qual ele encenaria uma personagem feminina e que já tinha os traços da comédia. A experiência ficou adormecida até que nos anos oitenta, depois de concluir o ensino médio, o garoto ingressou na antiga Escola Técnica Federal para fazer o curso técnico de Estradas. O contato com o professor Gomes Campos aconteceu na instituição de ensino, pois o teatrólogo coordenava as apresentações artísticas da escola e foi no clube de redação que os dois se conheceram. A escola se tornou sua porta de entrada para o teatro piauiense, pois foi onde a “peste do teatro” tocou o ator, preenchendo-o com a paixão incurável pelo mundo da encenação.

A peste do teatro

Francisco Pellé relembra o momento em que foi convidado pelo professor e teatrólogo Gomes Campos para participar de uma encenação do grupo Formação Teatral, da Escola Técnica Federal do Piauí. O estudante passava pela do auditório, depois de ter feito uma prova, e encontrou Gomes Campos que o chamou para participar da montagem de um espetáculo que seria uma adaptação do livro “Fogo Morto”. A peça carecia de um ator negro para representar um escravo, e o professor perguntou ao Pellé se ele teria interesse em participar da encenação. Pellé aceitou o convite, ele tinha dezesseis anos de idade e a sua curta experiência com a encenação ficara esquecida até aquele momento. Ao subir no auditório, ele conta que foi um momento único, como se tudo tivesse mudado, como se a vida desse um giro. Ele sentiu a tal “peste do teatro” artaudiana, transformando a sua realidade, deixando-o despido diante do poder daquela arte e, assim, deixou-se contaminar pelas artes cênicas de tal forma que a enfermidade artística se transformou em paixão incurável. Gomes Campos gostou da atuação e do empenho de Pellé e chamou o ator para fazer parte do grupo. Nesse mesmo ano, o envolvimento com o teatro fez com que o artista se desligasse dos estudos e reprovasse no curso. Pellé, já desgostoso com o curso de Estradas, avisou que deixaria a escola e, consequentemente, o grupo. Sabendo disso, Gomes Campos ofereceu a mudança para outro curso e, dessa forma, Francisco Pellé escolheu o curso de Administração e permaneceu no grupo de teatro, uma experiência que durou três anos.

As experiências no palco

A primeira vez que Francisco Pellé se apresentou no Theatro 4 de Setembro foi em 23 de setembro de 1983, com a peça “Auto do Lampião no Além”, que seria apresentada para a comemoração do aniversário da escola e tinha a direção de Gomes Campos. “Ali, apesar da imaturidade, é quando eu resolvo pra mim mesmo que eu quero o teatro pra minha vida”, aponta. Pellé comenta sobre a importância do texto “Auto do Lampião no Além” que, em 2018, completa cinquenta anos e marca também a primeira vez que um grupo de teatro se apresentou fora do Piauí, em um festival nacional no Rio de Janeiro, em 1968, apresentação que rendeu ao antigo Grupo Teste os prêmios de melhor ator (para Gomes Campos), melhor espetáculo e melhor texto. Pellé se apresentou na montagem de 1983, representando a personagem “o cão gasolina” que, segundo os críticos da época, foi um dos grandes destaques da peça. Depois da experiência na escola técnica, Pellé participou de outros grupos como Raízes, Grutepe e Grumuchôa. Depois desse período o ator participou da Semana Chico Pereira, em 1985, o evento que marcaria a sua trajetória no teatro.

“Foi um sonho pra mim eu sair lá da periferia de Teresina, lá da Matinha, e pisar num palco tão sagrado como o do Teatro Gil Vicente.” Francisco Pellé

Foto: Margareth Leite

Um harém de teatro

O final do Grupo Teste, que contava com os artistas Gomes Campos, Santana e Silva e Tarcísio Prado, marca o surgimento do Grupo Harém de Teatro. Francisco Pellé relembra que o ator e diretor Tarcísio Prado resolve homenagear o seu amigo Francisco Pereira, que havia falecido. Na ocasião, é escolhida a teatrologia “Raimunda, Raimunda”, de autoria de Francisco Pereira, para ser montada nos palcos e apresentada na Semana Chico Pereira. Da obra, ele selecionou as peças “Raimunda Jovita na Roleta da Vida” e a entregou para o encenador, fotógrafo e cineasta José da Providência; além de “Os Dois Amores de Lampião Antes De Maria Bonita e Só Agora Revelados”, que foi entregue para Arimatan Martins. O recém-formado ator, Arimatan, escolheu Pellé para o elenco da peça.
O elenco era composto por Lorena Campelo, Eleonora Paiva (bailarina e atriz da peça “Itararé, a República dos Desvalidos”), Augusto Neto, Iracema Portela, Socorrinha Viana, entre outros. E também contou com a participação de várias atrizes e bailarinas, pois Arimatan teve a ideia de montar um harém no sertão nordestino e colocar Lampião nesse lugar imagético. Depois de algumas apresentações, o grupo adotou a peça e montaram o Grupo Harém de Teatro, tendo Arimatan Martins, Airton Martins e Francisco Pellé à frente da trupe. “O nome é harém porque o grupo era noventa por cento de meninas bonitas, que faziam as odaliscas”, crava Pellé. A peça permaneceu no grupo por quatro anos. Posteriormente, o grupo uniu o elenco das duas peças do projeto inicial e montaram a peça “Raimunda, Raimunda”, que percorreu os grandes festivais de teatro brasileiro.

“Quando o lampião invade o inferno o cão gasolina chora e eu pegava as cortinas do teatro e ficava chorando e torcendo”, relembra Pellé. Francisco Pellé

Contatos

facebook.com/fpelle3

inatagram.com/vieira_pelle

Fotos

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Vídeo

Espetáculos teatrais

A Farsa do Advogado Pathelin (1987);

Raimunda Pinto, Sim Senhor! (1992);

Auto do Lampião no Além (1996);

Harém Conta o Assassinato do Anão do Caralho Grande (2005);

A Onça e o Bode (2009);

Quando as Maquinas Param (2010);

Macacos Me Mordam (2012);

Abrigo São Loucas (2013);

Um Bico para Velhos Palhaços (2015);

Duplo Molière (2017).

Outras fontes

https://cidadeverde.com/periclesmendel/453/francisco-pelle

http://entrecultura.com.br/2016/12/09/grupo-harem-de-teatro-comemora-31-anos/

https://www.humanasaude.com.br/retrato-3×4-de-uma-pessoa-100×100/francisco-pelle-um-agitador-cultural-pelo-amor-ao-teatro,18864

https://cidadeverde.com/periclesmendel/453/francisco-pelle

http://www.festluso.com/p/grupo-harem.html

https://manekonascimento.blogspot.com/2013/09/pelle-e-harem-no-alem-mar.html

Última atualização: 29/10/2018

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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