Uma característica muito marcante na exposição do artista Alisson Carvalho, A Poética do Corpo No Espaço, são os corpos masculinos apresentados nas telas. Corpos esculpidos em horas e horas em academias que buscam um ideal de uma perfeição quase grega. Analisando de uma forma mais profunda, me vem um questionamento: afinal, o quão real é um corpo colocado numa tela e o quão real é um corpo esculpido a duras penas nas academias?
As obras de Alisson Carvalho, além de debaterem o corpo masculino nu e o seu perfeito (ou seria ideal?) estado, apresentam algo que me chamou atenção assim que entrei na exposição. A expografia foi uma experiência interessante. De um lado, os corpos perfeitos expostos de um lado onde dividiam espaço com obras que pareciam memórias que o tempo tentou destruir, mas não conseguiu. A obra O cânone também é perecível expõe de forma clara essa dualidade entre o perfeito e o inacabado (mais precisamente entre o corpo construído e o corpo destruído). Nesse caso, me refiro a corpo não só ao corpo exposto na obra, mas também ao corpo da obra, a sua materialidade (isso daria uma discussão mais profunda, mas vamos deixar pra um outro dia por motivos de: iria deixar o texto enorme).
Além disso, o artista explora cenários de Teresina em suas obras, criando assim um recorte ainda mais próximo de quem observa suas obras. Pois, por mais que você não sinta representado naqueles corpos, observar esses corpos num cenário conhecido, nos fazem lembrar de alguém que seria facilmente aquela representação artística. E é aqui que as obras do Alisson se tornam tão próximas de nossas realidades.
Trazer uma realidade para dentro da arte é uma necessidade do artista contemporâneo. O corpo é um dos principais objetos de estudo do artista contemporâneo. O debate entre o ideal e o real é um debate que vem sendo estudado desde o início dos tempos e eu acho que nunca será finalizado, e a exposição do Alisson é a prova viva de que esse debate está longe de acabar.
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Gratidão imensa pelas palavras Victor e pelo bate-papo sobre arte. 😀