O homem, de R. Petit

Garboso rei supremo das quimeras,
que vieste, por momentos, como eu vim,
a este orbe, onde por grande que pareças,
um dia hás de ter sempre o mesmo fim
que têm as borboletas, os vampiros,
as lesmas, as serpentes e os abutres.
No entanto,à luz de exemplos tão frisantes,
somente de vaidades, enfim, te nutres.
Se comercias, ninguém mais honesto
no serviço do peso ou da medida.
Tens filho? — Hás de supor que os teus parecem
as almas mais perfeitas desta vida.
Contudo és grande: regulaste o tempo,
mediste a terra, devastaste o espaço.
Tudo tens feito aos rasgos do teu gênio
seguido pela força do teu braço.
E assim te elevas, orgulhosamente.
Do mundo gozas todos os conceitos.
Tudo sabes fazer, mas, por desgraça,
não sabes conhecer os teus defeitos!
Baixa, pois, desce até chegar aos vermes.
Busca o teu nível, sofre e te consola.
Não julgues nunca que és alguma cousa
diante do pobre que te pede esmola.
Humilha-te, portanto, ante os humildes.
Sonda tua alma, purga os teus pecados.
“Os que se humilham neste mundo, no outro
serão pelos feitos exaltados”.

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