Elden Ring: Vivendo num mundo de fantasia

Fonte: From Software/Bandai Namco

Revisão: Joana Tainá

 

Enquanto você lê esse texto, é possível que eu não tenha finalizado Elden Ring. Aliás, essa ideia não passa pela minha cabeça. Existe algo mágico por trás desse jogo, laçando um vínculo sobre o jogador que, como em uma relação amorosa, pede pela eternidade enquanto durar. Existe um vínculo entre mim e o novo lançamento da From Software que me impede de desvencilhar: a maneira orgânica como o mundo se mostra ao jogador; as artes, os sons, as luzes e os momentos criados pela sua união, e um lugar repleto de personagens misteriosos e consequências surpreendentes a cada decisão tomada ao explorar qualquer lugar que seja.

Elden Ring é o mais novo jogo dos desenvolvedores japoneses da empresa From Software, mundialmente conhecida pela franquia de jogos Dark Souls, o clássico do PlayStation 4, Bloodborne e o premiado jogo de 2019, Sekiro: Shadows Dies Twice. Em todos esses citados, o jogador encarna a pele de um ou uma viajante em um mundo fantástico ou às vezes, gótico, repleto de monstros e adversários que, quase sempre, são memoráveis por suas lutas difíceis, pelas músicas que tocam durante luta ou, até mesmo, pelo design dos monstrengos. Entretanto, em todos esses jogos existe uma ideia conflitante: apesar de possuir um design que valorize o seu mundo, esses são jogos lineares. Não permitem o jogador a explorar o mundo de maneira livre. É a mesma estrutura de: conheça um espaço, ganhe experiência, mate um chefão, vá para o próximo espaço. Em Elden Ring, não existe esse conflito.

Talvez, Elden Ring seja o jogo que a From Software sempre quis fazer.

Fonte: From Software/Bandai Namco

Após anos reiterando, retrabalhando e aperfeiçoando as técnicas de game-design, o game da empresa japonesa une as influências geradas por Zelda: Breath of the Wild, em relação a exploração de mundo aberto, e as narrativas fantásticas, de flerte com o horror-cósmico, tão reconhecidas em outras obras da mesma empresa. Ao jogar esse lançamento, rompemos com a firmação de um game-design linear e somos lançados à nossa própria sorte.

A história do jogo tem o mesmo tom fantasioso e o subtexto fragmentado de outros jogos da série Souls, com o diferencial que dessa vez, contamos com a presença do famoso escritor de As Crônicas de Gelo e Fogo, a série de livros de Game of Thrones, George R.R. Martin. A sua presença enriqueceu o mundo de uma maneira nunca antes vista em jogos da série Souls, em uma história sobre as consequências de uma guerra causada por semideuses em busca de um anel que se partiu em pedaços. Por se tratar de um mundo aberto, isso requer um trabalho de construção de mundo bem mais detalhado e Elden Ring vai além das expectativas, elevando a barra de o que é um bom jogo de mundo aberto.

A combinação de um mundo aberto rico e mecanicamente gostoso de se explorar, torna Elden Ring uma experiência definitiva. Para quem gosta das esquisitices e dos traços de fantasia já tão presentes nos jogos Souls e de explorar um mundo responsivo, onde tudo que é mostrado é possível de ser alcançado, temos a experiência de algo que não será superado em muitos e muitos anos.

Fonte: From Software/Bandai Namco

Eu pessoalmente tive experiências que nunca conseguirei esquecer. Viajei por esse mundo repleto de árvores gigantes e douradas, fui marcado pelas descobertas de áreas secretas, um rio subterrâneo com um castelo no céu pendurado de cabeça pra baixo, um cervo celestial que emanava fogo verde de sua boca e o guardião de uma árvore que lançava magias explosivas. Contemplei o céu roxo que acobertava uma academia de magos que foi inundada, me espreitei por uma floresta cujo guardião era um cavaleiro e seu cavalo escondido por um longo e sinuoso lençol negro. Conquistei castelos e fiz uma tartaruga gigante com um sino debaixo de si se abaixar para poder, finalmente, entrar na construção que fica em cima de seu casco. Mesmo com todas essas descrições fantásticas, é capaz de eu não ter feito a metade do que o jogo oferece.

Essa diversidade propõe ao jogador dois modos de se jogar Elden Ring: você pode jogar como um Dark Souls e ir, sem rodeios, buscar as lutas com os chefões principais ou se aventurar pelo mundo e se entregar às múltiplas possibilidades que ele sugere. Entretanto, a alta dificuldade do primeiro chefão principal é como um aviso ao jogador: se você não consegue, tente mais tarde, dê uma volta, busque experiência e retorne mais forte. O problema é querer voltar, depois de perceber que a cada metro do mundo existe um segredo para ser descoberto.

Elden Ring é a materialização da magia ficcional. Ao lermos um romance ou um conto fantástico, todo o universo que desbravamos na leitura fica sob a cúpula da nossa cabeça. Nesse jogo, é como estar dentro da fantasia. Eu não estou pronto pra terminar Elden Ring. Eu não quero acabar com essa fantasia.

Fonte: From Software/Bandai Namco

Jogo disponível em: PS4, PS5, XBOX Series S/X, XBOX One, Computadores.

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