Artistas piauienses homenageiam Julieta Hernández: artista venezuelana vítima de feminicídio no Amazonas

A artista passou pelo Piauí no ano de 2022

Na tarde desta sexta-feira (12), grupos artísticos de Teresina uniram forças para a realização de um ato de amor em homenagem a artista venezuelana, palhaça, bonequeira e cicloviajante, Julieta Ines Hernandez Martinez.

Foto: Paddy Chena

Lembrando que, Julieta foi brutalmente assassinada por um casal enquanto tentava chegar no seu lugar, nos braços de sua família, na Venezuela, o corpo foi localizado enterrado em uma mata na cidade de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas, próximo ao local onde Julieta foi vista pela última vez.

Uma das personagens que a artista interpretava era a miss jujuba, palhaça de rua que encantava a criançada por onde passava com sua bicicleta. No Brasil desde 2015, a artista integrava o grupo de cicloviajantes “Pé Vermei”, também estudou na Eslipa, Escola Livre de Palhaço no Rio de Janeiro. De lá, partiu em viagem até a Venezuela, seu país natal, de bicicleta, mas, não conseguiu chegar.  Pelo caminho, a artista conquistou crianças e adultos, com sua arte, sua vivência e coragem por cada cidade visitada em seu trajeto.

O ator e palhaço Jimmy Charles idealizador do grupo vagão, foi um dos mediadores do ato, o artista, recebeu Julieta em Teresina no ano de 2022 e ressalta que ficou muito triste com a gravidade do crime.

“Fizemos de tudo para acolhe-la bem, ela se apresentou conosco aqui no parque e fez algumas apresentações aqui na cidade, daqui, seguiu sua viagem para Caxias do Maranhão onde foi recebida por outro grupo de artistas, ela era uma artista incrível”, disse.

O movimento em memória a Julieta Hernández, mobilizou artistas do Brasil inteiro, por meio de inúmeros atos, apresentações artísticas, passeatas, gritos por justiça e bicicletadas. Em Teresina, sob uma linda tarde chuvosa, os artistas saíram em cortejo em torno do lago no Parque da Cidadania, no Centro da cidade, onde cantaram, tocaram músicas, fizeram acrobacias, cenas circenses, e muita palhaçaria.

Uma energia de dor, angústia, revolta, juntamente com a alegria de continuar, pairou pelos ares nesta tarde. No final do cortejo, formou-se uma grande roda, bicicletas foram colocadas no centro representando o meio de transporte de Julieta, a intervenção foi seguida por falas, cirandas, números circenses, e um plantio representando a passagem da eterna Miss Jujuba por Teresina que aconteceu em abril de 2022.

Foi possível testemunhar a profunda emoção e a reverência que cada um dos participantes sentia em relação a Julieta é importante também abordar o aspecto social e político presente nessa homenagem. Ao manifestar a violência sofrida por Julieta Hernández, os artistas discursaram sobre temas relevantes, como a segurança pública, a garantia dos direitos das mulheres e a implementação de políticas públicas que visem a segurança da população, especialmente de artistas que estão constantemente expostos a situações de vulnerabilidade.

“Estamos no ponto onde Julieta se apresentou, então não há uma liderança desse movimento, aqui, é um ato com interatividade de grupos teatrais, circenses, artistas independentes e pessoas da comunidade como um todo, é um momento de luto, mas também de luta, avante, nenhuma de nós a menos, nenhuma artista sendo ceifada de sua liberdade, seu direito de ir e vir que a mulher possa trabalhar com arte e com o que ela quiser, Julieta presente hoje e sempre, Julieta!” disse Talita do Monte, atriz e palhaça da Trupe de Mulheres Esperança Garcia.

“Ser palhaça, é primeiro se alegrar pra depois alegrar vocês, ser palhaça, é ser mulher, preta, branca, vermelha, amarela, azul, ser palhaça é ter coragem, é termos afeto pelas pessoas. Recebemos aquela triste notícia, mas precisamos fazer 1 minuto de silêncio para sentirmos essa energia pela forma tão cruel como a Julieta foi tirada desse plano. Julieta Presente!” Disse, Tércia Maria, atriz e palhaça da Trupe de Mulheres Esperança Garcia.

O movimento também representa uma oportunidade para informar e conscientizar a sociedade sobre a violência que assola nosso país, bem como para destacar a importância da arte e da solidariedade em momentos tão delicados. Julieta Hernández merece ser lembrada e respeitada por ter lutado por um mundo melhor, através da sua essência, um lindo sorriso no rosto e sua arte conseguiu encorajar tantas outras artistas a gritar por liberdade. Julieta Hernández, presente hoje e sempre!

 

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  1. Os arautos do ódio e do feminicidio estão por aí apoiados pela mídia burguesa, armados até os dentes e fantasiados de periquito divulgando mentiras e torrando a reputação das pessoas.

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