entre tempestades de fogo
arrebato minha lança ao vento
pêlos bordéis onde encontrei teus cachos
soltos – onde aponta teus seios
à beira, de rio e líquido pútrido
em vida sobre pedras centenárias
és escrava, puta dos versos incrustados
no barro do teu lar
és Vênus em teu castelo de homens
de peixes
e redes apinhadas ao sol
no couro curtido da tua pele
no salitre dos lábios férvidos
não sou mais deste sonho perdido
à memória – sou presente e vivo
encravado em teu umbigo – tenho sede
não de água, posto que animal no cio
mas do teu hálito de coisa bruta
e viva
das tuas ancas
em meu altar de miséria
e poesia
coisa da terra
seca
eu te deserto
e aporto meus versos
em teu ventre