Canto a vênus, Italo Cristiano

                                      entre tempestades de fogo

arrebato minha lança ao vento

pêlos bordéis onde encontrei teus cachos

soltos – onde aponta teus seios

à beira, de rio e líquido pútrido

em vida sobre pedras centenárias

és escrava, puta dos versos incrustados

                                                no barro do teu lar

és Vênus em teu castelo de homens

                                                de peixes

e redes apinhadas ao sol

no couro curtido da tua pele

no salitre dos lábios férvidos

não sou mais deste sonho perdido

à memória – sou presente e vivo

encravado em teu umbigo – tenho sede

não de água, posto que animal no cio

mas do teu hálito de coisa bruta

e viva

das tuas ancas

em meu altar de miséria

e poesia

coisa da terra

seca

eu te deserto

e aporto meus versos

em teu ventre

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