Conheçam Lou no Centro, o mini documentário teresinense criado por artistas talentosas

Em entrevista a Geleia Total, as idealizadoras celebram com alegria o formato final de uma história repleta de significados, sonhos e com um tom de manifestação urbana

Lou no Centro é um mini documentário íntimo sobre a vivência de Lourrane Carolina Silva, uma jovem arquiteta negra recém formada que morava no Centro de Teresina, em um prédio de kitnets que antes era o antigo Hotel São José.

Lourrane Carolina e sua arte própria

Maranhense, nascida em Presidente Dutra, Lourrane Carolina, desde muito cedo demonstrou interesse por arte, e fazia desenhos sobre tudo que acontecia no seu dia a dia, como também dos livrinhos que lia.Gostava de interpretar tudo de uma forma diferente, então sua mãe viu o interesse e deu suporte para que não fosse apenas um hobby, mas sim, uma extensão de quem elaera, por outro lado houve um momento em que parou de fazer uso dessa forma de interpretar as coisas e somente quando veio morar em Teresina foi que o interesse despertou novamente.

Vivia sozinha e boa parte do seu tempo passou indo para a escola e cursinhos, pois morava em um bairro distante, e utilizava do seu tempo dentro do coletivo (ônibus) para desenhar o que via pela janela, e mesmo saindo só rabiscos devido a movimentação de dentro do ônibus, percebeu que seus desenhos não necessariamente precisavam de uma forma totalmente definida.

“Comecei a trabalhar meus desenhos em cada tempo livre que eu tinha, colocando cores e fazendo uma interpretação que definisse o tumulto, e as incertezas que eu abrigava em relação a mim mesma e a cidade, as ruas e ao urbano, pois naquele momento eu já via essas coisas com outros olhos”, afirmou.

Representante de tudo o que vê no seu cotidiano, Lourrane relata que tem muita referência em sua profissão. “Sou arquiteta e a cidade sempre me fascinou, as nuances que cada cidade possui, as histórias que elas guardam através das construções e das pessoas que circulam sobre elas, assim como tudo que vem a se tornar burburinho, ficam presos na minha mente por dia, cada um desses detalhes, e a forma mais prazerosa de descrever estes espaços e acontecimentos são através dos meus desenhos. Em alguns momentos represento eles em sua totalidade, em outros em pequenos fragmentos”, explicou.

Apaixonada pelo contexto urbano, Lourrane afirma ser fascinada pela cidade e por tudo o que diz respeito a ela. “Considero o documentário como uma conversa, e cada diálogo que tive com a Manu, foi aproveitadaesta minha visão interpretativa da cidade como um todo, mas levando em conta o que o centro em específico representava pra mim. Morei boa parte do meu tempo em Teresina no centro, coração da cidade, de onde as artérias pulsam em movimento constante e onde as pessoas se cruzam, onde histórias se encontram, e isso é fascinante, talvez este fascínio me fez levar o curta de forma tão leve e descontraída, pois é simples falar daquilo que te faz palpitar”, afirmou.

Lourrane constrói em si a Estética de Urbanidade como ponto forte, mas ressalta não se limitar a ela. “Gosto de captar momentos e elementos, mas, quando desenho ou pinto algo, busco deixar rastros de mim, de quem sou e do que represento, e dessa forma tento ao máximo não me limitar apenas aos meus fascínios, mas, também contar um pouco de mim”, completou.

Do Mini-Doc

Durante o curta, Lourrane, protagonista, conversa com sua amiga Manu, que lhe faz perguntas sobre a vida no bairro decadente, suas memórias, marcas, medos e risos. Ocurta foi produzido por Emmanuelle Alencar(Manu), que através do registro de cenas do cotidiano, conversas e um processo cocriativo com Lourrane (Lou), busca trazer reflexões sobre o modo de vida urbano, no contexto complexo do bairro Centro, em Teresina.

Lourrane Carolina destaca, que a ideia de fazer o curta surgiu de forma descontraída. Manu e eu estávamos vivendo a pandemia juntas, dividindo espaço e ideias, e assim ela aproveitou para iniciar umas gravações meio que sem pretensão, e depois evoluiu para o mini-doc, começou a elaborar perguntas, acredito que de coisas que se questionava e então montou a obra”, afirmou.

No MiniDoc, Lourrane destaca que seu personagem deixa um diálogo sobre aimportância das vivências e dos lugares, e o que elas contribuíram para sua evolução e personalidade. Como já havia trabalhado em outras obras desenvolvendo a composição de cenário e roteiro, foi no em Lou no Centro, que viveu sua primeira participação como protagonista.

Emmanuelle Alencar (Manu), que através do registro de cenas do cotidiano, conversas e um processo cocriativo com Lourrane (Lou), busca trazer reflexões sobre o modo de vida urbano, no contexto complexo do bairro Centro, em Teresina.

Lourrane Carolina destaca, que a ideia de fazer o curta surgiu de forma descontraída. “Manu e eu estávamos vivendo a pandemia juntas, dividindo espaço e ideias, e assim ela aproveitou para iniciar umas gravações meio que sem pretensão, e depois evoluiu para o mini-doc, começou a elaborar perguntas, acredito que de coisas que se questionava e então montou a obra”, afirmou.

No Mini-Doc, Lourrane destaca que seu personagem deixa um diálogo sobre a importância das vivências e dos lugares, e o que elas contribuíram para sua evolução e personalidade. Como já havia trabalhado em outras obras desenvolvendo a composição de cenário e roteiro, foi no em Lou no Centro, que viveu sua primeira participação como protagonista.

Desafios do Audiovisual local

Emmanuelle Alencar, criadora do minidoc ressalta que já esperava que a repercussão do trabalho fosse tímida, pois ainda está começando a desenvolver produções mais elaboradas com o audiovisual. Na verdade, é algo muito inicial, um experimento, após e a partir do qual espero conseguir me preparar para futuros projetos […] Eu acredito que o registro de diferentes realidades por meio de documentários tem uma capacidadeinformativa e imersiva de sensibilizar, de gerar um aprendizado muito mais integral, e isso é uma potência enorme para transformar o mundo individualista que temos hoje, de tentar despertar a empatia mínima que seja só de você conhecer e entrar um pouco mais no universo, de outra pessoa, de outra realidade”, afirmou.

Após a publicação de Lou no Centro, as artistas afirmam ainda existir umadesvalorização do público e de maiores incentivos educativos voltados às produções audiovisuais no Piauí. Segundo Lourrane, o público que assiste trabalhos locais ainda é muito escasso, pois, uma minoria de pessoas se interessa pela cultura local como um todo, participam ativamente quando tem uma atração de fora, mas não dá tanta importância aos artistas locais.

Em relação ao documentário em si, o engajamento que tivemos foi mais de colegas e amigos do nosso círculo social, não chegou a alcançar um grande público, e isso é espelho do cenário cultural local, afirma Lourrane.

Até por que nós publicamos e divulgamos de maneira muito independente, o curta foi exibido apenas no Festival Piaga que traz outras modalidades artísticas, mas ele ainda não participou ainda de festivais focados em audiovisual”, explicou Emmanuelle.

Lourrane acredita que o público consumidor do documentário em si seria mais diversificado, se o projeto tivesse participação em outros editais e eventos. “Mesmo assim isso não garantiria que ele seria assistido por muito mais pessoas, porquê esse desprezo mencionado pela Lou, é muito da educação que nós temos aqui em Teresina, Piauí, além do mercado, que ainda é bem mal desenvolvido, de fato é muito difícil crescer como artista sem buscar suporte fora do estado. Mas eu realmente acredito que esse cenário está mudando, mas a passos bem lentos”, destacou Emmanuelle.

Lourrane ressalta que sente um certo desprezo em diversos pontos ao realizartrabalhos como este. “Um exemplo claro disso é a quantidade de compradores e colecionadores de arte piauiense, que se restringe ao consumo apenas de artistas já consagrados na capital e nas cidades vizinhas, enquanto novos artistas precisam encontrar outras fontes de renda, além da arte para suprir a falta financeira que encontra na mesma”, afirmou.

Emmanuelle ainda reforça sobre a força de vontade de se criar um trabalho audiovisual quando não se tem um incentivo mais forte por parte dos governantes. “Não temos um curso superior voltado especificamente para produção audiovisual, muitas pessoas aqui começam a trabalhar no ramo estudando por conta própria, uma estrutura organizada e transparente que incentivasse e desse suporte amplamente para esse tipo de atividade ajudaria demais”, destacou.

“Espero que essa experiência sirva de porta de entrada para outras oportunidades visando poder entrar em contato com outras histórias, realidades e desenvolver narrativas em conjunto com mais pessoas, e defender mensagens”, completou Manu.

O Mini Doc Lou no Centro carrega sonhos de duas artistas cheias de atitudes, talento e foicontemplado pelo Prêmio Maria da Inglaterra, através da Lei Aldir Blanc/SECULT PI, que promoveu assistência financeira a artistas devido à pandemia da Covid-19. Contatos (instagram): Emmanuelle de Alencar Araripe – @manuarium LourraneCarolina Silva – @loucarolina

Ficha Técnica

Produção: Emmanuelle Alencar

Fotografia e som: Emmanuelle Alencar

Montagem: Emmanuelle Alencar

Edição de som: Emmanuelle Alencar

Animações: Luis Felipe Sousa

Protagonização: Lourrane Carolina Silva

Participação: Ana Clara Teixeira

Duração: 11:15 minutos

Ano: 2021

 

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