Conheçam o 3° ato de Sinais em Grades, produzidas pelo rapper Preto Tipuá

Foto do 3º ato de Sinais em Grade.

 

Revisão: Auryo Jotha

Com 3 atos lançados dos quais envolvem muito rap, prosa e poesia, o Projeto denominado de Sinais em Grades de Preto Tipuá (@tipua__) se tornou um sucesso entre o público.

O rapper ressalta que o processo de criação tanto do 3º ato quanto do projeto como um todo parte da mesma perspectiva que parte do nome “Sinais em Grades”. “O projeto é uma analogia à simbologia de Sankofa, um pássaro da cultura Adinkra do ocidente da África, que fala sobre retornar, pegar o que é ruim e reformular, pegar o que é bom e manter vivo, manter a tradição viva”.

“Então, todas as músicas partem dessa análise do passado para que a gente possa remontar, apresentar novas perspectivas, apresentar perspectivas que já existiam, que devem se manter vivas (saca?), de corrigir erro pra gente poder melhorar. O processo de criação dos atos vem nesse sentido de catar situações e aplicar Sankofa em cima dessa situação.” Nas grades de portões, janelas etc., podemos encontrar os símbolos de Sankofa esculpidas como uma memória gravada no ferro.

Símbolos Sankofa

Preto Tipuá conta sobre as temáticas trabalhadas nas duas músicas do 3° ato, a primeira chamada de Silêncio abrange um contexto histórico do período da colonização, falando como o corpo africano “que possuía a sua cultura, seus valores, a sua ciência, que possuía tudo, mas que foi tudo reformulado, roubado e bagunçado pelos europeus, então na primeira faixa que é Silêncio eu trabalho com isso”

“O Thiago Elniño (@thiagoelnino) que é uma participação da faixa, vem um pouco mais irreverente na música, mas ainda assim tratando sobre esse assunto e pontuando assuntos mais atuais, trazendo reflexões sobre situações atuais que a gente vive mas em conflito com a colonização, que é algo que dizem que acabou mas continua por aqui”, disse.

A segunda faixa do projeto chamada de Dia de Kilombo conta a participação do Hades (@hadesmc1), um MC de São Luís do Maranhão. “A gente trata sobre do nosso cotidiano, né? Do que a gente já viveu enquanto dois homens negros, eu pouco mais velho do que ele, ele um pouco mais novo, e sobre como a gente enxerga nossas perspectivas de antes, como a gente enxerga nossas dores, como as pessoas enxergam nossas dores e como a gente pode trazer uma reformulação disso para as pessoas, né? Mais uma busca da reflexão de como nos enxergavam pra que passem a nos enxergar agora”.

O projeto foi elaborado entre composições envolvendo os estados do Piauí, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo, o que promove uma troca cultural para a arte piauiense. “Eu acredito que os três atos de Sinais em Grades, trazem um novo contexto pra música e pra arte daqui. Por que muito do Piauí é fomentado pela grande indústria musical da cultura de massa, né? Então, quando a gente – um rapper – que trata sobre assuntos importantes, que trata sobre raça, que trata sobre ancestralidade, que trata sobre valores que tentam maquiar um esquecimento, então, acredito que é de grande riqueza para estado do Piauí. Certo?”

“Assim como alguns teóricos piauienses fazem isso dentro da academia eu tento trazer isso pra dentro da arte. Porque a arte consegue abranger muito mais público do que a academia, então, acredito que o valor desse trabalho para arte e para a cultura piauiense é muito grande. Estudo pra fazer o meu trabalho, estudo muito mais além do que a própria musicalidade, né? Faço leituras, tento fazer a observação cotidiana, escutar pessoas mais velhas e trazer isso tudo dentro da minha obra”, destaca.

“Dentro dos 3 atos que foram lançados eu tenho diversas conexões: Quilombo Louco Beats, com a pessoa do Dj PTK que se ofereceu lá 2019 ou 2018, não lembro bem, pra produzir um EP. Dentro desse processo veio o Lívio Nascimento, que está presente em quase todas as faixas que tem produção da Quilombo Louco Beats, também a gente tem uma amizade muito massa, troca muita ideia sobre música. Um cara com quem eu aprendo muito.”

“O projeto tem participação do Transtorno, que é um grande intérprete da cidade, um grande compositor também, vem na correria da música, tá aí há um tempão, bastante conhecido. Tem participação do Narcoliricista e do Erick Som, a gente tinha um grupo. Trabalhamos juntos normalmente, dentro de faixas colaborativas também, a gente traz isso na faixa ‘Procure por mim na tempestade’; tem participação da Alice Wonder que também é uma grande intérprete da cidade; do Adnon, que é de São Luís, a gente teve na faixa ‘Guerra’, junto também, produção dele. E as duas participações finais que é Thiago Elniño e MC Hades”, pontuou.

Preto Tipuá celebra os parceiros, Thiago Elniño e MC Hades, que colaboraram na produção dos Atos em Grades. “Thiago Elniño é do Rio de Janeiro, um cara que eu admiro muito o trampo, eu me identifico muito com o trabalho dele, pois também traz a questão da ancestralidade, fala dos orixás,  assim como eu falo, é um cara que foca muito na racialidade e como trabalhar e decodificar isso numa forma mais simples, também é um educador social, um cara foda”.

“O MC Hades que é um cara mais novo, um cara que me encantei com o trabalho por conta da riqueza das palavras no texto dele. Gosto de rap com muitas palavras, muita rima, que sintam que o MC se esforce com tudo o que ele tem pra fazer dentro da letra e de uma forma bonita, elegante e sincera. O Hades também é um cara irreverente, foi muito bom trabalhar com todas essas participações”, finalizou.

Produção: Quilombo Louco Beats

Composição: Hades William Badez Trindade

Composição: João Victor Barbosa de Macedo

Quer conhecer mais sobre o Preto Tipuá? Leia outras matérias sobre ele que temos aqui na Geleia. Quer sugerir pautas para a Geleia Total? Manda a sua sugestão para: redacao.geleiatotal@gmail.com

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