carrego entre os dedos os campos secos que atravessaste
eu teria me arranhado em você facilmente
poderia ter corrido
mas fui caindo
e do fundo
coletei do mar o brilho mais difuso
para ornar minhas mãos frias
que deslizaram no vento até te tocar
é teu pedaço aqui?
esse aro que me cerca a pele
lembrando seu nariz a sugar todo ar do meu pescoço
é teu o que não queres mais?
se esse não querer te pertence
ainda é teu tudo que você se desfaz?
um róseo doce cravejado no duro deserto de mim
não tem você aqui
é ilusão pensar que tem
sou eu
o boi e a pérola
a que se desfaz e a desfeita
o mar inteiro e o arranhado dolorido
as mãos no vento buscando os limites de mim
preciso atravessar minha vastidão
para chegar até você
dores madres
pedaços
campos inteiros devastados
para achar essa que sou
uma vívida luz deitada num escuro buraco.
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