O que eu senti quando assisti ao musical Ardor Amor, por Alisson Carvalho

O que eu senti quando assisti ao musical Ardor Amor?

Eu devo ter visto mais de três vezes o musical, não me recordo quantas vezes sofri assistindo ao musical na versão anterior que me causava um mal-estar enorme. Era um sofrimento me deparar com o roteiro estranho, dúbio e cheio de informações que deixava a história principal soterrada pelas histórias secundárias do texto. Não que o roteiro tenha mudado, mas dessa vez consegui sentir mais a presença e protagonismo dos personagens principais.

É impossível não comparar essa “nova” versão, apresentada nessa temporada (dia 18 e 19 de maio de 2019) com a temporada anterior. O salto qualitativo foi absurdo e os meus incômodos – pessoais, diga-se de passagem – foram dirimidos parcialmente.

Engana-se quem pensar que eu odiava o musical, sempre via um espetáculo com potencial enorme se bem dirigido.

Sobre a peça

A história contada no musical narra o amor entre a ex-cortesã Carmen Rosa interpretada por Gislene Daniele e o assassino Jorge (Elton Marks). Tudo se passa no bar de Joana (Bia Magalhães) que vira o centro da trama e recebe inúmeros personagens como o psicopata Edgar (Lucas Coimbra), um frustrado médico bêbado (Caio Cavalcante) e a estrela da noite, a Drag Rita Pavone (Junior Marks). Todos servidos pelo misterioso Barman (Edivan Alves), além de contar com o elenco de destaque composto por:  Alex Dhouglas, Jesus Abreu, Sidarta Camala, Luana Priscila, Renan Pinheiro, Rogério Alves, Leandro Harias, Tay Vanessa e Virna Rodrigues.

Local ⭐️ ⭐️

O Theatro 4 de Setembro, construído em 1894, é um dos cartões postais de Teresina, centro dos grandes eventos culturais conta com quinhentos e sessenta lugares divido em três pisos. O local é confortável e acolhedor, carece de estacionamentos para os usuários, mas tirando esse detalhe é um ótimo local para apreciar eventos artísticos.

A apresentação ⭐️⭐️

O musical me surpreendeu positivamente, com mudanças significativas que criaram o encanto entre o público e a plateia, dessa vez permaneci preso às histórias cantadas, contadas, de forma lírica.

A apresentação foi mais fluida, com pequenos espaços em banco entre as transições das cenas, e manteve uma variação de ritmos que evitou o dispersar da atenção. Alguns momentos pude sentir certa dificuldade dos atores com a performance em cena e manipulação do cenário indicando certa falta de intimidade com a estrutura enorme montada no palco.

Uma das cenas que considerava a mais problemática era a do bêbado Augustus (Caio Cavalcante) contracenando com a Joana (Bia Magalhães) que lembra levemente a guerra entre sexos do musical “Grease”. Contudo na apresentação dessa nova temporada o solo do personagem e  o confronto musical causou mais afeição, mantendo o lado cômico e amenizando a tensão das cenas anteriores.

A atuação ⭐️

Os cantores estão cada dia empenhados na pesquisa do teatro, percebi uma melhora quanto às características das personagens. Os traços e personalidade dos personagens estão mais claros, faltando talvez mais de trabalho de composição de características mais sutis como a corporal, trejeitos ou algo que identifique melhor quem são essas “personas”.

A separação entre atores e cantores ficou menos visível e dessa vez foi possível ver uma unidade maior. Ainda tem trabalho pela frente, mas

Elementos da cena ⭐️

O cenário maleável permite a dinâmica de ambientes na cena, também se bem ensaiado pode mostrar a propriedade dos atores com os objetos, com o espaço, sem grandes atropelos e preocupando-se com todos os detalhes no palco.

O cenário do musical desde o início já atrai os olhares, nós coloca imediatamente no ambiente do bar. Toda a estrutura montada ficou mais lúdica com a iluminação, que só me incomodou em dois momentos: um quando senti agressiva demais e outro quando revelou detalhes da cena final, pois me fez perceber a movimentação dos personagens na última cena.

Os figurinos dessa vez senti mais coerentes, a personagem da Gislene Daniele me passou mais essa inserção na cena e na história, pois agora tem uma afinidade maior com a história. O antigo figurino clássico demais deixava-a deslocada da cena.

A sonoplastia embora tenha sofrido com pequenas falhas no início e em alguns momentos os microfones deixaram de funcionar, não prejudicaram a composição musical dada pelos músicos presentes o tempo inteiro no palco.

Considerações

Consegui sentir a mão da direção mais atuante e dessa vez o musical me agradou. As cenas foram entrelaçadas e estavam mais contínuas, sem pausas e sem deixar o vazio no palco. A melhora é visível e o crescimento do elenco me agradou muito.

Resumo

Atuação: ⭐️

Direção: ⭐️⭐️

Divulgação da peça: ⭐️⭐️

Figurino: ⭐️⭐️

Iluminação: ⭐️

Sonoplastia: ⭐️⭐️

Maquiagem: ⭐️

Cenário: ⭐️⭐️⭐️

Texto: ⭐️

Local: ⭐️⭐️

Estacionamento: ⭐️

Segurança: ⭐️

Nota geral: ⭐️⭐️

 

Ficha Técnica

Autoria: Lucas Coimbra, Mário Araújo, João Paulo Araújo

Coautoria: Bia Magalhães e Tiago Saraiva

Direção Geral: Adalmir Miranda

Direção Musical: Lucas Coimbra

Coreografias: Sidh Ribeiro, Samuel Alvis, Marcio Gomes, Sidarta Camala e Adalmir Miranda.

Preparação Vocal: Leandro Harias, Edivan Alves

Figurino: Bia Magalhães e Stella Simpson

Iluminação: Adalmir Miranda e Gerardo Fonseca

Cenografia: Adalmir Miranda

Fotos: Ana Cândida Carvalho

Elenco:  Alex Dhouglas, Bia Magalhães, Caio Cavalcante, Elton Marks, Gislene Daniele, Lucas Coimbra, Edivan Alves, Junior Marks, Jesus Abreu, Sidarta Camala, Luana Priscila, Renan Pinheiro, Rogério Alves, Leandro Harias, Tay Vanessa e Virna Rodrigues.

Músicos:

Mário Araújo: Guitarra

Igor Medeiros: Violão

João Paulo Araújo: Contrabaixo

Cassio Carvalho: Teclado

Aderson Felizardo: Bateria

Produção: Geleia Total

Realização: Grupo Corpos Teatro Independente

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