Uma breve reflexão sobre a fotografia de rua

Eu tinha uma outra ideia de texto para esta semana, até comentei com o Alisson Carvalho sobre ela. Uma ideia complemente diferente da que irei falar nestas linhas. Mas algo pulsava dentro de mim como se fosse uma necessidade primitiva: eu precisava falar sobre fotografia de rua. 


Muita gente não me conhece, não sabe sobre o trabalho que desenvolvo em Teresina ou se quer ouviu falar sobre fotografia de rua. E é por isso que senti essa necessidade de aproveitar o espaço e falar sobre esse tema. Talvez, fotografar a rua/a cidade seja uma forma de entender quem eu sou como cidadão social e político. É entender que eu sou parte da cidade e a cidade faz parte de mim e, nesse jogo, contemplar também os pedaços que faltam no outro. Hoje, Teresina me completa.


A fotografia registra um momento que, por mais que a gente insista em tentar, nunca vai se repetir. Você nunca mais vai ver a mesma senhora assando milho verde debaixo da ponte JK enquanto o Salve Rainha de Carnaval pulsa atrás dela; você nunca mais vai observar um senhor, vestido como São Francisco, andando pra lá e pra cá, entregando panfletos em um semáforo da avenida Nossa Senhora de Fátima… São momentos únicos que a gente só vai ver uma vez, mas, se alguém fotografar ele, será eternizado, assim como fizeram os impressionistas que eternizaram a luz natural em seus quadros. 


Fotografar na rua (e a rua) é uma forma de guardar um pouco da nossa história, é deixar a correria da vida de lado e observar as coisas se movendo ao seu redor. É permitir que a cidade atravesse a gente. É como parar um pouco e respirar por alguns minutos para depois voltar a mergulhar de novo no caos da vida.


Gostaria de dedicar esse pequeno texto ao fotógrafo Fernando Gonzaga. Obrigado por me mostrar esse mundo e, principalmente, obrigado por mudar minha visão. Sem aquela oficina de fotografia de rua, na Parada de Cinema de 2016, eu ainda estaria deixando a cidade passar por mim sem deixar nenhuma marca.

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