“NÃO PERMITA QUE NINGUÉM TE FAÇA DESAPARECER”: SOBRE A SÉRIE HEARTSTOPPER

(Imagem: Divulgação, Heartstopper, Netflix, 2022)

Este sou eu, no auge dos meus 26 anos de idade, sentado na cama escrevendo sobre como uma série adolescente me deixou extremamente emocionado.

Heartstopper estreou na plataforma de streaming Netflix no dia 22 de abril e, desde que entrou no catálogo da plataforma, vem ganhando muitos admiradores. Ela é aquele tipo de série que deixa seu coração quentinho e te faz querer viver um amor.

No entanto, não é isso que me motiva a vir aqui escrever (panfletar?) sobre ela. Para além das doses de fofura, a adaptação dos quadrinhos homônimos da autora Alice Oseman se faz importante e necessária pela representatividade encontrada no decorrer de sua narrativa.

“Nesta série sobre amadurecimento, os adolescentes Charlie e Nick descobrem que são mais que apenas amigos e precisam lidar com as dificuldades da vida escolar e amorosa”, é o que afirma a sinopse oficial da série, presente na plataforma. A primeira temporada é uma adaptação dos dois primeiros volumes das quatro HQ’s (com um quinto previsto para o início de 2023) e não decepcionou os fãs das obras, uma vez que o que vemos na tela é muito fiel ao conteúdo escrito por Oseman.

(Imagem: Divulgação Editora Seguinte)

A série foge do comum de muitas produções LGBTQIA+ que têm como casal central dois homens gays. Heartstopper traz para o protagonismo um garoto gay (Charlie Spring) e um garoto bissexual (Nick Nelson). No entanto, a representatividade da série não para por ai. O núcleo principal é composto por Elle (uma menina trans), Isaac (um garoto bissexual), Tara e Darcy (um casal de garotas lésbicas). Além desses, há que se falar de Tao, talvez o personagem hétero mais fofo que eu já vi em muito tempo.

(Imagem: Dilvulgação, Heartstopper, Netflix, 2022)

Embora haja momentos de bullying (infelizmente, tão presentes também na realidade de nossas escolas), a série retrata o desenvolvimento de um amor leve, calmo e recíproco, o que é aquilo que muitos de nós procurou e que, principalmente no caso da galera da minha geração e da anterior a ela, nem sempre foi vivido durante os anos em que nos descobríamos sujeitos LGBTQIA+. E esse é um dos motivos que te prendem ao enredo. Afinal, todos nós queremos, em medidas diferentes, alguém que nos tome pela mão e nos leve até um corredor (ou lugar outro qualquer) e nos diga o quanto valemos a pena.

A adaptação entrega, também, algo que foi negado para a maioria de nós enquanto aprendíamos a ser: uma família que te acolhe, que é afeto e com a qual você pode se abrir e ser sem medo, como é o caso de Tori (irmã de Charlie) e de Sarah Nelson (mãe de Nick Nelson).

Sei que podem existir leitores que cheguem ao fim desse texto achando difícil de acreditar numa realidade tão doce como a mostrada na série e nos quadrinhos. No entanto, esse tipo de história é exatamente o que precisamos, especialmente a geração atual de adolescentes. É cada vez mais necessário que existam narrativas de amor juvenil onde identidades diversas sejam afirmadas e reafirmadas com orgulho. É extremamente importante narrar o encontro entre dois garotos, duas garotas, um garoto hétero e uma garota trans, e todas as outras possibilidades, tão leve e simples e sem grandes confusões e sofrimentos quanto deve ser. E é importante, também, que essa realidade transborde as páginas de livros e as telas de séries/filmes para a nossa realidade tão adoecida atualmente.

Nesse contexto, Heartstopper funciona como ponto de libertação, descoberta e entendimento de si para essa nova geração – e também para a galera mais velha. Embora seja uma obra de ficção, um referencial com tamanha representatividade na idade em que o sujeito está se descobrindo com certeza terá um impacto positivo na evolução pessoal de cada um.

Assista ao trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=hTyXVn9t0ig

Ficha técnica:

Direção: Euros Lyn;

Roteiro: Alice Oseman;

Produção: Netflix;

Elenco: Joe Locke, Kit Connor, Sebastian Croft, William Gao;

Duração: 250 minutos (Média de 30 minutos por episódio);

Gênero: Drama, Romance;

Classificação Indicativa: 12 anos;

Origem: Reino Unido;

Distribuição: Netflix.

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  1. Que escrita, linda e leve! Adorei o texto, já quero assistir a série . Que os amores leves invadam nossa vida🥰👏🏻👏🏻

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