E se Cidade Invisível se passasse em Teresina?

No centro da imagem está escrito em uma fonte fina e na cor branca: E se Cidade Invisível se passasse em Teresina? Ao fundo há a foto de um poste de luz, muitas árvores e o céu noturno.

Revisão: Paulo Narley

Quando saiu a notícia de uma série da Netflix sobre “folclore nacional” muita gente ficou curiosa e outras tantas ficaram com um pé atrás. Em Cidade Invisível, várias lendas brasileiras (Saci, Curupira, Boto-cor-de-rosa, Corpo-seco) aparecem vivendo entre as pessoas. Conhecemos uma Iara trabalhando como cantora e encantando as pessoas com a voz; uma Cuca, que, em vez de ser uma bruxa dentro de caverna, é dona de um bar e brinca com os drinks como se fossem poções…

Em 2021, ano de estreia da série, a gente ficou com uma pergunta: Só vai ficar no Rio de Janeiro ou a história daria uma volta pelo Brasil e por suas inúmeras “cidades invisíveis”? A segunda temporada (2023) trouxe uma resposta ao colocar a trama em Belém, mas também gerou outras perguntas: E se numa futura temporada a série se passasse no Nordeste? E se… fosse em Teresina? Quais lendas apareceriam?

Vou partir dessa ideia e pegar as principais lendas do Piauí (não todas, ok?) para especular como estariam se fossem uma personagem de Cidade Invisível.

Cabeça de Cuia

Um pescador – Crispim – vivia com a mãe à beira do rio Poti. Depois de dias sem conseguir pescar nada e sem colocar nada na mesa, só resta uma sopa bem rala de ossos para comer. Faminto, ele é tomado pela fúria e acaba matando a própria mãe com uma pancada na cabeça, mas antes de morrer ela o amaldiçoa a virar um monstro e ficar preso às águas do rio.

Pensando no elemento da sopa na história, o Cabeça de Cuia podia aparecer como o dono de um restaurante ou de um bar localizado bem perto da beira do rio, na coroa no meio do rio Parnaíba ou até como um restaurante flutuante. Jantaria nesse estabelecimento?

Porca do dente de ouro

Uma jovem que adorava escapar de noite para ir aos forrós pela cidade é trancada no quarto por dias. Ela tem uma briga ferrenha com a mãe, e acaba por mordê-la com tanta força que chega a arrancar um pedaço. Ensanguentada, a mãe joga uma praga na filha que se transforma numa porca enorme com um dente de ouro, que é fadada a correr pela cidade de noite, esperando alguém com coragem suficiente para chegar perto e lhe arrancar o tal dente, pondo um fim à maldição.

A Porca do dente de ouro podia trabalhar em alguma joalheria, sendo uma artífice mesmo, criando peças únicas, ou poderia trabalhar com compra e venda de ouro e prata. Seria visualmente fantástico uma mulher com o canino de ouro negociando jóias de maneira incisiva. Se alguém quiser bater boca com ela, vai sair com uma baita mordida.

Quer conhecer mais sobre essa lenda? (aqui)

Pé de garrafa

Uma assombração que atrai pessoas que se perdem na mata imitando a voz de alguém conhecido e gritando por socorro. Quando ela chega perto, é atacada. Uma das descrições do Pé de Garrafa fala que é um homem todo cabeludo, com um olho só e pés que são cascos no formato de garrafas. Em algumas representações, ele tem literalmente garrafas de vidro no lugar dos pés.

Pensar em como poderiam adaptar o Pé de Garrafa, me bateu uma lembrança da infância: ele poderia ser um homem que anda pelos bairros vendendo algodão doce em troca de garrafas. Vocês se lembram? Não sei se ainda passam buzinando por aí, nunca mais passaram na rua de casa.

Quer conhecer mais sobre essa lenda? (aqui)

Num-se-pode

Uma mulher que aparece de noite no centro de Teresina. Às vezes, encontram-na em pé sob a luz de um poste na Praça Saraiva; outras vezes, é vista andando pela área do 25º Batalhão. Na época em que a cidade era iluminada por lampiões, ela pedia um cigarro para os boêmios, então, crescia, crescia… até alcançar o fogo no alto do poste para acender o cigarro enquanto gargalhava, assustando o homem, que fugia na mesma hora.

Deixei a Num-se-pode por último porque não vou ser eu a imaginá-la como uma personagem de Cidade Invisível. Perguntamos no Instagram da Geleia e aqui está um compilado das respostas:

@zdeazul: Num se pode sempre foi uma travesti colocando medo nos homens.

@marialucia_deoliveira19: Uma pombogira.

@marialucia_deoliveira19: pode ser tb uma mãe negra q trabalha catando lixos, no aterro sanitário de Teresina para alimentar-se é alimentar seus filhos.

@lucianafariasdea: A Num se Pode seria uma mulher ativista pelo direito das mulheres que luta conta as injustiças e opressões. Poderia ser uma advogada, professora, juíza e ou delegada.

 

E você? Tem mais alguma ideia de como seriam as lendas daqui se estivessem em Cidade Invisível? Quer Sugerir pautas para a Geleia Total? Manda a sua sugestão para: redacao.geleiatotal@gmail.com

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