Logo à primeira vista, a capa de “Sabor de Piauí” já provoca reações. Em destaque, a iguaria teresinense que virou assunto recorrente nas redes sociais: a bomba. O livro é do professor, jornalista e gastrônomo Carlos Lustosa Filho. Reunindo receitas de pessoas comuns e de cozinheiros profissionais – unidos por um mesmo afeto à cozinha piauiense – a obra celebra a diversidade e riqueza da cultura alimentar local.
A cultura gastronômica do Piauí é rica e diversa, mescla traços comuns a outras regiões do Brasil, mas preserva uma personalidade marcante e uma identidade própria. E essas características estão presentes nos pratos, modos de preparo, sabores e hábitos que se enraizaram no cotidiano das famílias piauienses.
As receitas reunidas foram cuidadosamente escolhidas, não apenas pelo sabor, mas por aquilo que representam. Estão lá a Maria Isabel, a paçoca de carne, o bolo de goma, o cuscuz, a cajuína, a panelada e, claro, a bomba. Pratos que perpassam gerações, atravessam mesas e reúnem histórias de vida. 
O projeto nasceu da continuidade de uma longa jornada de pesquisa que o autor já vinha trilhando desde a graduação em Gastronomia, agora aprofundada no mestrado em Antropologia.
“Então eu já tinha lido algo de autores como Samara Mendes, Matias Matos, Noé Mendes e feito uma pesquisa sobre as comidas tradicionais de Piripiri, minha terra natal. Então, eu já tinha algum conhecimento e contatos por conta do trabalho. Então o livro foi escrito em um mês”, explica Carlos Lustosa.
Durante esse mergulho pelo estado, o autor revela que a pluralidade da cultura alimentar piauiense, que se manifesta de forma distinta entre o norte e o sul.
“Aqui para o norte, por exemplo, o arrumadinho também pode ser chamado de misturinha. No sul do estado ele é mais raro. Em contrapartida, no sul do estado tem o pintado, também chamado de mungunzá salgado, que é uma mistura de milho, feijão e carnes. Que é difícil de encontrar no norte”, afirma Carlos Lustosa.
A obra também destaca os alimentos que marcam presença frequente nas mesas piauienses. Entre os diversos ingredientes e pratos que simbolizam a cultura alimentar do estado, estão a carne de sol, galinha caipira, capote, caprinos, ovinos, carnes bovina e suína, vísceras, peixes e crustáceos (no litoral), além de vegetais como milho e feijão, e os derivados da mandioca, como goma, farinha e puba.
O gastrônomo diz que “Sabor de Piauí” não é apenas uma coletânea culinária, mas também uma forma de valorização da culinária regional.
“A proposta do livro é justamente mostrar que o Piauí é rico e tem uma cultura alimentar linda e variada que precisa e merece ser mais conhecida. Ela tem um potencial enorme pra ser um orgulho, símbolo do estado e também uma grande fonte de lucro, basta ser melhor explorada pelo poder público e privado”, finaliza Carlos Lustosa.
O lançamento oficial do livro aconteceu na última segunda-feira (28), no Instituto Federal do Piauí (IFPI), Campus Teresina Zona Sul, com direito a mesa redonda e partilha de saberes. A publicação está sendo distribuído gratuitamente pelo Governo do Piauí em eventos culturais e turísticos ou pode ser acessado clicando aqui.
Falta o link para acessar o livro.