A Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo lança seu segundo álbum, intitulado Detrás da Serra. Resultado de anos de vivências e aprendizados, o novo trabalho reflete o amadurecimento do grupo, tanto nas composições quanto nas temáticas abordadas. As músicas dialogam com a contemporaneidade, sem abrir mão da valorização dos saberes tradicionais dessa cultura que é patrimônio brasileiro.
O título do álbum vem de uma das faixas autorais, composta por Tauana Queiroz e Léo Mesquita. Segundo Tauana, que também é zabumbeira do grupo, a música representa uma metáfora para esse novo momento da banda. “É uma música que fala sobre o raiar do dia. A gente usou essa analogia pra falar sobre esse novo momento da banda. Um momento de reconfiguração, da gente mostrar também a nossa evolução. Tudo que a gente aprendeu e veio somando nesses quase 10 anos de experiência”, revela.
Com quase uma década de estrada, a Caju Pinga Fogo traz em Detrás da Serra a síntese de sua trajetória. 
“Vivemos experiências diversas: de tocar na rua, de fazer cortejo, de subir em palcos diferentes, de conhecer muita gente. Isso tudo agregou à nossa experiência, aos nossos saberes e à nossa compreensão de cada instrumento”, conta Tauana.
Ela destaca que esse percurso fortaleceu a identidade do grupo e aprofundou sua atuação na música autoral. “Hoje, a gente tem uma compreensão maior do nosso lugar, do nosso papel, da potência da nossa música. Entendemos como ela chega nas pessoas, o que representa — e chega muito nesse lugar do afeto.”
Tauana ressalta ainda o poder de conexão do som do pífano com o público.
“O pífano tem uma sonoridade muito afetiva. Às vezes, as pessoas nem conhecem o instrumento, mas quando ouvem, sentem uma proximidade, uma vontade de participar, de dançar. Isso aproxima as pessoas da banda, e hoje a gente tem a dimensão de como isso é importante também para a cena piauiense.”
Gravado em Petrolina, no Pernambuco, o álbum reúne 10 faixas, sendo seis inéditas. No repertório, o público encontra composições próprias e clássicos do universo do pífano, como toques de bendito, marchas, samba matuto, arrasta-pé e baião cabaçal. As influências vêm de grandes nomes, como a Banda de Pífanos de Caruaru — principal referência sonora do grupo —, além da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, Grupo de Pífanos Santo de Barro, Zabé da Loca, Edmilson do Pífano e da piauiense Maria da Inglaterra.
A produção artística de Detrás da Serra é assinada coletivamente pelos integrantes da banda. A direção executiva ficou a cargo de Isabela Alves (Kariri Produções), o disco conta com música da pifeira piauiense Joane Faustino e de Maguim do Pife, ex integrante e fundador da banda. O projeto presta homenagem ao mestre de samba chula João do Boi, do Recôncavo Baiano, e foi viabilizado com apoio do Sistema de Incentivo Estadual à Cultura (SIEC) e patrocínio do Armazém Paraíba.
Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo
Formada em Teresina, a Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo vem se consolidando como uma das principais representantes da cultura do pífano — a tradicional flauta feita de taboca. Com quase dez anos de trajetória, o grupo já participou de festivais como a Mostra Sesc Cariri de Culturas (CE), o BR-135 (MA) e a Semana Internacional da Música (SP).
Atualmente, a formação conta com Rafaela Gomes (pratos), Tauana Queiroz (zabumba), Javé Montuchô (caixa/tarol), Leo Mesquita (pífano) e Beto Boreno (pífano), este último incorporado após a gravação do novo álbum. Além dos shows e cortejos com dança e brincadeiras, o grupo também realiza oficinas de construção e iniciação musical no pífano, contribuindo para a difusão e preservação dessa importante expressão cultural.
